Capítulo 13 - Corações Partidos

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A luz adentrava pela janela aberta do meu quarto, ao contrario dos outros dias eu não estava deitado em minha cama. Meus olhos se focavam na janela aberta enquanto as folhas das arvores balançavam lentamente com a brisa matinal.

Suspirei.

Eu já deveria estar acostumado com tudo o que acontece comigo, eu sou uma espécie de tragédia cômica onde eu era o ator principal em uma peça mal produzida e bizarra. Não era nada fora do normal e como sempre eu fui arrebatado por minhas tolas emoções.

O amor é um sentimento meramente humano. Não existe amor, é apenas um sentimento idiota para fazer alguns felizes e outros infelizes, e nada de vir co aquele papo de mal amado, mas já percebeu que muitas pessoas morrem sozinhas, claro nem tanto sozinhas porque acabam criando vários gatos.

- Onde o senhor pensa que vai com esse gato? – perguntou meu pai Caleb.

Virei-me e olhei para ele com cara de cachorro sem dono.

- Não me venha com essa cara Guilherme você esta com um gato e faz cara de cachorro abandonado, isso não me parece uma mistura saudável. E pelo amor de Deus ele não é o ultimo cara do mundo para você ir aras de gatos.

- Seu pai tem razão. – fala Joshua adentrando a cozinha com uma sacola de compras nas mãos. – E você sabe que tenho alergia... AAAATCHIM!

- Saúde. – dissemos em coro enquanto riamos do meu pai Joshua.

- Não acho justo. – retorqui – Qual o problema de começar a criar meus gatos que serão meus filhos nos próximos anos ate a minha morte.

- Não seja dramático Guilherme. – olhou Caleb com os olhos estreitos enquanto se sentava em um dos bancos da bancada da cozinha.

Suspirei.

- E o que acham que eu devo fazer?

- Para começo de conversa estudar, você tem prova de calculo amanhã.

Calculo.

- Não tenho. – disse por fim tirando o sorriso do meu rosto e me sentando na pequena mesa de tampo de vidro que ficava perto da janela e da porta da cozinha, olhei por entre os vidros da janela entre aberta.

- Pensei ter visto a anotação no seu caderno.

- Sim. Cancelei a matéria, vou pagar ela no próximo semestre em outra faculdade.

Silencio.

- Esta certo Guilherme, só acho que esta sendo precipitado.

- Deixe-o Joshua.

- Não Caleb, não vou deixar meu filho desse jeito. Já fiz tudo o que você disse que ajudaria e ele aparece com gatos em casa... AAATCHIM!

- Saúde amor – diz Caleb em meio a um sorriso.

Levanto-me e sigo pelo corredor que da acesso a escada.

- Guilherme!? – Joshua me chama.

Dou um longo suspiro e subo as escadas, caminho devagar pelo corredor ate o meu quarto, quando abro a porta o vejo em pé perto a janela que estava aberta e deixava a brisa adentrar no quarto fazendo com que a cortina ondulasse no ar.

- O que você faz aqui? – meus olhos se estreitaram a raiva subiu a minha cabeça ao mesmo tempo que meu coração se acelerava, meu corpo não sabia como reagir. – Como entrou aqui?

- A janela estava aberta e eu sei que se eu batesse na porta você não me receberia ou seu pai me mataria ou as duas coisas.

- As duas coisas. – disse tentando achar o ar dos meus pulmões.

- Por favor, me deixe explicar.

- O que você quer explicar? Tudo ficou claro da ultima vez, e eu não fui claro com você?

- Deixe eu falar a verdade. O que eu sinto aqui dentro. – ele apertou o peito.

- Não sabia que monstros tinham sentimentos. – virei para o corredor.

Eu poderia correr ou ate mesmo gritar pelo meus pais, mas o máximo que fiz foi esconder as lagrimas e seca-las o mais rápido que pude e me virar novamente para ele.

- Eu sei que não quer me ver, você desistiu da minha matéria mesmo sabendo que ela era essencial para o seu próximo ano. Você não sabe o quão é ruim ver o seu lugar vazio.

Ouço seus passos indo em minha direção.

Silencio.

- Você não sabe o que é perder parte do coração...

- E é você que vem me falar de perdas? – meus olhos deixaram as lagrimas rolassem pela minha face – Você é que não sabe o que é ter seu coração quebrado mais de uma vez. Você reclama de uma amor mal sucedido e eu? Quantas pessoas me quebraram em pedaços, quantos cacos eu tive que juntar. Você que não sabe de verdade o que é perder parte de si mesmo. Você não sabe o que eu passei para poder sorrir pros meus pais.

- Eu... Eu...

- Não me venha com gagueira agora Marxos, seja homem e admita a droga dos seus erros. Essa merda não é um romance em que tudo fica bem de uma hora para outra e que eu volto correndo para seus braços. Porque as coisas não funcionam assim. A droga da vida não é uma fabrica de realizar sonhos e os meus já são bem poucos para você vir e pisar neles.

- Me perdoa, por favor...

- Mas que merda Marxos, porque eu devo perdoa-lo?

Silencio.

- Esta vendo você nem ao menos sabe do que esta se desculpando. Eu não sou um brinquedo, não sou como um cão que você bate e ele volta abandando o rabo. Eu estou cansado disso, cansado de ter todos pisando em mim, já não é o bastante a dor que esta me causando?

Cai de joelhos no chão do quarto, as lagrimas começavam a se empoçar no piso de porcelanato, ele se aproximou de mim e sua cabeça encostou na minha.

- Eu sinto muito por não ser o cara que você esperava.

- Eu não esperava nada de você Marxos, nunca esperei. Já havia quebrado muitas vezes meu coração para quebra-lo novamente e mesmo assim aqui estou eu, chorando por sua causa.

- Só preciso que me ouça ate o fim, por favor. Não me julgue ate ouvir tudo, me promete isso.

- Porque eu deveria?

- Porque assim como você me ama eu amo você.

- Amar é uma palavra muito forte.

- Mas é o que sentimos. Vou contar toda a verdade, como tudo realmente aconteceu, como as coisas mudaram drasticamente. Sim. Tudo começou com uma aposta.

Eu sou Gay - Livro I | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora