- Tudo começou no dia em que você me conheceu Gui... – começou ele.
- Ei – Arxos me cutucava enquanto eu apenas me virava na cama. – Não estou com paciência para ser sua baba hoje Marxos, vai se atrasar pro seu... Como você chama aquilo? Ah... emprego.
- Não estou me sentindo bem Arxos vê se não enche.
Ele começou a gargalhar.
- Eu avisei para não comer os frutos do mar no jantar dos Alvarenga, mas você não me ouve. Esta interessado no Caio Alvarenga por acaso? – olhei para Arxos enquanto ele sentava-se na poltrona que ficava próximo a janela.
- Porque esta perguntando isso?
- Por nada, vocês sumiram por umas duas horas... Imagino que andaram se divertindo...
Ele gargalhou.
- Não enche.
- Claro. Esta agindo como um adolescente. Na verdade você sempre agiu assim.
- Pelo menos eu não vou trabalhar no lugar do meu irmão gêmeo fingindo ser ele.
- O que poso fazer – ele sorriu – É divertido. Mas levanta dai hoje é seu primeiro dia no ELITE se esqueceu? Professor de calculo.
- Tenho plena certeza que não vou trabalhar hoje, você poderia quebrar meu galho hoje.
- O que eu ganho?
- Serio que esta falando isso pra mim? Não somos mais crianças Arxos.
- Que seja, mas você me deve uma e vou cobrar.
- Que seja. Será que você pode ir agora.
- Claro, claro. Já estou indo.
ARXOS
Definitivamente não era um problema usurpar o lugar do meu irmão, eu agia como ele e não haveria como levantar suspeitas, mas esta era a primeira vez que eu iria ser professor de calculo. Fizemos os mesmos cursos, as mesmas faculdades e ao contrario dele não sou tão formal.
A rua estava tranquila, os carros iam e viam pela via expressa, o Elite não ficava muito longe do centro da cidade, era uma grande área verde com vários prédios. Estacionei o carro de Marxos na vaga que era destinada a professores. Peguei a maleta dele e sai do carro.
A maleta pendeu um pouco e xinguei mentalmente ele por não ser tão organizado quanto parece, a fivela da maleta parecia estar a ponto de explodir e eu esperava que não explodisse, seria horrível ter vários papeis voando pelo lugar e a dor que seria explicar para Marxos sobre como eu perdi cada precioso documento dele e definitivamente eu não queria ouvir sermão logo hoje.
Eu estava deixando a cidade, iria fazer algo diferente, algo que não iria fazer com meu irmão. Estava de partida para Portugal, faria uma pós graduação em Arquitetura e nada iria me desanimar ou me fazer mudar de ideia.
Eu estava subindo as escadas distraído com as imagens dos vários adolescentes sentados conversando ou se encaminhando para as suas salas quando sinto meu corpo se chocar com alguém.
A mala que estava na minha mão foge os meus dedos e uma chuva de papel começa a cair. Meu corpo vai de encontro ao chão e automaticamente as palavras saem pela minha boca quando vejo o borrão de um garoto no chão ao meu lado.
- Não enxerga por onde anda moleque? – gritei levantando-me do chão.
Meus olhos buscam pela face do desastrado e algo inesperado aconteceu.
- Me desculpe – ele conseguiu dizer enquanto juntava os papeis que podia.
Sua face estava ruborizada, meus olhos ficaram presos aos dele.
- Tudo bem eu vinha distraído. – falei mais calmo enquanto pegava algumas folhas e desviava meus olhos daqueles olhos castanhos.
Ele olhou para mim e disse:
- Você não é um vampiro ne? Tipo Edward e talz?
- O que? - comecei a rir.
Sua face ganhou um tom carmesim e no instante seguinte o vi correndo pelo corredor de um jeito desengonçado. Peguei os papeis que ainda estavam no chão e os coloquei de volta na maleta. Por alguma razão aquele garoto me chamou a atenção e a minha surpresa foi maior ao vê-lo na classe em que eu daria e quando nossos olhos se encontraram eu senti um misto de felicidade e desejo enquanto ele me olhava com aqueles grandes olhos âmbar.
Quando o dia terminou e retornei para casa Marxos estava deitado com Caio do lado ao seu lado.
- Que merda Arxos! – exclamou ele aos sussurros.
- Então essa era a sua doença? – disse em meio aos sorrisos.
- Isso não é da sua conta. Como foi no trabalho?
- Muito bem.
Contei a Marxos tudo o que havia ocorrido naquele dia e ele me ouviu atentamente quando dei ênfase ao garoto chamado Guilherme de sua turma de calculo. Marxos não parecia interessado então eu decidi tomar outra abordagem.
- Essa é a parte que não vai gostar de ouvir. Apostamos que o melhor de nós dois ficaria com você.
Olhei para Marxos, meus dedos já estavam apertando uns aos outros, minha voz estava embargada ouvindo toda aquela historia, que tudo havia sido uma mentira. O ar começava a me faltar, como se meus pulmões estivessem sido rasgados em algum momento.
- Mas as coisas mudaram... Eu amo você e sinto muito por tudo o que eu fiz, mas eu não sei viver sem você.
- Tudo não passou de uma mentira?
- Que acaba aqui! – disse Caleb adentrando o quarto e segurando Marxos pelo pescoço. – Não me importa de onde você veio e quanto dinheiro tenha, eu tenho o dobro seu merda.
Seus punhos se fecharam e acertaram o rosto de Marxos, Caleb não parou enquanto ele não caiu no chão e mesmo depois disso ele continuou socando o rosto ate...
- O que?! – meu pai me olha confuso, seus olhos estão cheio de lagrimas e estas molharam a face e a camisa de Marxos.
Minhas mãos estavam sob o rosto de Marxos e as lagrimas ainda desciam pelo meu rosto.
- Por favor, pai... Para... Você vai mata-lo. – disse em meio aos soluços.
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Eu sou Gay - Livro I | Romance BL
Novela JuvenilEu queria ser original e não começar essa estória de uma forma clichê. Mas sou o típico garoto de 19 anos que estuda na Elite University, ta eu admito isso não é nada típico. Sou bolsista e tenho uma boa aparência, eu acho. Eu sou gay. E é aqui onde...