ABO

53. Deixe-me ir

Nós dois ficamos em silêncio por um bom tempo. Sentar no chão me deixa com mais frio do que já estou e ele deve estar se sentindo da mesma maneira. Ele não está se movendo porque eu não estou me movendo? Estou desperdiçando minutos preciosos assim. Tenho coisas para fazer, ou melhor, uma coisa para fazer, e preciso terminar antes que qualquer um dos outros perceba que fui embora. Se encontrarem meu testamento, virão me procurar. Olho para Seokjin e ele olha para mim com olhos redondos. Quase posso ver meu próprio reflexo quebrado neles. ...Por que ele me olha desse jeito? Tão irritante. Isso faz meu coração doer ainda mais.

"Você está bem?" Eu pergunto. "Ele deu alguns bons golpes em você."

Ele esfrega um pouco o braço, tentando não demonstrar a dor no rosto.

"Provavelmente não são nada mais do que alguns hematomas. E você? Você desmaiou e... ele acertou alguns bons golpes em você também. Seu lábio está sangrando um pouco. Dói? Você está tonto?"

"Estou bem. Não se preocupe com isso."

"Oh, OK..."

Ficamos em silêncio mais uma vez. Não acredito como isso é estranho. Acabei de tentar matar um homem por tocá-lo, mas agora mal consigo olhá-lo nos olhos. Por que tudo tem que ser tão complicado? Eu queria ter desaparecido agora. Acho que estou feliz por tê-lo ajudado com aquele cara, mas como vou deixar tudo passar agora? Achei que ele estava feliz com outra pessoa. Agora que sei que ele não está, fico preocupado com o que ele fará depois que eu realmente for. Caramba.

"Você está usando seu anel", ele aponta com uma voz cuidadosa.

"Sim. Acho que estou... Você também está usando o seu."

"Sim... acho que estou."

Estar com ele aqui de repente é tão estranho. Eu não sei o que fazer. Parte de mim quer me aconchegar em seus braços e chorar por dias a fio, mas sei que não posso fazer isso. Reconectar-me com ele agora é uma má ideia. Não tenho nada para dar a ele. Eu tenho que deixar ir.

Ele finalmente se levanta e me oferece a mão. Eu nem olho para ele antes de me levantar sozinho, trêmulo. Ele recupera a mão com um sorriso desconfortável. Eu limpo a neve das minhas roupas e desta vez ficamos parados em um silêncio constrangedor. Nossa, isso não pode simplesmente parar? Eu quero que tudo isso pare. Meus olhos deslizam em direção à estrada que leva à ponte. Quando estou prestes a dar um passo nessa direção e deixar todos os problemas para trás, ele fala de uma forma mais determinada, efetivamente me impedindo assim mesmo.

"Obrigado por me salvar, JK. Não sei o que teria acontecido sem você. Aparentemente você quase sempre aparece quando eu mais preciso de você. Você não hesita em intervir e me salvar, não importa as circunstâncias. ... Estou realmente grato por você, mesmo que não demonstre tanto quanto deveria."

"Sim, tanto faz. Estou feliz que você esteja bem."

Ouvi-lo me agradecer não me deixa nem um pouco feliz. Preferencialmente, eu não deveria ter que salvá-lo de nenhum alfa em primeiro lugar. Ele me faz parecer uma espécie de herói, quando na verdade não sou. De jeito nenhum. Eu simplesmente fiz o que tinha que fazer. Ele ficará bem aqui se eu for embora? Aparentemente, não importa quais alfas virão atrás dele. Ele é forte... mas quão forte? Mesmo que eu não queira pensar nisso, ele ficará triste quando eu morrer. Se ele não consegue se livrar dos pretendentes agora, então como ele terá forças para lutar contra as pessoas se estiver de luto por mim? Talvez ele simplesmente desistisse e começasse a tomar os supressores novamente. Não quero deixá-lo triste ou colocá-lo nessa situação. Eu realmente não quero. Mas também não quero continuar assim. Se eu simplesmente terminar, não preciso mais pensar nisso. Não será problema meu então. Nada será problema meu e também não serei problema para mais ninguém. Vou até a ponte e-