Prólogo

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(AricYohannes, vampiro do Clã primordial Alasca)

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(AricYohannes, vampiro do Clã primordial Alasca)

* * *

      Aric encarava a enorme labareda em sua frente como se a própria queimasse seus olhos, devido à tamanha intensidade. A brasa se misturava com o ar gelado dos campos escuros onde a congregação se juntou, próximo aos casarões antigos onde residiam temporariamente. A neve pairava iluminada pelo fogo, o que lhe causava uma salva distração da atual cena adiante. As barbaridades que ali ocorriam estavam bem longe dos humanos das grandes cidades, o fazendo lembrar do século onde seu vilarejo pacifico era o que costumava chamar de lar.

      Ele se via julgador de uma pena de morte de um filhote de sua própria espécie. Havia a existência de centenas de crianças vampiros pela região, e tal criação era aceita, desde que os criadores soubessem a controlar. No entanto, em uma cidade no Canadá, um pequeno ser chamou a atenção do Clã Alasca. Uma criança desenfreada atacava para matar sua sede e seus pais haviam perdido o controle da situação.

      Aric tinha noção que seu clã não tomaria o trabalho de reeducá-la por estarem ocupados demais com seus caprichos. O mais fácil seria matá-la. Ele tentou resgatar em sua mente em que momento havia concordado com aquilo, porém, lembrou-se que não o fez, apenas aceitou. Era mais atingível do que tentar fazer os outros membros do Conselho sentirem empatia.

      Não se deu ao menos o trabalho de prestar atenção ao julgamento e execução. Naquele instante o fogo já havia acabado com qualquer última faísca de vida da criança, e o grupo começou a se dispersar.

      – Querido Aric Yohannes – uma voz rouca se fez presente próximo ao seu ouvido, até mais perto do que Aric julgava ser confortável. Olhando pelo canto dos olhos notou uma figura de roupas sombrosas que apoiava o queixo em seu ombro.

      – Diga, Hakon.

      – Atrapalhei alguns de seus pensamentos perturbadores? – Nada foi dito além de seu olhar expressando certa impaciência – Pois bem, achei uma carta curiosa, direcionada a você em específico. Imagino a sorte que tenha sido eu pegá-las antes do Conselho, não é?

      – É tão inimaginável eu ter amigos em outros lugares do mundo, além de você?

      – Você, ter amigos? Acredito que esse status nem mesmo se aplica entre nós dois, meu caro. E, só por curiosidade, quando foi a última vez que visitou Minnesota mesmo?

      Aric engoliu o seco. Era muito sortudo por ser tão inexpressivo na maioria do tempo. Assim que Hakon mostrou a carta, o outro a pegou de imediato sem cordialidade. Fez menção de abri-la naquele exato instante, mas sabendo dos olhos intrometidos e de Hakon a sua espreita, preferiu guardá-la no bolso. Retornou com passos rápidos para debaixo dos tetos aquecidos, iluminados por tochas. Subiu as escadas, evitou conversas com os outros membros passantes e se trancou dentro de seu próprio aposento, acendendo a vela que queimou igual à sua vontade de ler o conteúdo em suas mãos. Abriu aquele pedaço de papel como se algum tesouro o aguardasse.

Os Filhos da Lua: O pacto (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora