Joe Brady

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Gazeta Sport

30 DE DEZEMBRO DE 1993

UM LUTADOR EM ASCENSÃO!

Javier Brady "Bomber" de Los Andes, é daqueles lutadores que está fazendo sucesso no ringue, mas representa até mais fora dele! O mexicano, que depois que conseguiu a dupla nacionalidade e venceu o alemão Ralf Schmidt, se tornou um dos primeiros atletas birraciais a alcançar o status de herói nacional nos Estados Unidos.

Ano passado, Javier Bomber já havia "derrubado" o Estádio Azteca. Ele venceu Blake Miller em uma luta para 126.749 pessoas, um novo recorde de público em um evento de boxe!

O chicano começou no pugilismo com apenas cinco anos, o talento no ringue e a aparência fora dele está o tornando dentre os mais populares do século XX.

* * *

A fama durou pouco para um homem com apenas seus trinta e poucos anos nas costas. Era decente dizer que Javier Brady Bomber apenas não se afundou pela depressão e álcool por conta do único presente que o fez seguir em frente: seu filho Joe Brady. O garoto era quase uma cópia do pai, com exceção de seus olhos de âmbar, idênticos ao da mãe, já falecida.

Ter se mudado de vez para a Cidade de Clearwater pareceu a melhor oportunidade de fugir de toda imprensa. Evitar questionamentos idiotas do tipo: "Senhor Brady, a bengala que lhe acompanha para cima e para baixo é por conta de seu acidente, que lhe causou trinta e três fraturas pelo corpo?" ou "Está triste com o fim da sua carreira e a morte da sua mulher?". Não. Já se considerava velho demais para aturar coisas assim, quando na verdade era apenas seu pavio curto que não aguentava. Clearwater era uma forma de se manter mais próximo de sua falecida amada, já que fora o local onde nasceu.

Pela sorte do astro do pugilismo, seu filho se mostrou atlético desde pequeno, quando imitava os golpes de lutas de seus desenhos favoritos. Com oito anos, achou válido ingressá-lo em uma academia infantil de artes marciais. Dois anos mais tarde, ganhou sua pequena medalha de ouro, mais reluzente e brilhante do que a de prata que ganhou aos doze. Mesma época que seu pai o puniu por não ter sido bom o suficiente. Para suprir tal falha, apostou em treinos mais árduos, estava na hora do garotinho quebrar tábuas de madeiras com um único golpe.

"Você só sai daqui quando essa tábua ou seus ossos quebrarem!", a voz do pai ecoou naquele maldito ginásio.

Uma semana depois da cirurgia causada pela fratura, Javier levou seu filho para um dia de lazer. Era merecido, ele pensou. Foram até o parque de diversões da cidade e enquanto o homem caminhava em seus passos mancos sustentado pela bengala, ele olhou para o filho que se lambuza que sorvete e perguntou:

— Acha que se adaptou aos treinos?

Joe não sabia o que responder. Não conseguia distinguir se era uma forma indireta de perguntar se ainda gostava de boxe. Se ele gostava, não sabia mais. Realmente teve uma época que se empolgava com a ideia de ser um super-herói com habilidades de luta para caçar os vilões, mas agora estas o machucavam.

Porém, as cobranças do dia a dia, carregadas com a esperança de um novo astro brilhar, o faziam confundir a verdadeira realidade com os sonhos narcisistas de um velho. Então ele apenas disse automaticamente:

— Sim. Posso ter outro sorvete?

Curiosamente, no mesmo ano, Joe se forçou a ser ambidestro, já que se deu conta de que aquela não seria sua última fratura.

Aos quatorze anos começava a ingressar em competições maiores, de repercussão estadual. Além do pai, seus avós maternos faziam questão de sempre assistirem as lutas do neto e o garoto adorava aquilo.

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