pretty days | matt sturniolo

53.

Na manhã seguinte, Celine acordou e procurou Matthew ao seu lado na cama, mas estava sozinha. Buscou por uma camiseta dele, jogada ao pé do colchão e vestiu. O céu estava nublado, era possível notar entre as persianas, mas ainda não chovia. Olhou para a tela do celular, haviam mais de cinco mil notificações em seu Instagram.

Caiu com a cabeça no travesseiro outra vez, feliz pelo dia anterior. Sabia que a mãe a encobriria dos discursos do pai, afirmando que havia dormido na casa de Chloe e, assim que possível e percebesse estar sozinha com a filha, perguntaria sobre tudo daquela noite, igualzinho quem descobre uma grande fofoca.

Olhou para o lado, observando na prateleira escura a pelúcia que havia tricotado para o Sturniolo. Sentia-se orgulhosa daquela produção, apesar de já identificar coisas que queria melhorar futuramente.

Lembrou dos olhos do garoto brilhando de empolgação ao descobrir o "projeto ultrassecreto" que ela andava escondendo, como se fosse noite de natal e estivesse abrindo os presentes do Papai Noel.

Na madrugada anterior, pouco antes de serem vencidos pelo sono, Celine acariciava as tatuagens do braço de Matthew, tinha um sorriso nos lábios. Ele não tirava o olhar de cima dela, com aquele encantamento de sempre. Perguntou para ela se aquilo tudo significava que estavam namorando, porque não se via com absolutamente nenhuma outra pessoa.

Ela riu, brincando que queria um pedido oficial em público, em cima de uma roda gigante ou outra coisa cafona do gênero.

Concordavam que aquele acordo mútuo e íntimo bastava, da forma que sempre foi entre eles. Ele perguntou como se dizia "namorada" em português e ficou repetindo a palavra com uma risadinha até dormir.

O transe dela foi tirado do eixo ao ouvir as vozes crescendo cada vez mais no corredor, quase como em uma briga. Abriu os olhos outra vez, quase pegava no sono pena segunda vez naquela manhã.

- Não entendo por que tá tão nervoso, Matt. - Uma voz que parecia a de Chris foi ouvida a poucos passos da porta.

- Porque isso não faz o menor sentido! - A resposta parecia angustiada e brava ao mesmo tempo, claramente era de Matthew.

O estômago de Celine se retorceu, já podia sentir as pernas tremerem quando se levantou, indo em direção a entrada do quarto e saindo para o corredor. A claridade a acertou, Chris e Nick estavam de pijama e pareciam discutir com o irmão, que usava uma calça de moletom cinza e regata.

- Você acordou! - Matt virou-se ao percebe-la. - Acho que hackearam seu Instagram, Lin.

Ela franziu o cenho, confusa. O garoto mostrou aquele post do feed dela, que havia sido marcado. A garota não demonstrou nenhuma reação grandiosa ao olhar a tela do celular.

- Do que tá falando? - Perguntou, ainda sem entender.

- Você postou isso mesmo?! - Ele questionou.

Chris e Nick se entreolharam e depois a observaram, não em reprovação, mas pareciam ter até certa pena através da íris azul. O maior puxou o irmão para dentro da área dos quartos, deixando Matt e Celine a sós.

- Ham, eu acordei cedo e fiquei uma hora sem sono e sabe, ontem foi tão legal, as últimas vezes com você na verdade. - Sua língua embolava enquanto tentava explicar algo que para ela era tão simples. - E eu vi essas fotos na minha galeria, quis postar, porque... gosto muito delas, e de você.

O outro ficou em silêncio, não sorriu, não mostrou desapontamento, nada. Depois de alguns segundos, virou-se em direção a sala, deixando-a ali parada, sem entender a confusão.

Disparou logo atrás então, questionando o que estava acontecendo e por que ele estava tão estranho.

- Você sempre foi discreta sobre tudo. - Ele falou sem muita emoção. - Nunca gostou da exposição.