Prólogo

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- Ae, Doisdê, deixa ninguém passar. - bato no rádio.

" Papo dado, chefe"

Solto o aparelho no chão e aperto as duas mãos na bunda dela, amassando e esfregando-a sobre meu pau, sem desligar aquele nosso olhar, sentindo cada movimento da penetração como uma onda, daquelas do mar, que te da um caldo e afoga. Não há ar nem superfície, mas pairo feliz como uma pena descendo pro fundo, sem protestos.

Colo nossas bocas de novo, e elas se alimentam da outra: um rosnando, o outro, gemendo.

- Eu precisava muito disso... - ela fala resfolegando, entre as pausas do beijo.
Não digo nada, porque esse é meu momento e nada pode interferir na minha onda.

Porra, quero morrer aqui, nesse lugar, desse jeito. Só quero aproveitar o quanto ela permitir.

Se foi a droga e essa onda acabar, ninguém vai me aturar. Não sei porque ela sentiu pena e está me dando essa esmola, mas, se mudar de ideia, quero ter alguma migalha na lembrança pra matar minha fome.

Quando ela geme no meu ouvido, sinto suas contrações e puxo seu cabelo para que voltemos à ligação visual.

- Ta gozando? - pergunto, chapadão, derrentendo.

Ela responde dando outro gemido, caindo com a boca no meu ombro e fechando seus dentes ali, para se aliviar e ninguém ouvir.

Gostosa. Tudo que ela faz é gostoso.

Estremecendo em mim, me pressionando dentro de si, ela quase me leva junto.

Diminuo. Espero. Preciso de mais, só mais um pouco disso e depois... depois sim, eu gozo.

Quando seu corpo fica mole, me vem aquela tara de comer ela de quantos jeitos eu conseguir no momento. Tudo escuro, ninguém vendo... Acho que da.

A coloco ajoelhada na poltrona, suas mãos na parede, e fico em pé atrás, a mão em seu pescoço para ter o domínio que eu queria ter sobre sua vida.

Era isso que ninguém podia me dar.

Era essa boceta, esse cheiro... esse gosto!

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