23 - Pode continuar

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Se eu falar que por mulher nunca soube o que é ter ansiedade ninguém acredita, mas é verdade. Essa é a primeira vez que tenho pressa nesse assunto. Estou ansioso.

Ela chegou. Ela e a Fabiana.

De todas as minas gatas que estão aqui hoje, para mim ela é a mais top. Parece uma Barbie de tão meiga naquele vestidinho estampado. Eu tô daqui de cima da laje, observando ela de um tempo, salivando nas partes descobertas de suas coxas e ombros. Já imaginei várias paradas... Já imaginei minhas mãos em tudo. Que fome!

Ela ainda não me viu; eu, no entanto, não perdi ela de foco um segundo. A não ser quando ela e a Fabiana foram ao banheiro. Ninja e Bazuca estão rastreando cada movimento e foram eles que me informaram pelo rádio. Reforcei a ordem só por garantia: para ela e para a Fabiana nada de drogas.

Quero ela bem consciente, e Fabiana pode ser ma influência nesse sentido.

Ninja mandou buscarem limão e vodka só para fazerem caipirinha pra Lia, que gosta a vera. Ele tinha ordens para procurar saber o que ela tinha preferência em beber. E bebe de verdade. Minha questão com a droga é só o fato de as mulheres baquearem e perderem a linha. O álcool não iria me favorecer em nada pra chegar nela, mas a ela vai ser benéfico na hora de me ouvir. Eu tenho consciência de ser um cara que apavora sujeito homem que se diz criminoso brabão e perigoso, quem dirá ela.

No momento, ainda estou no aguardo, maquinando uma maneira de ficarmos a sós. Por enquanto, tá da hora ficar observando de longe o seu jeitinho carismático e tão diferente de mim, de tratar as pessoas. Sempre sorrindo efusiva pra geral, uma pessoa cativante e refulgente, que chama a atenção de todos.

Ela tem ares de ser alguém espontânea e impulsiva, talvez livre. Tô de cara com essa garota e com o quanto tudo nela me agrada!

Meu celular chama.

Recuso mais uma ligação da chata da Yara. Porra, que saco!

Ela mandou um texto enorme, reclamando da solidão e de eu estar sempre a evitando. Como vou querer falar ou estar perto de alguém que me irrita tanto?

Será que peguei implicância da Yara?

Desligo o aparelho para não ser mais incomodado e bebo o drink sem álcool que o amigo fez para mim. Minha tropa está em peso aqui, na laje da casa do mano. Acaba que ela passou a ser um camarote só pro nosso bonde, para termos mais liberdade.

Dou uma atenção ao Fernando, respondo até, mas não tem jeito... quem me fisgou completamente desde que pisou aqui, foi a Talia. Não consigo me concentrar em mais nada, em papo algum, em mais ninguém.

Olho e vejo que ela bebe pra caralho. Já foram alguns copos. E eu não bebo nada. Um oposto.

Instrui que Dedé — ele era barman antes de entrar pra firma — fizesse a bebida mais fraca para ela, porque também não quero ela muito embrazadona e sem condições de tomar decisões. Ela só precisa estar legal, no clima, destravada pra eu chegar e o papo fluir, ou ela não vai nem dar abertura, se for aquelas dondocas que acham que se disser não pra bandido ele vai meter a arma na cara. Existem bandidos e bandidos. Forçação é coisa de moleque.

Já aceitei que a cada segundo quero mais e mais beijar aquela moreninha. O modo dela se vestir, andar, se comportar, ela é toda patricinha.

Atrai vários olhares quando balança aquele cabelo e aquele corpo sem nenhuma vulgaridade, sem intenção de provocar ou causar inveja em ninguém, mas causando assim mesmo. Provocando assim mesmo.
Tem uns parceiros que chegam pra dar ideia no Ninja ou na Fabi e é questão de tempo para também estarem com os olhos brilhando ao ver aquela novidade perdida por ali.

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