Caçadora.

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Combate, tô pronta pro combate. Eu digo que não quero lutar, mas e se eu quiser? Até porque, a crueldade ganha nos filmes. Então qual o sentido em não ser cruel, se no fim das contas a bondade não dá nenhuma vantagem? Acho que é por isso que eu vejo humanos, mas nunca humanidade.

Caçar ou ser caçado, é questão de sorte. Mas de que importa? Presa ou caçador, o destino é sempre a morte. Figurativa, claro, porque evoluímos e desenvolvemos senso, mas morrer
civilizadamente ainda é morrer, nem que seja por dentro.

Você entende o que eu quero dizer? Eu tenho mil e um rascunhos de discursos que eu quase disse pra você. Me fala, você consegue me entender? Mesmo que consiga, não sinto que dá pra
confiar em você.

Quanto mais fácil as pessoas vem, mais fácil elas vão. Eu pulo do trem, sozinha eu vou. Eu nunca cresci, ainda sou a mesma criança assustada e com comportamento coibitivo, que desconfia. Fazem anos, está ficando repetitivo. Não nada além de angústia em desconfiar de tudo que vê.  Por isso, eu te imploro, me ajude a confiar em você.

Eu já fui a caçadora, matei pra me proteger e não ser machucada. Eu já fui a presa, fui morta por confiar na pessoa errada.

Quem seria o idiota a me deixar?

Mas quem seria o corajoso a ficar?

Lado sombrio, eu procuro pelo meu lado sombrio. Mas e se ele for cada errinho, cada deslize do caminho? E se ele for cada pensamento e anseio? E se estiver bem aqui, na frente do espelho?
Na dúvida, eu machuco meu rosto só pra me punir
E então odeio meu reflexo por anos e anos.

Eu acordo à noite, um céu de negrito, pesadelos me perseguem, vago como um espírito; Meu peito arde em chamas, fumaça invisível.
Entro em pânico, acreditar na minha mente parece impossível. Todos os meus heróis morreram sozinhos, sem ninguém  pra os proteger. Por isso, eu te imploro, me ajude a confiar em você.

Eu já fui a caçadora, “matei” pessoas incríveis pra me proteger, já que não confiava nelas. Eu já fui a presa, fui a pessoa “morta” por desconfiança e aprendi a não confiar em palavras belas.

E perguntam: ‘Quem seria o idiota a te deixar?”

Mas quem seria o corajoso a ficar?

Porque eles não confiam em mim...

Eles não confiam em mim.

Eles não confiam em mim.

Você confia em mim?

Eles não confiam em mim.

Eles não confiam em mim.

Eu não confio em mim.

EU NÂO CONFIO EM MIM!

Nem todos os cavaleiros e homens do rei conseguiram entender meus cacos e cola-los de volta. Nem eu reconheço mais meu rosto estilhaçado e destruído pela minha própria ira, falha e revolta. Minha desconfiança em mim mesma pra decidir em quem confiar se mantém, então eu não confio em ninguém.

E todos meus inimigos foram meus amigos antes de quererem me ver morrer. Por isso, eu te imploro, me ajude a confiar em você.

Eu já fui a caçadora. Eu já fui a presa.

Quem seria o idiota a me deixar?

Mas quem seria o corajoso a ficar?

Quem seria o corajoso a ficar?

Quem seria o corajoso a ficar?

Quem seria o corajoso a ficar?

Você. Acho que você até poderia ficar e tentar me desvendar, mas se nem eu me entendo, não é você que vai entender; Se nem eu me conheço, não é você que vai conhecer.

E mesmo se fosse, você não ficaria, porque, mesmo com minhas súplicas, eu não confio em você.

Combate, tô pronta pro combate.

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