I- Estrela Morta

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Helena, você não pode ser tão forte,
Mal segura uma estrofe, te falta suporte.
Seja mais feminina, é o que muitos dizem, sem razão,
Esconder a raiva, sufoca o coração.

Você não é um ser racional, tampouco pensante.
Dizem que mulheres são seres delirantes,
Dizem ser menos inteligentes e mais errantes,
Na vastidão do conhecimento, somos todos amantes.

Te prometerei uma casa, muitos filhos para cuidar,
Mas quando você perceber, nem na sua vida farei questão de ficar.
É muito trabalho, querida. Eu preciso descansar.
Vá cuidar das crianças, pois já estão a chorar.

É para isso que você serve,
Ainda não conseguiu perceber?
Eu quero mais um filho,
A exaustão vai desaparecer.

Não me olhe com essa cara, Helena. Eu não fiz nada,
Não era com outra mulher que estava conversando pela madrugada,
Talvez, você já esteja velha demais para ser amada.

-Lethycia Machado

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Poesia em homenagem a minha mãe, avó, bisavó e a todas as mulheres da minha família, e de todo o mundo, que perderam as suas verdadeiras essências. Às grandes estrelas que tiveram as suas faíscas ofuscadas, censuradas e trancafiadas. Àquelas que foram compradas por discurssos midiáticos baratos e que caíram no pesadelo do pseudo-príncipe encantado. Àquelas que estão perdidas, sem rumo e sem identidade.



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