Ares de liberdade

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Eu estava no topo de um prédio, alto e antigo, a luz da lua estava em minhas costas e criava uma grande sombra em um prédio menor ao lado, eu usava uma capa preta como a escuridão sua costura era em branco perolado, eu tinha uma arma glock 25 presa em minha perna, uma espada nas minhas costas, eu estava com luvas nas mãos, elas tinham bolas de ferro como se tivesse um soco inglês nas mãos, usava botas e uma calça camuflada em preto e cinza. Eu estava com o pé direito apoiado no parapeito, mas eu não controlava meu corpo, não conseguia falar nem me mexer. Um homem vestido com um capuz preto escondendo o rosto, eu só consegui notar sua barba grisalha, chegou ao meu lado e disse:
-Está vendo aquela criança recém nascida ali na janela?- ele dizia- Ela é de extrema importância para que você continue vivo, enquanto ela estiver viva, você também estará, mas devo avisar-lhe que muitos tentaram matá-la e se ela morrer você morrera...
Um vento forte soprou em minhas costas e eu senti minha boca se mexer e responder:
-Sim, Mestre!
O velho sumiu no nevoeiro enquanto meu corpo se mexia lentamente para frente, até o momento em que se jogou do prédio, em uma das olhadas rápidas que eu dei eu vi Shin no mesmo quarto, mas não consegui ver mais nada.
Acordei sentindo o impacto da queda em minhas costas, mas se foi um sonho como eu poderia estar me sentindo assim? E que sonho maluco foi esse? E sobre o que aquele velho estava falando? Bom deixa pra lá, acordei com o sol batendo em meu rosto e como eu estava acostumado ia me levantar rápido para me trocar, mas quando me virei para levantar lembrei de que eu estava deitado na cama do hospital e Shin estava dormindo no meu braço. Olhei para ela, estava dormindo, fiz o possível para sair da cama sem acordá-la, precisava ir para a escola e depois para a casa de Shin pegar suas coisas. Eu me movia lentamente, passo a passo sem fazer o menor barulho, peguei a espada de meu pai nas costas e fui em direção à porta dando passos largos e com minhas botas na mão, quando encostei na porta escutei uma voz:
-Aonde o senhor pensa que vai sem me dar bom dia e nem meu beijo senhor Rayze!- ela disse com uma casa de brava
-E-E-Eu ia pegar seu café da manhã meu amorzinho- foi a melhor desculpa que inventei
-Aham, e eu não te conheço né baixinho?- só porque era um ano mais velha que eu.
Ela começou a rir e seu sorriso era tão lindo quanto o nascer do sol na janela do hospital. Larguei as botas e me aproximei dela dando um beijo em sua testa, ela me olhou com uma cara de decepção e de repente esticou seus braços e me puxou me dando um beijo e depois com voz irônica disse:
-Bom dia né? Amorzinho- e depois caiu na gargalhada- Hahaha
-Bom dia meu anjo haha
Fiquei um tempo encarando ela enquanto fazia suas macaquices que me faziam rir toda vez. Mas notei depois um pouco de tristeza em seu olhar, e lhe perguntei:
-Por que está triste vida?
-Não estou não meu amor, por que?
-Eu te conheço mala...
-Tudo bem, eu to chateada por não poder ir pra escola com você e mostrar a todos que estamos juntos...
Nessa hora eu fiquei vermelho de vergonha e ela percebeu e começou a dar risada da minha cara pra variar, só que dessa vez eu ri junto com ela e me senti bem. Comecei a arrumar minhas coisas correndo para a escola quando Shin disse:
-Rayzeeee volta aqui menino- disse com cara de brava- esqueceu de uma coisa de novo...
-Esqueci? Minha carteira? Tá aqui, meu celular? Tá aqui, o que eu esqueci Shin?
E me agarrando novamente e me dando um abraço apertado ela disse:
-O meu "eu te amo"
Com um sorriso no rosto ela disse aquilo e eu com toda a felicidade do mundo respondi:
-Eu te amo muito baixinha.
Dando um beijo em sua boca eu me virei para ir para a porta, notei que na minha jaqueta onde Shin havia encostado sua cabeça tinha um pequena gota de água, olhei para Shin e ela estava sentada na cama com as duas pernas esticadas, as mãos apoiadas em seu colo, seus cabelos jogados sobre o ombro direito estavam escuros em uma tonalidade que parecia quase preto, seus olhos refletiam a luz do sol deixando-os mais brilhantes, seu roupão branco estava amassado e o lençol que a cobria estava bem acomodado nos pés da cama. Mandei um último beijo e sai pela porta para ir a escola.
Chegando no piso térreo do hospital um carro grande e comprido estava estacionado na frente ,eu continuei meu caminho com meus fones de ouvido tocando uma de minhas musicas favoritas, o sol brilhava em um tom alaranjado e se misturava com o azul do céu e o branco das nuvens, o meu dia estava perfeito. Estava andando devagar, notei que o carro que estava na frente do hospital me acompanhava, e em certo momento ele parou ao meu lado e do lado esquerdo na parte de trás abriu uma janela mostrando um homem que aparentava ser importante, ele era careca e tinha uma barba, na hora me lembrei do meu sonho, mas o homem não tinha a mesma voz. O homem me disse:
-Eu sei de tudo, tome cuidado ao andar pela rua...
Fechando a janela o carro saiu em alta velocidade cantando pneu e eu só pensava: "que cara louco". Andei mais duas quadras e cheguei na escola, coloquei o capuz, aumentei o som e comecei a andar em direção a minha sala, hoje era dia do uniforme e eu como havia passado a noite no hospital não tive tempo de ir em casa para pegá-lo, mas continuei andando em direção à sala. As pessoas me olhavam e comentavam alguma coisa entre elas, abriam espaço para que eu pudesse passar e todos ficavam em um raio de 2 metros ao meu redor, foi aí que eu cheguei a uma conclusão: era o melhor dia da minha vida! Sentei em uma carteira no fundo da sala, perto da janela e não havia nenhum aluno nas carteiras que me rodeavam, o professor entrou e me olhou com uma cara de quem duvidava de algo. O professor disse que iríamos fazer testes valendo nota e que quem não estivesse presente perderia nota, automaticamente eu levantei a mão e disse que iria responder as perguntas de Shin. O professor me olhou e respondeu:
-Você mal sustenta suas notas, como vai responder perguntas por outras pessoas?- em tom de deboche.
-Bom professor, você mais do que ninguém sabe que eu não preciso de notas, aliás, não precisaria nem estar assistindo sua aula afinal o senhor comete tantos erros em sala que da até vergonha de aprender com você.
-Então já que o senhor não tem respeito algum por mim, você responderá uma série de 20 perguntas e caso você erre 1 única sequer a sala toda perderá ponto entendeu Rayze, ou deveria chamá-lo de doutor?
-Entendido professor ou deveria chamá-lo pelo nome, Mauricio?
A sala toda ficou quieta durante nossa "discussão" alguns alunos tiveram vontade de rir quando eu disse o nome do professor, mas todos tinham muito medo dele. O professor começou a me fazer as perguntas uma a uma, cada pergunta que ele dava eu tinha cerca de dois ou três minutos para resolver. Terminado o tempo o professor fez questão de passar o gabarito na lousa, e como a prova era digital não tinha como mudar os resultados, ao final da correção ele me olhou com uma cara de quem tinha certeza que não tinha respondido uma questão, quando pegou minha prova ele dispensou a sala toda menos eu:
-A prova que você acabou de resolver, foi a prova usada para entrar no curso de generais de combate, eu a fiz e não acertei 40%, enquanto você, um aluno do 2º ano acertou ela toda? Meu parabéns garoto, sua nota e de sua amiga serão aumentadas.
-Obrigado professor, me desculpe por tudo o que eu falei.
-Não tem que pedir desculpas, afinal eu provoquei.
Me levantei e já saindo da sala eu disse:
-Ah professor! A Shin é minha namorada, não amiga.
E fui embora para o intervalo que teve quase o dobro de tempo do normal. Enquanto esperávamos as outras salas irem para o grande salão notei que todos me olhavam, quietos, sem falar nada. Eu continuei na minha e não quis arranjar encrenca, o sinal da escola tocou e todos os alunos que desciam ficavam a minha volta com uma distância de segurança, até que apareceu Brutus.
-Você chama aquilo de luta? Um fracote que sabe apenas imobilizar por pontos de pressão não é um guerreiro. É um inútil- disse querendo me humilhar
O resto dos alunos apenas concordava com o que Brutus falava, ninguém tinha outra opinião, todos eram seguidores de Brutus. Eu me levantei e continuei com o fone de ouvido e com o capuz, mas fui caminhando lentamente em direção ao grande portão. Passando ao lado de Brutus eu disse:
-Um inútil que derrotou o melhor guerreiro da escola, quem é o fracote agora?
Brutus começou a bufar enquanto eu continuava andando lentamente, senti algo estranho se aproximando, e quando me virei a única coisa que eu vi foi o punho de Brutus indo em direção ao meu rosto, o impacto me lançou uns 2 ou 3 metros para trás, cai no chão de costas e não sentia meu rosto, fiquei caído olhando para o teto da escola, Brutus veio ao meu lado e falou:
-Continua um fracote mesmo.
Ele ergue seu pé direito para pisar em meu peito, mas eu o segurei, ele fazia cada vez mais força e para mim estava começando a ficar mais pesada a cada segundo que passava, e eu consegui, como em um último esforço, falar:
-Então vamos lutar de novo... Dessa vez perde quem tiver um membro arrancado...
-Hahaha e ainda quer me desafiar? Tudo bem, uma última luta. Hoje. No treino de combate.
-Combinado...
Eu tinha prometido pra Shin que não ia brigar, mas e agora? O que eu iria fazer? O sinal da escola tocou e iria iniciar o treino de combate, meninos e meninas foram novamente separados em salões diferentes, o professor entrou no salão e Brutus levantou dizendo:
-Eu desafio Rayze para um combate, terminando com a perda de um membro...-ele disse sorrindo
-Você aceita o desafio Rayze?- o professor falou
-Aceito!
-Ótimo os dois para o centro do salao, não haverá cenário, ou seja, não tem lugar para se esconder. Em caso de se sentirem ameaçados ou ficarem com medo soltem sua espada e eu entrarei para protege-lo.
Dizendo isso o professor se afastou um pouco, tirei minha jaqueta e a joguei no banco com meu celular e minha carteira. Fui até o centro do salão e empunhei a espada do meu pai, ela estranhamente não havia se transformado igual da outra vez, mas eu conseguia erguê-la com um braço. Brutus parecia maior e mais forte do que antes, ela estava usando um tênis e uma regata branca e um shorts cinza, sua marreta ficava presa também em suas costas, mas quando ela estava ali ele andava meio torto, como se algo estivesse o ferindo. Nós estávamos em posição de combate, ele segurando sua marreta com as duas mãos e com o pé direito na frente, na teoria isso fazia com que você tivesse maior velocidade de ataque frontal. Eu segurava a espada com meu braço direito, meu pé esquerdo ficava na frente e sobre ele minha mão esquerda, enquanto minha perna esquerda estava mais atrás, meus tronco reto e minha cabeça levemente inclinada para a direita. Eu estava planejando todos os meu movimentos e tentando imaginar uma saída para todos os movimentos do Brutus.
O relógio estava com na contagem regressiva, estava esperando atentamente o zero e o apito de início, um silêncio medonho havia se instalado no salão, eu estava confiante que iria ganhar a luta depois de ontem, o professor me olhava atentamente, os olhos do Brutus estavam com a pupila muito reduzida, ele parecia um zumbi que queria lutar, parecia até que estava sendo controlado. O relógio chegou a zero e eu e Brutus saímos correndo em direção um ao outro, tinha uns 10 metros separando a gente, mas essa distância não pareceu nada pois ambos corriam pro mesmo ponto, eu não sentia a agilidade nem velocidade que eu sentia antes, sentia que meu corpo estava estranho como se tivesse voltado ao que era, mas levemente mais forte e mais ágil. Brutus fez um ataque que passou perto do meu ombro esquerdo enquanto eu fiz um corte no seu peito, mas era apenas um arranhão, ele fazia o possível para ser o mais rápido que conseguisse e esse esforço estava gastando demais seu corpo. Ou eu terminava a luta, ou ele poderia morrer.
Eu estava me mantendo uns dois metros afastado dele para conseguir ter um pouco de tempo para pensar no meu próximo movimento, e em uma das voltas que eu fiz para fugir dele eu vi o professor e me lembrei de uma de suas aulas e de um ensinamento do meu pai: "se você é ágil e está lutando contra um tanque, ache seu ponto fraco, se ele usar um escudo.Arranque-o, se ele usar uma espada de duas mãos, acerte em um de seus músculos de qualquer braço e terá 60% da luta ganha, os outros 40% você escolhe entre matá-lo ou poupar sua vida..."; continuei pouco afastado até que notei um padrão em seu ataque, ele atacava uma vez pelo lado esquerdo, outra vez pelo direito e fazia um corte depois com só uma mão segurando a marreta. Foi nessa hora que notei seu ponto fraco, durante o corte ele abria os dois braços simultaneamente e essa era a hora do meu ataque, esperei o primeiro corte então me aproximei morando em seu braço, mas criei um pequeno corte, só que não daria tempo de me afastar novamente, então usei meu corpo para ataca-lo, uma joelhada em cheio no seu queixo e ele caiu para trás, deitado no chão com sua barriga para cima, notei que suas pupilas estavam voltando ao normal e eu falei:
-Eu não sou um assassino, e aqui é só um treino, não quero ter um inimigo, mas sim um amigo.
-De qualquer jeito, você terá que arrancar meu braço para vencer e eu não poderei mais batalhar.- ele disse
Ergui minha espada e cortei sem dó nenhuma, a ponta de seu dedo mínimo, pois mesmo sendo inutil, isso é um membro do corpo e de qualquer jeito eu ganharia a luta.
-Você é um homem honrado Rayze, conte comigo para o que você precisar-disse me estendendo a mão.
-Obrigado, amigo!
O professor deu a vitória para mim e depois veio conversar comigo:
-É garoto, você é idêntico ao seu pai...
-Posso até ser, mas ainda não tenho certeza, quando eu souber eu te respondo.
Ele esticou a mão para me cumprimentar e eu notei que ele não tinha a ponta de seu dedo também. Mas antes que eu pudesse perguntar ele saiu do salão, era o fim da aula, peguei minha jaqueta, celular e carteira e vi que Shin havia me ligado e mandado várias mensagens. Liguei para ela e disse:
-Oi meu amor, tá tudo bem?
-Meu pai... Ela veio aqui e quis me ver...- disse assustada
-Você deixou ele subir?
-Claro que não, mas algo está estranho amor, vem pra cá, não vai pra minha casa, não agora.
-Amor eu preciso ir, você ainda está sobre a responsabilidade dele e quero resolver isso logo.
-Tudo bem, mas toma muito cuidado, e qualquer coisa sai correndo de lá entendeu?
-Sim vida
-Vou fazer exame agora, eu te amo muito, toma cuidado
-Vou tomar meu anjo, te amo muito também.
Fui em direção a um restaurante perto da escola para poder comer, eram quase três horas da tarde já e eu não comia nada desde que acordei. Sentei em um banco e de relance notei um velho sentado tomando sua sopa, ele estava com um capuz e não conseguia ver seu rosto, só uma barba grisalha que só contornava sua boca. Comi meu prato rápido pois não queria que estivesse escuro quando eu saísse da antiga casa de Shin. Terminei de comer e me levantei, quando olhei pro local onde o velho estava ele havia desaparecido, mas o mais estranho foi que não vi ninguém levantar, mas deixa isso pra lá, tomei o caminho da casa de Shin e sentia como se alguém estivesse me seguindo mas quando eu me virava não via ninguém.
Cheguei na casa de Shin é algo dizia para eu não entrar, mas mesmo assim eu bati na porta e uma moça de uns 29 anos me atendeu, eu disse que ia buscar as coisas de Shin e ela me levou até lá, a casa era antiga, as madeiras do chão estavam todas rachadas, as paredes tinham marcas grandes de sujeira e mofo, o teto tinha rachaduras em direção aos lustres que produziam pouca luz, a casa era abafada e escura, parecia que não havia entrada de ar ou luz, subi as escadas e a cada degrau um rangido alto era produzido. Finalmente cheguei ao quarto de Shin e a moça disse que eu poderia entrar e qualquer coisa era só gritar, a lâmpada acima da porta do quarto de Shin ficava piscando e a moça andava lentamente até o final do corredor, entrei no quarto de Shin, era um quarto como de qualquer adolescente, suas paredes eram rosa e roxo, havia uma cama encostada na parede toda desarrumada, sobre a cama tinha uma prateleira cheia de livros, uma pequena bancada estava com alguns cadernos e anotações, notei na parede alguns desenhos e fotos, algumas fotos eram de mim. Ela tinha uma pequena coleção de câmeras muito antigas, só queria saber como que eu iria colocar todas aquelas coisas no meu pequeno apartamento, mas era melhor do que nada. Bateram na porta e quando me virei vi vários cadeados na porta, ela estava bem arranhada é quebrado na parte debaixo, abri a porta e a moça que havia me atendido me deu algumas sacolas e caixas, usei também duas malas grandes de Shin para guardar todas as suas coisas, tomando muito cuidado com as coisas sensíveis. Novamente bateram na porta e antes que eu pudesse abrir jogaram 3 papéis por debaixo da porta, eram os papéis da emancipação já assinados, terminei as malas e liguei para um vizinho meu que tinha um grande carro, e ele me respondeu que logo estaria na porta.
Comecei a levar todas as coisas para a porta da frente e eram muitas caixas, algumas sacolas e duas malas, e quando subi para retirar uma última caixa notei que em uma das paredes onde o papel de parede estava saindo pela parte esquerda debaixo, tinha um retrato de um bebê desenhado com uma moldura atrás e seu nome escrito: "Matt"; achei aquilo bem estranho, principalmente por ter meu nome e o de Shin muito próximos mas eu iria perguntar a Shin o que era aquilo. Estava aguardando meu vizinho quando a dona da casa veio ao meu lado e disse:
-Cuide bem da Shin, você não sabe do inferno que acabou de tirar ela...- ela disse com a voz meio perturbada.
-Irei cuidar muito bem sim, e desculpe perguntar, mas o que há debaixo do papel de parede do quarto de Shin?
-Ela lhe dirá na hora certa, mas Marcos não pode suspeitar daquilo...- disse entrando na casa
Meu vizinho acabara de chegar e iria me levar até minha casa, estávamos conversando sobre carros e motos quando ele me ofereceu uma moto que tinha guardada sem uso, estava meio velha mas era fácil de trocar as peças e ele iria me ajudar, ele terminou dizendo:
-Agora que você não está sozinho precisa se locomover mais rápido né idiota? Hahaha
-Sim sim, valeu mesmo vai me ajudar muito.
-Não tem que agradecer, você já me ajudou tanto...
Nosso passado era meio turbulento, mas isso não era coisa que eu queria lembrar nesse momento, ele me ajudou a carregar todas as coisas e antes de ir embora me deu as chaves da moto e falou para eu colocar um pouco de gasolina. Mas eu não sabia dirigir! Decidi que iria tentar o máximo possível, ela estava totalmente sem gasolina e fui carregando-a até o posto mais próximo, onde o cara falou:
-Amo essa moto, ela é totalmente automática, o freio de trás está meio gasto mas isso resolve, para andar legal é só apertar esse botão.
Agradeci pelo conselho e fui em direção ao hospital, tomando cuidado para não cair, cheguei ao hospital já tarde da noite, Shin estava dormindo, me acomodei na cama ao lado e ouvi uma voz cansada dizendo:
-Deita aqui comigo.
Me troquei e deitei ao seu lado e lhe contei que não tinha acontecido nada e que agora ela era uma mulher adulta e livre, ela se acomodou em meu braço e dormiu, eu estava exausto também, e fiquei imaginando o que o dia seguinte me aguardava e antes de dormir eu disse:
-Boa noite minha princesa...

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