Força rebelde

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Acordei meio atordoado com tudo o que havia acontecido no dia anterior, Shin estava deitada de bruços sobre mim, com a cabeça encostada no meu peito e algumas perguntas não saiam da minha cabeça: como podíamos ser irmãos? Como eu faria para que nosso gene continuasse e a família não acabar? O grupo de rebeldes me queriam mesmo? Qual seria a verdadeira história sobre meu pai? Fiquei cerca de dez minutos olhando pro teto imaginando infinitas possibilidades e respostas para minhas perguntas, mas todas eram muito exageradas e improváveis de acontecer, e eu sabia que Vicent poderia me dar algumas respostas para minhas perguntas, eu só tinha que encontrá-lo. Shin acordou assustada e me disse que hoje era dia de escola, como eu havia esquecido?
Dei um pulo para fora da cama e encontrei a roupa, que era do meu pai, dobrada em cima da bancada, me vesti com ela e notei que era a mesma roupa que eu usava quando sonhei com Vicent, havia lugar na calça para colocar uma arma, terminando de vestir a capa preta Shin comentou:
-Nossa, seu cabelo está branco hoje.
-Sério!?- respondi ela é fui me olhar no espelho
-Sim, mas você está muito bonito com essa roupa!- terminou dando um sorriso tímido.
Shin sentou-se na bancada que separava a cozinha e a sala e ficou me observando enquanto eu preparava seu chá e o meu café, havia ainda uma hora até iniciar a aula e como eu estava com uma moto não iria demorar para chegar. Tomei meu café lentamente enquanto aguardava o relógio marcar 6:30 para poder sair de casa, Shin me observava com uma expressão diferente, ela sabia que eu estava preocupado mas não queria falar nada para não. Notei que as três manchas em seu braço haviam mudado de posição, tinha algo de muito estranho por trás daquelas manchas, mas antes que eu pudesse fazer qualquer comentário ela disse:
-Para de dormir menino, vai se atrasar pra escola.- disse tentando fugir do silêncio tenebroso que se instalara.
-To indo, to indo, to indo. Deixa só eu pegar a espada...
-Mas vai logo senão vai se atrasar.
-Ta bom mamãe.
Começamos a rir por curtos segundos, peguei a espada e a frase que eu sempre notava não existia mais, e não tinha sinais de a espada ter sido lixada, mas parecia que nunca teve nada escrito naquela parte. Beijei a Shin e sai pela porta em direção à escadaria do prédio, comecei a descer e chegando na vaga da minha moto notei meu vizinho mexendo nela e falei
-Ei jhon, o que aconteceu ai?
-Nada, só to trocando o freio de trás mesmo.
-Vai demorar muito? Preciso dela pra ir pra escola agora.
-Já tá prontinha cara, vai lá.
Subi na moto, botei as luvas que estavam no meu bolso, mas meus dedos ficavam para fora, liguei a moto e acelerei em direção a escola, vendo pelo retrovisor vi Jhon com um sorriso estranho e seu olho estava totalmente preto, no segundo seguinte tentei frear a moto e nenhum dos freios funcionava, e para chegar na escola tinha uma descida enorme, eu já não sabia andar direito na moto e agora estava sem freio para ajudar? É hoje que eu morro! Comecei rapidamente a pensar em algum jeito de parar a moto sem destrui-lá, e lembrei que ao lado da escola havia um beco que subia, mas da rua principal para esse beco tinha uns espaço de menos de um metro e se eu errasse eu morria, a moto começou a pegar velocidade e ia cada vez mais e mais rápido, eu já pensava em alternativas para pular da moto sem me machucar, mas o beco começou a se aproximar e só havia uma opção: acertar o caminho do beco até a moto parar.
Havia umas cem pessoas andando de um lado para o outro na rua, comecei a buzinar e a gritar para que o povo abrisse espaço, consegui passar pelas pessoas, porém, bati o lado esquerdo do guidão na parede do beco e fiz com que ele quebrasse, só tinha um lado do guidão agora, o beco começou a subir e subir até que por fim a moto parou. Levei ela lentamente para um mecânico que havia por perto e pedi que ele a arrumasse, logo depois fui para a escola, mas não parava de pensar na cena que tinha visto ao sair de casa, porque os olhos de jhon estavam pretos? Ele estava possuído? Entrei na escola e a primeira pessoa que veio me cumprimentar foi Brutus, o cumprimentei e perguntei como estava sua mão, ele me respondeu:
-Tá ótima, obrigado por não ter cortado meu braço fora.
-Eu não teria coragem de realizar tal coisa, e outra, ainda ganhei um amigo.
-Com certeza!
Ele voltou para seus amigos e notei que todos o olhavam e riam de sua cara, ele estava meio envergonhado mas não respondia nada, me aproximei sorrateiramente do seu grupo e comecei a escutar a conversa:
-Você é um fracote de ter perdido pra um moleque daqueles hahaha.
Brutus estava virando para sair de perto daqueles caras quando eu falei:
-Ele pode ter perdido pra mim, mas de qualquer forma todos daqui perderiam para mim e para ele tambem, porque ele só perdeu uma luta na vida enquanto todos têm muitas derrotas.
Todos calaram a boca e eu notei seus olhares de ódio por mim, Brutus estava ao meu lado quando eu completei:
-Ah, é só pra avisar, eu não tenho medo de vocês, se quiserem brigar podem vir, mas lembrem-se de chamar a ambulância antes.
Virei-me e continuei andando em direção a minha sala enquanto Brutus comentava sobre minha coragem. E quer saber? Com essa roupa eu pareço mesmo mais corajoso e confiante. O professor Maurício entrou na sala avisando que haveria prova e perguntou-me se eu queria fazer, respondi que eu não queria pois não me sentia bem, ele acenou falando para eu ficar em silêncio, botei meus fones e deitei na mesa, mas apesar do sono, eu não conseguia dormir por causa das minhas duvidas que faziam minha cabeça pensar por si mesma criando histórias que muitas vezes não tinha sentido nenhum, outras até tinha sentido, mas aconteciam coisas que fugiam da realidade. A prova se estendeu até uma aula antes do intervalo, foi quando Beto, meu professor de combate, veio até a sala de aula e chamou meu nome depois de falar algumas coisas com o Mauricio, levantei-me e fui até o corredor seguindo Beto, a porta da sala de fechou e o corredor estava em um silêncio medonho, foi quando o Beto disse:
-Você pensa em entrar? Afinal está com as mesmas roupas que seu pai usava...
-Sim estou pensando no assunto, mas ainda não sei por causa da segurança de algumas pessoas.
-Fique sabendo que caso você entre eu serei obrigado a lhe caçar e poderá haver um momento em que lutaremos, e eu não terei dó em matá-lo.
-Pode ficar tranquilo, não lutaremos.
-Você não é mais da sala do professor Maurício, agora você é da sala do terceiro, professora Dalva, e não tera essa de dormir em sala de aula.
-Se tiver algo que ela possa me ensinar eu não dormirei...
Me virei e fui pegar minhas coisas dentro da sala de aula, Brutus me olhava com uma cara de felicidade e eu sabia que aquilo queria dizer "parabéns", só que por algum motivo eu não me sentia bem em mudar de sala, eu sou o aluno mais esperto da escola e só me chamaram agora pra sala avançada, algo estava estranho. A sala ficava no quinto andar, dei três toques na porta até q a professora abriu, eu vi a cara dos quinze alunos dentro daquela sala, eles eram magros e fracos, e estavam com cara de quem não dormia há dias, entrei quieto e com cara séria, dei cinco passos até chegar no meio da sala, a professora perguntou meu nome, falei em voz baixa e a professora com uma régua de madeira me deu um tapa na mão e depois disse:
-Eu não mandei você falar baixo.
-E quem disse que eu queria falar em voz alta?
-Vai sentar, não me desafie senão vai acabar igual eles, quase morrendo apenas para estudar.
Sentei na mesa do fundo, não havia ninguém nas mesas ao redor, peguei meu novo horário e na hora levantei o braço para perguntar:
-Por que não temos aula de combate?
-Estando nessa sala você não terá tempo para se preocupar com combate.
-Mas não tem nada que você possa me ensinar e eu preciso do treinamento de combate.
A professora tinha um ódio queimando no olhar, eu não estava acreditando no jeito que eu estava falando, a professora passou alguns exercícios e comecei a fazer só para garantir um pouco de nota, a professora veio até o meu lado e pegou minha espada:
-Você não irá precisar mais disso.
Agarrando a espada eu falei:
-Se você não quer perder o braço solte a espada.
-Quer mesmo continuar com ela? Então pode sair da minha sala e não precisa voltar para o colégio. Nunca mais.
-Por mim tudo bem!
Guardei meu caderno e peguei a espada e fui em direção à porta da sala, ouvia os outros alunos falando:"pede desculpa" ; todos com cara de assustado com o jeito que eu falei com a professora. Eu não precisava continuar naquele colegio, afinal eu já tinha o conhecimento de um aluno do curso superior. Chegando na moto enfiei a mão no bolso e estava um celular antigo, liguei para um numero que já estava discado e uma voz conhecida atendeu:
-Fala!-a pessoa disse com voz grossa.
-Eu topo!- respondi
-Te encontraremos logo logo...
Desligaram o telefone e eu liguei a moto para ir para casa, notei um vulto no último andar, estava me observando, mas era muito magro para ser o diretor e muito alto para ser qualquer outro professor, fiquei observando enquanto me ajeitava na moto e aquela pessoa não tirava os olhos de mim, saí queimando pneu, mas não porque eu quis, eu tinha esquecido de soltar o freio e quase perdi o controle da moto. Peguei a avenida que me levava até em casa e comecei a notar umas pessoas estranhas me observando, algumas em cima de prédios, outras na rua, todas usavam uma capa vinho e conforme eu passava eles me acompanhavam. Estava terminando a ponte e entrando no setor 17, onde eu morava, vi que alguns dos encapuzados corriam para o mesmo sentido que eu ia, acelerei até chegar em casa, estacionei e enquanto eu tirava o capacete um homem se aproximou dizendo:
-Eu falei que o encontraríamos!
-Quem são vocês?
Vicent tirou o capuz e muitas pessoas também, reconheci algumas pessoas pois trabalhavam por perto ou eu já tinha visto na rua.
-Então vocês são os rebeldes?-perguntei
-Somo, eu lhe apresento o esquadrão quatro!
Todos os homens e mulheres tiraram seus capuzes e me mostraram seu rosto, convidei Vicent para entrar e tomar um café enquanto me explicava sobre tudo da liga dos rebeldes. Veio ele e os dois capitães do esquadrão quatro. Eles se sentaram e começaram a explicar pra mim e para Shin:" a liga dos rebeldes existe para proteger os cidadãos e lutar pela igualdade social, atualmente existem dezoito esquadrões, cada um com sua habilidade específica, os três maiores: alfa, beta e órion são para os melhores guerreiros, o esquadrão real para os capitães e o esquadrão dezessete e dezoito para o treinamento de novos cadetes". Perguntei sobre a história de meu pai e ele me disse q havia apenas alguns fatos e que o único jeito de saber era pegando o diário de meu pai que era fechado com leitura de DNA.
-Então? Você quer ser um membro dos rebeldes?
-Com uma condição!
-Qual?
-Shin vai comigo e quero ela o tempo todo protegida.
-Combinado- virando para um dos capitães- Peça que o esquadrão nove proteja ela a distância.
-Entendido comandante-respondeu o capitão.
Eles se retiraram junto com todas as pessoas, deixaram uma mensagem no celular mostrando o novo endereço de minha moradia, resolvemos arrumar nossas coisas para esperar que nos buscassem. Shin estava no estacionamento esperando o esquadrão chegar, eu fui ver como Jhon estava, bati na porta de seu quarto e está se abriu, não estava trancada, nem havia ninguém no apartamento, tinha doze velas acesa em um candelabro na mesa, três em cada mesinha ao lado do sofa, duas em cima da tv, havia também um desenho que passava por todas as paredes, pelo chão e pelo teto. Escutei um grito muito alto e fino que foi cortado repentinamente, corri para perto da escada de emergência e vi Jhon segurando Shin, gritei do último andar:
-Jhon! Solte-a agora!
-Eu não sou o Jhon, venha me obrigar a soltá-la
Ele começou a se contorcer e a crescer virando um homem de uns 5 metros, musculoso e com quatro braços, suas pernas se tornaram tentáculos.
-Venha me desafiar, Rayze!
Desci as escadas o mais rápido que eu pude, eu estava no segundo andar quando ele começou a apertar Shin, que estava ficando sem ar. A minha única escolha era pular do segundo andar pra cima dele, e foi o que eu fiz me joguei do segundo andar com a espada em uma mão e a arma na outra, dei dois tiros mas não faziam efeito pois ele se protegia com os braços, a espada brilhava, mas eu não sabia o que aquilo significava. Acertei um golpe em um de seus tentáculos o cortando fora, mas de um tentáculo surgiram dois, lembrei de uma aula em que a professora explicou que para matar um hidra era preciso queimá-la, mas não havia como. Jhon começou a me atacar com seus tentáculos e eu só me protegia com a espada. O tempo começou a passar e ele começou a apertar Shin cada vez mais, eu estava no fim das minhas forças, uma voz ecoou na minha cabeça dizendo: "mostre a espada o seu objetivo".
Olhei fixamente para Shin, me ajoelhei e coloquei minha mão esquerda sobre a espada, a espada brilhava em amarelo e aquele brilho começou a subir pelo meu corpo, minhas roupas balançavam, mas não rasgavam, uma grande ventania saia de onde eu estava, as roupas nos varais do prédio balançavam, portas e janelas batiam, alarmes de carros eram disparados e um grande poder crescia em mim me dando forças para continuar, era o mesmo poder que eu sentirá na luta contra Brutus, a espada ficou mais leve e mais fácil de se manejar, eu tinha voltado a ser veloz como o vento, saquei a arma e notei que aquele brilho que me conquistou a iluminava também, dei dois tiros que perfuraram dois de seus braços fazendo com que ele soltasse Shin, corri para pegá-la e a deixei em um canto seguro, segurei firme a espada com a mão esquerda e corri para cima dele, ele começou a se debater e a mexer seus tentáculos em direções aleatorias, e eu só podia ficar entre eles desviando de seus golpes, havia 9 tentáculos eu os cortei rapidamente com poucos movimentos, eles estavam demorando para crescer novamente então aproveite para cuidar da parte de cima, dei mais dois tiros em seus braços os imobilizando, e quando fui atira em sua cabeça notei que havia algumas marcas no seu peito, peguei a espada e a finquei no meio das marcas.
Ele deu um grito agonizante e sua mancha do peito começou a diminuir, seus tentáculos estavam desaparecendo como se fossem poeira, mas uma poeira negra como a noite, ele diminui de tamanho até voltar ao normal, a espada ainda tinha a ponta fincada em seu peito, seus braços tinham a marca das balas, tirei a espada de seu peito e a soltei no chão, deitei ele é vi Vicent chegando, ele disse:
-Já chamei o esquadrão de resgate, não se preocupe, só eu vi o aoimoku no akuma!
-O que é isso?
-Demônio do olhos azuis!
Fiquei surpreso com o que ele disse, Shin estava bem e Jhon estava a caminho do hospital para ser tratado, notei que as marcas eram semelhantes a de Shin e perguntei a Vicent o que era aquilo, ele só respondeu:" magia negra" e não disse mais nada. Eu estava muito espantado, já estava escurecendo e nós estávamos em um caminhão blindado a caminho do setor 14 onde era a base rebelde, o setor 14 era conhecido por ser o único no qual tinha um mar artificial enorme. Nossa viagem iria demorar cerca de uma hora e Vicent estava quieto, Shin havia dormido por conta dos remédios, decidi ficar quieto e fui para a frente do caminhão, para ficar vendo a estrada. Já era tarde e estávamos nos aproximando do mar do setor 14, achei que nós iríamos para algum prédio mas o piloto do caminhão começou a acelerar em sentido o mar e ia cada vez mais e mais rápido, eu comecei a ficar desesperado enquanto todos os outros estavam calmos e confiantes, escondi minha preocupação é tentei relaxar.
O caminhão bateu na grade fazendo-o levantar e dar um salto, soltei um grito de medo muito alto e todos começaram a rir da minha cara, o caminhão aterrissou em uma plataforma que parecia invisível e continuou andando até um ponto onde afunda e nós entramos na base ela era imensa, no corredor até a central nos passamos por zonas de experimentos até de gravidade artificial, foguetes, armaduras é muito mais. Vicent nos deixou junto com nossas malas na frente do nosso dormitório, ele nos avisou que o horário dentro da base era diferente e que para nós acertarmos o relógio biológico nós iríamos ter de tomar uma pílula que nos acordaria quando nosso corpo acostumasse com o novo horário. Shin tomou o remédio e logo adormeceu, eu tomei e me troquei, deitei e fiquei pensando na criatura que eu havia visto ho...je...

Espírito de vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora