O descobrimento de um novo mundo

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Novamente. A mesma sensação, o mesmo sonho, o mesmo homem e a mesma criança, o sonho havia se repetido. Eu não tinha controle do meu corpo, o mesmo velho encapuzado vinha e dizia a mesma coisa, depois eu caia do último andar e antes de "morrer" com o impacto eu via a Shin no quarto da criança e não conseguia ver mais nada e, do nada eu acordo na cama do hospital com a Shin do meu lado, dormindo, seu rosto parecia com o de um anjo. Ela estava deitada com a cabeça no travesseiro, seu braço direito estava embaixo do mesmo e com o outro braço perto do rosto, seu cabelo estava caído para trás mostrando sua orelha com um brinco de ouro em forma de bola. Fiquei deitado olhando para ela pensando naquelas imagens na parede, e como hoje não tinha aula eu iria aproveitar para descobrir.
Shin acordou no momento que a enfermeira entrou no quarto dizendo que ela poderia ir para casa de noite. Nós comemoramos e ficamos muito felizes, mas a lembrança dos desenhos me incomodava muito.
-Shin, ontem quando eu fui na sua casa, notei que uma das paredes estava coberta por um papel de parede mas ele estava se soltando e eu vi a imagem de um bebê com o nome "Matt" e um pouco mais pra cima havia os nossos nomes. O que é aquilo?
-Bom, vi que não vou poder esconder de você, então...
Ela começou a me contar uma história muito antiga:" Há quase 1000 anos quando ouve a 3ª guerra mundial, quase não existia mais armas de fogo, grande parte foi destruída por grupos anti-militarismo e por um acordo feito com os países, quando a guerra estourou as pessoas precisavam de alguma coisa para poderem lutar, foi quando desenvolveram a magia"- Magia? Como assim?
Ela continuou:" Um pequeno grupo de pessoas encontraram alguns livros que lhe ensinavam a fazer poções e a controlar alguns elementos naturais..."- ela me disse que um dos integrantes desse grupo era um parente dela, e também disse que eles ensinaram a muitas pessoas sobre esse controle da magia, mas que deveria ser um segredo.
Fiquei um tempo escutando a história até ela chegar no mistério da parede:
-Aquela parede mostra todos os descendentes daquele pequeno grupo, os que já nasceram e os que estão para nascer, mas eu nunca tinha visto o seu nome lá.
-O meu nome estava próximo ao seu, mas não tinha nenhuma linha ligando eles.
Ela me olhou com um aspecto de surpresa e seus olhos se encheram de lágrimas, e eu a entendo perfeitamente, se nossos nomes estavam próximos e nenhuma linha estava ligando eles isso queria dizer que nós éramos: irmãos.
-Eu vou lá agora mesmo para descobrir o que está havendo, você não... Não pode ser minha irmã... Não, não tem como.
-Eu também não estou acreditando, mas aquela árvore genealógica não mente, mas é muito estranho, vai lá, mas tome muito cuidado.
Dito isso eu sai pela porta apressado para chegar logo na casa dela, desci até o subsolo e dois caras grande e fortes estavam tentando roubar minha moto, eu estava muito confuso e com pressa, dei um grito para que se afastassem de minha moto e ambos vieram para cima de mim, um deles carregava um canivete e outro carregava no bolso uma pistola. Empunhei minha espada e eu sentia o poder crescer, vi os dois ladrões em cima de mim e com um único movimento eu arranquei o braço de um, e a mão do outro, peguei sua arma que estava travada e a guardei para caso fosse útil, subi na moto e notei pelo retrovisor que meu corpo soltava uma espécie de chama azul quase transparente, mas ela não queimava nada. Comecei a acelerar com a moto em sentido a antiga casa de Shin, ela morava um pouco longe do hospital mas com aquela moto demoraria uns 15 minutos para chegar, a moto estava na velocidade máxima e eu passava entre os carros com muita facilidade, me aproximando da casa vi Marcos saindo de carro e a moça que tinha me atendido ontem estava na porta como se já esperasse alguém. Parei a moto, tirei o capacete e subi os dois degraus que tinham na frente da casa e quando eu fui falar a moça me disse:
-Não diga nada, já sei o que você veio fazer aqui.
Continuei quieto enquanto ela me acompanhava até o quarto de Shin, só que dessa vez prestei atenção nos quadros que haviam nos corredores, todos eles eram de Shin e duas meninas um pouco maiores que ela. Em uma das fotos notei uma criança com uma cicatriz próxima ao olho e depois percebi que a moça que estava me levando até o quarto tinha a mesma cicatriz no mesmo lugar. Ela continuou:
-Se Shin lhe contou ou ela confia muito em você ou você faz parte dessa família, e a propósito meu nome é Kassie.
-Obrigado Kassie- disse assustado.
Eu torcia para que eu não fizesse parte daquela família, pois não iria me separar de Shin. Entrei no quarto e comecei a retirar o papel de parede devagar enquanto Kassie me ajudava e ia me explicando a mesma história que Shin me contou no hospital. Eu continuava com muitas dúvidas sobre aquilo, foi então que Kassie disse:
-Afaste-se da parede, sei que você não está entendendo nada, mas agora irá entender.
Ela disse algumas curtas palavras e fez um movimento com as mãos e de repente uma forte rajada de vento começou a se formar dentro do quarto fechado e ficava rodando como se fosse um tornado, o papel da parede começou a ser arrancado com muita força e quando o último pedaço de papel caiu no chão a rajada de ar parou, Kassie olhou para mim e eu estava muito assustado com o que tinha acontecido, na parede tinha uma grande arvore desenhada cheia de pessoas ligadas umas às outras. Comecei a procurar meu nome e o de Shin, e infelizmente os encontrei, lá estavam um ao lado do outro, como se fôssemos irmãos, abaixei minha cabeça mostrando minha tristeza, Kassie botou a mão em minha cabeça e começou a me explicar:
-Nós que somos da família Menyzaki temos o poder de controlar as forças da natureza, mas para levarmos para frente nosso gene precisamos casar com pessoas de fora da família, sei que você ama a Shin, vocês podem ficar juntos mas terão que dar um jeito de continuar com o nosso DNA.
-Não, não preciso necessariamente levar o nosso gene adiante, existem outros membros na família, eles podem dar continuidade...
-A decisão é sua, seu destino está traçado, mas nossa família não pode chegar ao fim.
-Eu sei o que estou fazendo e darei um jeito caso for preciso.-Kassie me entregou alguns livros muito antigos, fazia uns 9 anos desde a última vez que eu vi um livro feito de papel, nós só usamos livros digitais e encontrar um desses é muito raro. Ela me disse que dentro desse livro eu encontraria algumas magias enquanto outras eu precisaria desenvolver, mas eu tinha demorado demais e que seria muito difícil eu aprender a dominar a magia. Agradeci por tudo e eu estava retornando ao hospital quando tive um mal pressentimento, me apressei para chegar o quanto antes ao hospital. Quando cheguei no quarto de Shin lá estava Marcos sentado em um banco ao pé da cama e Shin estava dormindo:
-O que você veio fazer aqui?-perguntei
-Vim trazer um pequeno presente para minha filha!- disse dando uma risada sarcástica.
-Agradecemos, agora pode ir embora e não voltar mais.
-Não me agradeça ainda, esse presente vai ficar melhor, muito melhor- disse enquanto ia embora.
Deixei minha espada em um canto e escondi a arma na gaveta, pois não sabia mexer nela e precisava aprender. Sentei na beirada da cama e fiquei olhando o por do sol, Shin se levantou e eu notei que em seu braço tinha três marcas pretas em forma de círculo, perguntei o que era aquilo, ela me respondeu que não sabia, que nunca tinha visto aquilo. Contei tudo o que havia acontecido na casa dela e ela me mostrou alguns de seus domínios de magia e começou a tentar me ensinar algumas magias básicas, só que eu era meio desajeitado e acabei por jogar uma jarra de água em cima da minha cabeça, Shin começou a rir e me mostrou que dava para arrancar água de qualquer coisa, até mesmo controlar a água dentro de recipientes.
Eram quase 10 horas quando a enfermeira entrou no quarto dizendo que Shin poderia ir para casa, coloquei ela na cadeira de rodas e enquanto a enfermeira a levava para perto da moto eu fiquei no quarto pegando as coisas, coloquei a arma presa na minha cintura, coloquei a espada nas costas, peguei a mochila e roupas dela.
Shin segurou-se em mim e agradecendo a enfermeira fomos embora para nossa casa, ainda precisávamos arrumar espaço para deitar ela confortavelmente e seguir as instruções da médica. Eu só pensava no mundo novo que eu estava vivendo, magia, habilidade de luta, velocidade, era tudo muito novo para mim e eu precisava aprender a controlá-los o quanto antes pois algo me dizia que nem tudo estava bem.
Chegamos em casa e eu arrumei Shin na cama, ela estava muito cansada por conta dos remédios que havia tomado, assim que deitou, ela caiu num sono profundo. Eu estava sem sono e tinha muitas dúvidas, peguei alguns livros, um sobre armas, e subi para o último andar do prédio vizinho que estava pra ser demolido, comecei a ler sobre as magias e dizia muita coisa sobre como controlar as coisas, comecei tentando pelo vento e em menos de uma hora já conseguia me manter a dois metros do chão somente controlando o ar dentro de minhas roupas, algum tempo depois notei um homem me observando do alto, fui atrás dele e quando cheguei perto ele disse:
-Você é o Rayze? Ouvi falar muito de você, sou Vicent, Vice-comandante da força rebelde e vi o que você estava fazendo.
-Sim sou eu, prazer em conhecê-lo!
-Você sabe as leis contra magia no nosso continente certo? Então deve saber que caso alguma pessoa veja outra dominando algum elemento, este deve matá-lo.
-Se você quer tentar então venha, não tenho medo.
-Não vou matá-lo, afinal a luta não teria graça.
Nesse instante corri em sua direção usando minha espada, ele desviou e me imobilizou em dois movimentos.
-Você ainda não sabe controlar nem mesmo sua espada, mas seu jeito é igual o de seu pai, por isso o respeito. Deixei algumas roupas de seu pai encima de sua bancada, caso queira fazer parte da força, tem um telefone dentro, é só discar o número e nós o encontraremos.
Ele disse e sumiu na névoa que cobriu o predio. Eu ainda estava surpreso com tudo o que havia acontecido, me levantei do chão e recolhi todas as minhas coisas, ao lado da arma que estava no chão tinha dois carregadores com balas e um livro sobre tudo para aquele modelo de arma. Entrei na minha casa, Shin continuava dormindo, a luz da lua iluminava todo o meu pequeno apartamento, comecei a ler o livro e a entender como funcionava a arma. As horas passavam e cada vez mais eu ficava interessado nos livros e no conhecimento desse mundo, já havia se passado algumas horas e eu continuava na mesma posição lendo sem parar um segundo. O livro de magias não era completo então eu precisava aprender certas coisas sozinho, mas dava para perceber que a magia era liberada por alguns comando em outra língua. Meus olhos começaram a pesar e quando notei o sol estava para nascer, eu estava cansado e precisava deitar para descansar, me ajeitei na cama um pouco afastado de Shin e fechei meus olhos.
Comecei a ver um campo enorme, havia uma cachoeira, alguns animais e uma floresta, eu conseguia voar e não precisava me preocupar com nada, o tempo não existia, os animais eram dóceis e se aproximavam sem me fazer mal. Fiquei sentado sobre meus pés, próximo à cachoeira ,com os olhos fechados e quieto, mais uma vez meu pai apareceu e falou:
-O que você vai fazer agora?
Abri meus olhos e o olhei para o lado, meu pai vestia uma capa preta idêntica à roupa que Vicent deixará sobre minha cama, mas como?
-Sei que neste momento Vicent deixou estas mesmas vestes sobre sua cama, então use-as com honra e você verá que a história que conhece sobre mim está errada...
A cachoeira começou a aumentar e suas águas cobriram eu e meu pai fazendo com que ele desaparecesse e minha mente ficasse toda escura e com muitas dúvidas...

Espírito de vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora