Capítulo 6- O fim da sanidade.

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Eu me debato incessantemente, para que me soltassem. Eu sabia que eu corria perigo ao estar naquele local, mas aquele lugar foi minha casa por 9 anos, minha família estava lá, minha vida, memórias boas e ruins. Estavam quase todas lá. Eu sentia que, se fosse para morrer, que fosse ali! Morrer ali, para que eu não sofresse ainda mais ao tardar, quando a ficha terminasse de cair. 

 -VAMOS SEU MULEQUE, SAIA, VOCÊ VAI MORRER INTOXICADO, JÁ TEMOS VÍTIMAS DEMAIS!-. Disse um dos bombeiros, tentando me agarrar pelos braços.

 -M-Me deixe! Eu não ligo se eu vou morrer, tudo pra mim acabou! Apenas me deixe aqui, e vá salvar os outros!-. Digo encarando-o, estando completamente encharcado de lágrimas.

 -Não dá para te entender... Vamos, não se preocupe, sei que está assustado, mas nem tudo acabou. Você ainda é jovem, você vai ficar bem!- Disse ele botando as mãos em meus ombros. Seus olhos estavam cobertos por uma mascara, mas mesmo assim, era possível sentir que ele estava encarando os meus olhos.

Eu abaixo minha cabeça para baixo, para tentar enxugar minhas lágrimas, quando de repente, o som das chamas, o calor que eu sentia, o cheiro horrível de fumaça e as vozes dos bombeiros haviam sumido.

 -"Meus sentidos sumiram?"- Penso. Ao sentir isso, olho para frente novamente, e ao espanto, noto que estava tudo parado. O bombeiro á minha frente, estava imóvel, junto dos outros bombeiros ao redor, e inclusive a água que saia de uma das mangueiras.

 -Que droga é essa?...De novo...Isso aconteceu de novo. O tempo parou-. Mesmo que isso já tenha acontecido, eu estava confuso. Eu já estava devastado antes, não precisava de mais uma coisa para me preocupar...Se bem que, era bom esse momento de calmaria. Silêncio. Eu me sentia lúcido quando isso acontecia, principalmente porque as dores sumiam.

 -Você está aproveitando?-

Ao escutar, me viro para trás. Era ele.

 -Eu sabia que era você. Você que fez isso? Você estava atrás de mim, né?- Digo franzindo o cenho. Ao observar sua figura, ele estava com o mesmo terno marrom claro. Mas agora dava para vê-lo, em meio as cores alaranjadas das chamas. Ele também estava com um chapéu fedora de aba longa, que cobria seu rosto quase completamente. 

 -Sinto muito, não achei que o estrago seria tão grande. Mas...teria sido melhor se você tivesse seguido tudo como planejado-. Disse o homem, levantando um pouco seu rosto em minha direção, deixando apenas uma fresta de seu olho à vista. Eu conseguia ver o brilho em seus olhos, mas ainda não era possível ver seu rosto completamente, mas era nítido sua cara sádica. 

 -Planejado? Como assim? Então foi você mesmo que fez isso tudo? O que você quer de mim?!-. Digo me aproximando, e dando mais intensidade em minha voz. Minha raiva era nítida, 

 -Se você não morrer em pouco tempo, você saberá de tudo. Sei que você é não é tão estúpido assim, ou melhor, como devo te chamar? Quais seus pronomes? Devo te chamar de ele, ou ela?- Ele para e dá uma risada curta. -Parece que você está muito diferente e pior do que antes-.

 -Eu não faço a menor ideia do que você está falando! Pronomes? O que isso tem haver com a situação? Por que você fez isso? Vamos! ME DIGA!-.

 -Você realmente não tem medo de morrer, não é? Eu não tenho tempo a perder aqui, por mais que tenha sido legal brincar com você. Então, vou te fazer uma proposta, já que tentar te explodir junto de seus vestígios não funcionaram. Ou você vem comigo, e a cidade é salva, ou você fica, e morre com o resto que sobrou. Caso você não escolha agora, tanto você, quando o resto morrerão-. Ele disse isso me encarando. Junto, a mesma cor avermelhada do beco, volta a tona, tomando conta do ambiente, mesmo tudo estando parado no tempo.

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⏰ Última atualização: Jun 13 ⏰

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