Capítulo 3- Beco Avermelhado.

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   -Eu não acredito que eu saí de lá!- Digo enquanto corro sem rumo, anoite, para o sul, a única direção que eu não poderia ir, pois era perigosa, mas ela tinha o atalho que dava mais perto para a saída daquela cidadezinha. Enquanto eu corria, eu passava em becos escuros, com pequenas possas de água suja, e sacos de lixo por toda parte. Essa era a parte da cidade que era usada como o "lixeiro". Quase ninguém morava nessa parte, então é quase impossível alguém me ver por aqui.

Nessa região, há muitas casas em conjunto, ou seja, uma do lado da outra. Por conta dessas casas, a luz da lua não batia nos becos daquela região. a unica fonte de luz, era dos postes. Mas o único poste daquele beco, estava quebrado, e a unica fonte de luz, era de um outro poste, mas esse estava quase que na esquina do beco, ou seja, ela o puro breu. 

   -Toki?-.

*Viro para trás rapidamente*

   "Alguém me reconheceu aqui?!".

   -Q-Quem é você?- Digo deixando meus olhos mais estreitos, com a tentativa de descobrir quem era a pessoa, que estava de baixo de uma sombra.

   -Oras, sou apenas um morador aqui da região. Você é bem famoso por aqui. Pelo o que eu saiba, você deveria estar preso dentro do orfanato-. Ele disse isso com um claro tom de ironia na voz. Era perceptível ver que ele estava mentindo. Após isso, ele deu pequenos passos para frente, sendo possível ver seu corpo inteiro com exceção da parte superior de seu rosto. Ele estava usando um terno simples marrom claro, que estava com a parte superior aberta. Ele parecia estar com a barba recém feita, e era possível ver sua boca larga, que esboçava um grande e desconfortável sorriso. Também era possível ver a luz refletida em seus olhos, e ao encará-lo por alguns segundos, por algum motivo, a luz do poste, que antes era de um tom amarelo vivo, agora está se transformando em um tom mais avermelhado. A luz parecia misturar com seu rosto, seus olhos, agora dava para ver um nítido tom de vermelho sangue, e seu sorriso de orelha a orelha, agora estava sujo de vermelho. Eu não via mais uma pessoa na minha frente, mas sim o meu próprio medo vivo naquele...Demônio...

Minha mente começou a ficar inerte, quando eu percebi, a luz havia voltado ao normal, e agora o rosto daquele homem, que ainda estava com o olhar macabro, e o sorriso de orelha a orelha bizarro, havia sumido o olhar vermelho, juntamente com a sujeira vermelha na boca daquele cara. 

Eu não falei nem uma palavra, e nem o respondi. Dei dois passos para trás, tentando me afastar dele, aquilo estava me matando de tão desconfortável e assustador. Eu não sabia quem ele era, e nunca o tinha visto aqui nessa região, mas...por algum motivo, eu reconheci a voz daquele cara, mas eu não sabia da onde eu reconhecia aquela voz. Minha cabeça começou a doer e latejar incessantemente, eu fiquei completamente sem ar, e meu coração começou a latejar. Eu, ou melhor, minha mente não sabia quem era ele, mas parecia que meu corpo sabia. Com isso, coloquei uma de minhas mãos na cabeça por conta da dor, e saí correndo dali, mesmo com dificuldades.

   Enquanto eu ainda tentava ao máximo correr dali, olho para trás para ver se aquele homem estava me seguindo. Ele ainda estava no meu campo de visão, e era possível eu o ver. Ele estava com seu corpo imóvel, mas ainda me acompanhava com a cabeça, e com o mesmo sorriso no rosto.

Após alguns minutos correndo, finalmente parecia que eu estava em segurança. Quando era umas 9:30 da noite, resolvi me sentar atrás de uma lixeira em um beco sem saída, para que ninguém conseguisse me ver. Eu ainda estava com medo daquele homem. Ele era muito estranho. Não era comum um cara com um terno, estar nessa região da cidade.

Por conta do cansaço, meu objetivo era apenas descansar um pouco, mas eu acabei pregando o olho, e dormi. Quando acordei, ainda estava de noite. Eu não sabia muito bem onde estava, pois eu havia corrido sem rumo. Por conta disso, eu andei um pouco para tentar achar alguma placa, onde eu pudesse me localizar. Quando passei do lado de um bar, vi no relógio que ficava exposto, que era 8:00 horas da noite, e no calendário estava 11/07, o que indicava, que eu tinha dormido por quase um dia inteiro! Para variar, por algum motivo, meu corpo não parecia nada bem...

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