𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 2

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𝐃𝐑𝐘𝐒𝐓𝐈𝐀𝐍

⎯⎯  ׁ۪  𑁍 ׁ۪ ⎯⎯ 


Ele ainda se lembra da primeira vez que a viu.

Fora há 20 anos atrás quando seu pai decidiu organizar uma reunião familiar sobre um encontro que aconteceria na Corte Estival com os Grão-senhores de Prythian.

Ele estava sentado em uma das poltronas em frente a mesa de madeira polida, ao seu lado estava Cesare que observava tudo com uma cara de irritação palpável e fedia a vinho e sexo, provavelmente fora arrastado pelos guardas que deveriam o seguir por ordem de nosso pai.

Na cadeira do lado oposto da mesa estava Killian, meu pai, que olhava para Cesare com um olhar de reprovação e o nariz torcido numa carranca irritadiça, se sua mãe não estivesse sentada ao seu lado como uma flor murcha num vaso ele provavelmente já teria o espancado para desabafar sua frustração.

Uma batida na porta seguida pelo barulho da madeira rangendo o tirou a atenção, virando-se ligeiramente ele viu o mordomo principal da mansão se curvar numa saudação respeitosa e acenar com a mão para ele alguém entrasse.

E então ela surgiu.

Sua irmã mais nova, Pandora, a jovem princesa da Corte Primaveril, a filha ignorada por todos.

Com olhos verdes esmeralda brilhantes como grama úmida, cabelos loiros brilhantes soltos como uma cascata de luz do sol, pele pálida e macia como névoa e lábios avermelhados curvados num sorriso sutil.

Ela era tão bela que o ar tenso que rondava a cabeça de todos fora levemente dissipado com sua presença etérea.

O vestido rose que ela usava farfalhava a cada passo em direção a sala de reunião, parada em frente a mesa de nosso pai que a observava de maneira indiferente, entretanto com os olhos profundos rodopiando como engrenagens.

Pensando em onde usar tal peça de xadrez tão atrativa em seus planos.

Ele engoliu o gosto amargo e nojento em sua garganta mas não deixou que as palavras que estava prestes a dizer escapassem por seus dentes.

Assim como sua mãe que desviará o olhar com culpa nas íris turquesas, sentando-se desconfortávelmente contra sua cadeira.

E assim como seu irmão que preferia não olhar para a pobre garota que seria apenas mais uma peça descartável assim que entrasse nos olhos de Killian.

A garota observou-os por um momento antes de se curvar numa saudação elegante e imaculada, o rosto ligeiramente abaixado, as pernas sutilmente cruzadas e uma mão sobre o seio enquanto a outra segurava a saia de seu vestido.

— Pai, mãe, irmãos mais velhos.

Ela falou com a voz suave como a pétala de uma rosa branca e tão calma e pacífica como um lago.

Sua respiração se tornou pesada, ele sentiu que era como se pedaços de algodão fossem enfiados dentro de seu coração e obstruisem sua passagem respiratória.

Seu pai não pareceu abalado pela beleza de sua filha mais jovem, bufando indiferentemente ele acenou com a mão em direção a uma cadeira vaga, uma ordem silenciosa para se sentar.

Sorrindo levemente a garota caminhou até a cadeira e se sentou, cruzando as pernas e tirando uma mecha de seu cabelo pálido da frente do rosto com a ponta dos dedos.

Seu pai começará a falar, com a voz grossa e fria, ele achou que sua voz não era tão bela quanto a de sua irmã mais nova.

Seus olhos continuavam a se desviar para a garota sentada na cadeira ao lado de Cesare que estava inclinado contra o encosto da cadeira com um sorriso de escárnio nos lábios, zombando silenciosamente de seu pai.

A garota ouvia obedientemente o que seu pai falava, assentindo uma vez ou outra com os olhos verdes brilhando, a imagem de um cão obediene veio a sua mente por um momento e ele não pode deixar de olhar pelos cantos dos olhos para a bela feérica encantadora.

Apesar de estar sendo discreto a garota ainda assim pareceu notar seu olhar e inclinando o rosto em sua direção a garota piscou quando seus olhos se encontraram.

Um sorriso cruzou seus lábios rosados e um leve rubor surgiu em suas bochechas pálidas, desviando o olhar rapidamente a garota voltou a se concentrar no que seu pai falava veementemente.

Ah....ele quer ver essa expressão novamente.

Quer prende-la ao seu lado para apreciar seu sorriso e não permitir que ninguém além dele possa ver sua bela aparência.

Ele quer vê-la dentro para fora, para observar toda sua beleza interna.

Talvez seu sangue fosse tão vermelho quando as rosas do jardim? Talvez seus ossos fossem tão brancos quanto as pérolas? Talvez sua pele fosse tão macia quanto os lírios?

Oh, como ele desejava saber.

Como ele desejava abrir Pandora.

E ver todos os seus horrores mais belos escondidos sob seus ossos.

Seu coração não pode deixar de bater mais forte vendo sua bela e única irmã mais nova surgir pelo corredor, sendo iluminada pela luz do sol que entrava pela vitraça das janelas abertas como um anjo enviado pela própria Mãe.

Sua voz ainda era tão macia e suave como há vinte anos atrás e sua beleza angelical cada vez mais digna de uma deusa.

Os olhos verdes de Pandora brilharam quando se fixaram em seu rosto e ele ignorou completamente o cheiro frio de medo que não lhe pertencia vindo de seu corpo, apenas focado em seu belo sorriso gentil nos lábios tingidos de rosa suave.

Ele engoliu em seco discretamente, sentindo sua mão se apertar num punho rígido no bolso de seu casaco, coçando com o desejo de agarra-la em seus braços.

E atordoado demais no amor doentio que surgiu em sua mente ele não notará o olhar de escárnio nos olhos brilhantes de sua irmã e o sorriso de nojo em seus lábios.

Drystian não sabia ainda mas no futuro Pandora seria sua ruína.

E ela amaria o ser.

⎯⎯  ׁ۪  𑁍 ׁ۪ ⎯⎯ 

Sinto muito pelo capítulo curto, desejei escrever essa parte da história apenas para dar-lhes uma compressão de onde nasceu a obsessão de Drystian pela Pandora 😭

Honestamente o personagem Drystian vai ser um grande doente problemático mas vai ser de grande importância para o desenvolvimento da personalidade ( cof cof terrível) da Pandora.

Amo o Cesare e sei que vocês também vão com os capítulos futuros 😊

Quem aqui pegou a referência da parte de abrir Pandora? 😭

Obrigada por lerem Corte de Máscaras e Mentiras :) Aprecio todo o apoio aos vocês me dão e guardo eles no meu coração para me dar motivação para continuar a escrever.

𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫𝐚𝐬 𝐞 𝐌𝐚́𝐬𝐜𝐚𝐫𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora