Chapter one.

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O dia estava tão lindo, que ela nem se deu o trabalho de ralhar com Deus depois do que tinha acabado de saber, certo que sua cabeça estava pegando fogo, passando por um turbilhão de emoções, mas não seria ingrata. Muito pelo contrário, suspirou profundamente e bateu as mãos nos joelhos. Ok. Precisava pensar no que ia fazer.

Na verdade, ela precisava ser sincera com tudo o que estava acontecendo e naquele momento, naquele mês, naquele ano, talvez naquele século ela não queria, não queria ter essa responsabilidade e muito menos queria ter que lidar com o fato do que aconteceria dali para frente. Sua vida estava acabada? Quem dera, na verdade só estava começando... Ainda que de modo relutante ela passou as mãos pelos cabelos e ensaiou um sorriso, nada era por acaso.

Após um tempo se recompondo ela saiu de seu apartamento decidida a encontrar Giovanni e a certeza de que seria uma surpresa e tanto, pois naquele dia em especial, não se encontrariam. Esperou, contou de um até dez, deu duas voltas no quarteirão e finalmente tomou coragem, estacionou o seu carro e caminhou em passos lentos para a portaria do prédio em que ele morava.

Minutos mais tarde ela já estava parada no centro da ampla sala de Giovanni sendo analisada por ele em um silêncio torturante, aquilo já estava a incomodando, mas logo ele abriu um sorriso que a desarmou.

— Acho que vamos ter que arrumar outra desculpa, quando nos perguntarem se quando vamos nos casar Gio... — Começou com um sorriso amarelo.

— Por que isso agora, mulher? Achei que a gente já tivesse deixado isso pra lá. Que você é muito nova, bla bla bla... — Respondeu para logo cruzar os braços e sentar no sofá puxando ela pra si.

— É que agora vamos ter outra pessoa junto com a gente... — Ela replicou querendo rir da cara de confusão dele.

— Ah! Não, não vem com essa de relacionamento aberto, sei lá mais o que não, todo mundo sabe que a gente tá junto. — A interrompeu e bufou, ela deu um beijo em seu rosto.

— Você pode me deixar terminar? Eu estou treinando desde a hora que sai da minha casa, quanto mais você me interrompe, mais eu perco o foco do que eu vim fazer... — Desandou a falar e ele percebeu que era algo sério.

— Ok, mas se acalma primeiro assim você não vai conseguir falar e eu não vou entender nada. – Ensaiou um sorriso, mas ao ver a fisionomia tensa dela, desistiu. – O que são essas papéis? – Perguntou reparando que se tratava de um envelope hospitalar. – Você está doente é isso? – Ela negou. – Então me diz do que se trata Ísis, eu não estou entendendo nada.

— Vamos de novo... — Suspirou e molhou os lábios — se eu disse que vamos ter outra pessoa junto com a gente e obviamente eu não estou falando de uma terceira pessoa no relacionamento, do que eu estou falando? — Fez uma longa pausa para ver se ele entendia, se pondo mais nervosa.

— Tá, eu não sei. — Deu de ombros e relaxou nas costas do sofá.

— Eu estou grávida! — Cuspiu de uma vez.

— Ah. Era isso? — Perguntou sorridente e se assustou quando se deu conta do que de fato tinha escutado. – O QUE? Como assim grávida? Ok acho que eu estou um pouco nervoso agora. — Seu corpo que antes estava relaxado endureceu e ele se levantou do sofá a gargalhadas.

— Giovanni, pelo amor de Deus! Tudo que eu menos preciso agora é de você em pânico, me ajuda! — Pediu agora bem mais calma. Seriam já os hormônios da gravidez trabalhando? Essa mudança rápida de humor, vai saber.

— Você está grávida, de um bebê e eu estou nervoso. Porque você fez isso? Veio aqui só pra me contar que está grávida e que eu vou ter um filho, eu sempre quis ter uma família... — Voltou a gargalhar. — Eu estou nervoso! — Repetiu e voltou a sentar.

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