Proposta de trabalho

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30 de janeiro de 2024:
"Desde que elas partiram, nada mais tem graça. Já fazem dois meses que não escuto minhas músicas preferidas... eu só queria sumir. Vivo num limbo de tristeza e apatia e ainda tem esse moleque... não quero ajuda, não preciso mais do que um minuto sozinha para tudo acabar."

Já era fevereiro e mesmo contra a própria vontade, Clarice buscou seu nome na lista de aprovados no vestibular e o encontrou. Era para ser um ótimo ano para ela, depois de 5 anos tentando ela finalmente conseguiu entrar na universidade pública que tanto queria, mas o sonho não estaria completo sem as duas ali.
Clarice é a filha mais velha de duas irmãs, a mais nova, Izabel, tinha apenas 18 anos quando tudo aconteceu. Seus pais não eram um casal muito feliz, mas não saberiam viver separados mesmo que quisessem. Seu Antônio e dona Bárbara criaram suas duas meninas de forma muito superprotetora ao ponto que elas só tinham uma a outra como amigas. A família era bem reservada, não gostavam de muitas visitas mas mantinham um bom relacionamento com os vizinhos. Principalmente com a família Yang. 
Dona Bárbara conheceu a sra. Yang quando estavam grávidas. Yang não era muito boa no português mas a conversa das duas se estendiam por horas e horas. Quando os filhos das duas nasceram, elas ainda continuaram juntas para levar as crianças para a creche e para conversar no final de tarde na calçada enquanto os pequenos Jeongin e Clarice brincavam de amarelinha. A amizade das duas durou, mas a proximidade de Jeongin e Clarice mudou quando Izabel nasceu, agora Clari tinha uma nova amiga para sempre.
Mas tudo acabou no acidente, começar a viver apenas com o pai estava sendo difícil para Clarice, os dois não conversavam muito, a casa era completamente preenchida por um silêncio mortal. Por isso, Clarice não sai do quarto.
Ela abriu a porta do quarto e foi até a sala. Seu pai estava sentado assistindo TV e ela sentou-se ao lado dele em silêncio.
-Eu passei - ela disse indiferente.
-Sério? - Ela assente - Isso é muito bom - O pai se ajeitou no sofá - quando você vai começar?
-Eu só vim avisar que eu não vou - Ela disse de cabeça baixa.
-Por que?
Ela suspirou.
-Não tem mais importância.
-Você não pode ficar assim, Clarice, sua vida tem que continuar...
-Podia ter sido eu ao invés delas - As lágrimas começaram a escorrer no rosto dela.
-Não fala isso!
Ela voltou rápido para o quarto.

***

-Isso é sério? - Jeongin parou de secar os pratos ao ouvir a proposta de sua mãe.
-Pois é... parece que a coitadinha da Clarice não está nada bem - Sra Yang falou guardando um copo.
-Eu não sei se é uma boa ideia.
-Ah Jeongin, é só passar o dia com ela até o pai chegar, é só para ela não ficar sozinha.
-Ela precisa de um psiquiatra, não de companhia - ele fala pegando um pote para secar.
-Ela toma remédio.
-E por que não faz terapia então?
-Ela não quer, talvez você convença ela.
-Quer mesmo que eu faça isso? - Jeongin olhou incrédulo para a mãe.
-Eu passaria o dia com ela se pudesse, não queria que a filha da Bárbara estivesse passando por isso... você é o único que tem tempo.
-Eu preciso é de um estágio - Ele falou frustrado.
-Seu Antônio disse que pagaria, não é muito, mas já te ajuda - os dois se entreolharam - e pensa talvez com um amigo ela saia mais rápido desse luto.
Jeogin fica pensativo.

Sua mãe lhe deu o número do seu Antônio e logo mandou uma mensagem confirmando que gostaria de ajudar. O sr. Almeida ficou muito agradecido no áudio de resposta, Jeongin sentiu até um pouco de pena.
-Olha, vou mandar algumas instruções do que você precisa fazer, vai dar tudo certo - o homem disse no áudio.
-Olha, eu vou precisar de instruções para cuidar dessa criança - ele riu - vou parar, ela tá com depressão coitada - ele forçou uma cara séria e escreveu no chat : "quando posso começar?" e seu Antônio respondeu "Na próxima segunda"

***

-O senhor tá falando sério? - Clarice perguntou com um olhar matador para o pai.
-Sim, o garoto Jeongin vai ficar aqui em casa de olho em você - Ele respondeu e voltou a tomar sua sopa.
-De jeito nenhum! - Ela falou alto.
-Para de gritar - o pai ordenou calmamente - você não precisa falar com ele, é só para garantir que você vai ficar bem. Você sabe que não tenho mais ninguém aqui para me ajudar a te ajudar, então tive que chamar gente de fora.
-Eu não vou sair do quarto.
-Ele até que é um rapaz bem bonito - O pai disse ingenuamente.
-Eu mereço - Clarice seguiu para o quarto.
-Não vai terminar a sopa? - Antônio perguntou sem resposta.

At my worst - Yang Jeongin (I.N)Onde histórias criam vida. Descubra agora