Abril já havia começado, os dias de Jeongin com Clarice irritavam a senhora Yang que frequentemente pedia para o filho arranjar algum trabalho para ficar pelo menos um pouco longe da "garota doida", mas era difícil e não só porque Jeongin estava apaixonado.
Na metade do mês, seu Antônio terminou as suas férias e iria voltar ao trabalho na segunda-feira seguinte. Ele passou o fim do domingo inteiro explicando para ela ligar para qualquer pessoa ao sentir-se mal ou com vontade de se machucar. Ele queria poder ficar em casa com ela, mas além de não ter certeza se poderia evitar alguma coisa, alguém precisava sustentar a casa e no momento só ele podia fazer isso.
Para o azar de todos, além de não ter o pai em casa, Jeongin também estaria fora na manhã daquela segunda, pois as reclamações de sua mãe tiveram efeito e ele estava procurando um estágio. Não achava que o contratariam faltando tão pouco para se formar mas não custava tentar.
***
Clarice sempre dormia bastante, não tinha certeza se eram os remédios, costume ou a própria depressão, mas era fato que antes das 10 ela não acordava. Porém, talvez por ter pensado demais na noite passada ou porque esqueceu de tomar seu comprimido às 20 horas, a jovem acordou assustada às 7hs da manhã. Ela suava um pouco e seus batimentos estavam meio descompassados. A sede começou a surgir, então, ela tomou quase que a garrafa toda de água que ficava em sua mesa de cabeceira.
Depois disso ela se concentrou em se acalmar e em poucos momentos sua respiração se normalizou. O estranho foi que ela esqueceu completamente porque estava tão assustada, toda a lembrança do pesadelo havia sumido. Mas o medo ainda estava ali, por isso ela não queria voltar a dormir, de jeito nenhum. Ela ficou sentada e encolhida na cama apenas pensando enquanto ouvia seu pai tomando café antes do trabalho.
Se quem estivesse na cozinha fosse a sua mãe, ela obviamente já teria descido para ir contar como estava assustada, mas ficava meio receosa de fazer isso com o seu pai. O pensamento a fez querer chorar, então ela pensou em outra coisa. Talvez pensar em Jeongin? É pode ser.
Não só em Jeongin, mas ela também pensou nos seus amigos coreanos que eram incríveis com ela, até mesmo Seungmin que tirando a parte de tentar sabotar os pensamentos de Clarice para largar Yang conseguia ser um bom amigo, pois também a encorajava toda vez que a garota tinha uma aula "ruim" em que tinha que falar em público (ela odiava fazer isso).
Quando já eram 8h30, Clarice se levantou para comer alguma coisa. A casa já estava vazia e fazia um tempo que não ficava assim, ela tentou ignorar isso e tomar seu café. A garota pensou em mandar uma mensagem para Jeongin dizendo que estava com saudade mas preferiu apenas enviar um "Bom dia!". Ela queria ser mais romântica mas tinha vergonha disso. Ele não respondeu, então ela continuou seu café.
Havia uma opção muito clara para passar o dia, ela tinha atividades da faculdade para fazer e estava cansada de adiar suas obrigações. Ela foi para o quarto e começou a arrumar as coisas para estudar. Abriu as janelas, sentou-se na cadeira giratória, se aproximou da mesa e olhou os livros, era muita coisa e aquilo começou a angustiá-la aos poucos. Ela mordeu a boca em frustração e, sem pensar, desviou o olhar dos papéis para o quadro de foto que estava em sua escrivaninha, onde aparecia ela em uma selfie com sua mãe e sua irmã. O sorriso de Clarice na foto era enorme, porque apesar de qualquer problema de convivência, as três eram muito próximas. A garota lembra que no dia que a foto foi tirada, sua irmã mais nova estava de mal humor e para provocá-la ainda mais Clarice a filmava o tempo todo.
A garota sentiu uma vontade de chorar tão forte que respirou fundo ao sentir a pressão em sua cabeça. Ainda era desolador lembrar delas e o pior de tudo foi não conseguir se despedir. O pai dela disse que a jovem não aguentaria ver a mãe e a irmã tão machucada e ela não ia mesmo, mas Clarice já não estava aguentando de qualquer jeito. O choro dela começou a ficar mais desesperado e seus soluços eram cada vez mais audíveis. Seus pensamentos se tornaram mais rápidos e agressivos e a única coisa que ela sentia era dor, enquanto continuava chorando tão alto quanto a criança mais desesperada. Em pensar em como não viu futuro na sua própria vida ela não acreditou ter outra escolha.
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At my worst - Yang Jeongin (I.N)
FanfictionClarice tem 23 anos e mora com o pai. Há pouco tempo um acidente de carro vitimou a mãe e irmã mais nova dela, Izabel (bel). A dor da perda causou uma depressão persistente na jovem tornando perigoso deixá-la sozinha. Com medo de perder mais uma pes...