Cap.5

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P.O.V Priscila Caliari

Estava encostadas no nosso carro, no estacionamento da escola, junto com minhas irmãs e as Borges esperando Bibi e Kau quando Maya se aproximou.

- Oi. - ela cumprimentou sem jeito.

- Oi! - Dani e Vanessa cumprimentaram simpáticas. Nenhuma das Soares respondeu. Estavam todas de cara fechada.

- Então Pri, podemos ir agora? Eu sei que seria só mais tarde, mas achei legal irmos agora. - ela perguntou sem graça.

- Claro! - respondi sorrindo.

- Pode deixar que eu levo ela pra casa em segurança. - Maya disse à minhas irmãs que assentiram simpáticas. Ouvi Carolyna bufar debochada assim que ouviu a frase.

Puxei Maya pela mão e fomos caminhando até seu carro. Senti o olhar de Carolyna me queimar e me virei pra encara aquelas orbes castanhas, fodidamente sexys, que estava num tom mais escuro. Se pudesse matar com o olhar, Carolyna já teria me matado.

Voltei a olhar pra frente, segurando na mão de Maya e fomos caminhando até seu carro. O caminho até a sorveteria foi tranquilo. May tinha ligado o rádio em uma estação qualquer e as vezes até cantarolava a música que estava tocando, enquanto eu a admirava. May era linda, mas minha mente martelava pra saber qual era o motivo dela e Carolyna se odiarem tanto.

- Você quer sorvete do que? - ela perguntou assim que chegamos à sorveteria.

- Morango com chocolate. É meu favorito.
- expliquei sentando na mesa.

- Então acho que vou provar seu favorito hoje. - ela disse sorrindo.

Maya era do tipo perfeita. Abria a porta do carro, empurrava a cadeira, nunca me deixava pagar quando saíamos e outras coisas fofas que reparei nela nesse tempo todo em que estávamos saindo. Nunca uma garota me tratou tão bem quanto ela me trata.

Sorri observando ela pegar nossos pedido. Algumas vezes ela olhava pra trás e sorria pra mim, me fazendo sorrir mais largo ainda.

Desde o nosso primeiro encontro, duas semanas atrás, nos encontrávamos praticamente todos os dias. Ela foi muito gentil e fez questão de me mostrar toda a cidade. Era fácil gostar dela, e aos poucos eu me encantava.

- Aqui está seu. - disse me entregando um potinho de sorvete, quando voltou pra mesa. - Eu não sabia qual calda você iria querer então eu trouxe todas. - ela disse sorrindo sem graça. Isso era tão fofo.

- Está perfeito. - achei graça do seu nervosismo.

- Eu gosto de te impressionar. - disse tocando minha mão e sorrimos uma pra outra.

Ficamos a maior parte do tempo conversando sobre coisas aleatórias como sempre fazíamos, mas minha mente me pressionava pra perguntar o que havia acontecido entre ela e Carolyna.

- Então... - comecei - Qual o problema de verdade entre você e a Borges? - não consegui ser discreta.

- Oh! - ela disse surpresa - Você notou. - suspirou pesado abaixando a cabeça e eu assenti. - Certo, vou te contar. Mas quero que isso sirva de exemplo pra você ficar longe daquela garota. - eu assenti confusa. Eu não sabia que era tão sério.

- O que houve?

- No ano passado eu namorava uma garota chamada Marina. Eu a amava e sabia que ela me amava também. Tínhamos feito planos juntas do tipo ir pra mesma faculdade, dividir um apartamento e começarmos uma vida juntas. Só precisávamos esperar até o fim do ensino médio e ficaríamos juntas pra sempre, mas nesse meio tempo Marina e Carolyna se tornaram amigas e as coisas começaram a ficar... estranhas.

- Estranhas como? - incentivei ela a continuar, segurando sua mão. Ela parecia querer chorar e isso estava partindo meu coração.

- Marina começou a ficar agressiva e aparecer bêbada na minha casa de madrugada. Ela saia pra festas com Carolyna e voltada pela manhã. Não ligava mais pra nada, começou a tirar notas ruins e ainda aparecia chapada na escola. Aquilo me assustou. Borges sempre teve fama de que se metia com esse tipo de coisa, mas Marina não era assim, eu sabia que isso era tudo culpa da Carolyna. - dava pra sentir a dor e a raiva na voz dela. Ela apertava minha mão enquanto algumas lágrimas rolavam por sua bochecha.

- Continua. - pedi tentando passar força pra ela.

- Um dia eu segui Marina e Carolyna até uma dessas festas. - ela continuou - Vi Marina entregar dinheiro pra Carolyna e em troca ela deu um pacotinho com um pó branco. Acho que você pode imaginar o que era. - ela riu debochada enquanto as lágrimas raivosas caiam. - Eu fiquei destruída. Minha namorada tinha tanta vida, era uma pessoa tão feliz e Carolyna a transformou num tipo monstro viciado, magro e com olheiras profundas. - ela limpou as lágrimas do rosto com ódio. - No dia seguinte eu fui falar com Any. Fui pedir para que ela parasse, que deixasse Mari em paz, mas Any estava descontrolada, como se estivesse drogada, e me deu um soco no nariz. No mesmo dia minha ex sogra achou os saquinhos de pó nas coisas Marina.
(N/A:puta mentirosa do caralho!)

- Minha nossa! E o que aconteceu com ela? - perguntei em choque.

- A mãe dela a mandou pra um reformatório. - disse suspirando triste. -
Sinto falta dela. De quem ela era. -
admitiu.

Eu não sabia o que dizer.

- Pri. - ela disse chegando mais perto e se aproximando do meu rosto. - Eu não quero cometer o mesmo erro que cometi com Mari, com você. Eu sei que pode parecer impulsivo, a gente se conhece só há algumas semanas, mas eu realmente gosto de você, e só quero seu bem. Eu quero muito que você seja minha namorada, quero muito cuidar de você.

(...)

O pedido repentino de Maya me assustou.
Quero dizer, nos conhecíamos há duas semanas, foi tudo muito rápido. Eu sabia que gostava muito dela, mas não sabia se queria um relacionamento logo agora.

Depois de ter dito que iria pensar no assunto, May me deixou em casa dizendo que iria esperar ansiosa pela minha resposta. May podia ser a pessoa perfeita pra mim, mas eu não estava pronta pra aceitar um pedido daquele, não depois de toda aquela história, que ainda estava me assustando.

O dia terminou com um monte de perguntas das minhas irmãs sobre o meu encontro, como sempre faziam quando eu voltava com Maya. Elas gostavam da garota e surtaram quando contei do pedido de namoro.

Não demorou muito pra dar a hora de ir pra cama. Tomei um banho e fui direto pro quarto. Já eram quase duas da manhã e eu não conseguia dormir pensando no que Maya havia contado. Pensei em contar para Vanessa, mas Maya me fez prometer que não contaria pra ninguém e eu cumpriria essa promessa por ela.

Fiquei pensando em tudo o que May passou com Marina, e no quanto deve ter sido difícil. Mas parecia que algo não batia nessa história, quer dizer, se Carolyna vende ou vendia drogas como é que nunca nem notamos? Ou como nunca ninguém notou? Será que Malu, Clara e Kau sabiam disso? Será que elas a ajudavam?

Ouvi o barulho conhecido dos carros das
Borges e fui olhar pela janela. Vi o portão da casa da frente abrindo e dois carros saindo por ele. Era óbvio que um era o de Carolyna e o outro era o de Clara, mas onde diabos elas estavam indo essa hora?

Vi um vulto passando pelo portão e correndo pro lado do carona do carro de Clara. Era Malu? São duas da manhã!
Onde elas estavam indo a essa hora?

De qualquer jeito, era tudo um pouco suspeito. Elas pareciam não querer serem vistas, já que nem os faróis estavam desligados. O carro da Carolyna saiu na frente e os dois seguiram pela rua até sumir de vista.

Deitei na cama desconfiada do que tinha acabado de ver. Será que elas estavam indo...?! Deuses. Essa história estava começando a me assustar.

Street Racer-CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora