Cap.6

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Pov Carolyna Borges

Minhas mãos estavam suadas no volante, minha respiração estava acelerada. Olhei para o velocímetro que marcava 180 km/h.
Era provavelmente o mesmo número de batidas que meu coração batia por segundos.

Senti uma gota de suor frio escorrer pela minha testa enquanto do lado de fora a cidadã passava como um borrão. Eu conseguia ouvir as sirenes logo atrás de mim. Simon tinha escolhido um péssimo lugar pra corrida que eu e Clara iríamos participar hoje. O que nos deixou nessa situação.

O fato era que eu não estava nenhum pouco assustada de estar sendo perseguida pela polícia de Miami. A adrenalina era mil vezes maior do que qualquer outro racha sem graça que eu já havia disputado. Essa era uma situação do tipo "correr ou morrer" e isso me deixava animada pra caralho!

Eu sei. É estranho alguém estar animado por fugir da polícia. Mas ninguém que nunca sentiu na pele vai entender essa situação.

Olhei pelo retrovisor e vi os carros de Malu e Clara lado a lado logo atrás de mim.
Atrás delas estavam os dois últimos carros de polícia que haviam conseguido nos acompanhar.

Estávamos tentando escapar da vista deles fazendo zigue-zague pelo trânsito, desviando dos carros populares que passavam a 50 km/h na avenida. Esse era meu parque de diversões e vai havia nada melhor que isso.

Ouvi meu celular tocando e o visor no painel do carro piscando com o nome de Malu e Clara. Era uma conferência entre nós três. Atendi colocando no viviva-voz.

- O desgraçado do policial gordo bateu na minha traseira! - a voz de Clara soou irritada me deixando com vontade de rir.
Sempre frouxa.

- Precisamos sair daqui. - Falei sem tirar a atenção da estrada. Cada carro que eu ultrapassava era uma buzina no meu ouvido.

- Eu tenho um plano, mas vocês vão ter que ter coragem. Estou falando de você, Maria Clara. - A voz de Malu soou divertida.

- Vai se foder, Maria!

- Manda a ver, Malu. - disse tentando conter minha animação e encerrei a ligação.

Olhei pelo retrovisor pra ver o que ela faria e o momento em que ela ligou o nitro do carro. As chamas azuis saíram do escapamento e ela passou por mim como um borrão.

Não fiquei para trás e logo liguei o meu, sentindo meu carro ganhar uma carga a mais de velocidade que fez meu corpo tremer e minha cabeça colar no banco. Eu amava isso!

Eu não sabia o que ela ia fazer, mas a adrenalina de estar sendo perseguida fazia com que eu não me importasse com o que estava por vir.

Os dois carros de polícia não ficaram para trás. Um deles estava quase do meu lado e outro logo atrás de Clara. Malu estava na frente abrindo caminho entre os carros na rua enquanto seguíamos ela.

Meus olhos estavam focados na traseira do Audi de Malu quando ela fez uma curva de 90° entrando na estradinha de terra vazia que ia para o alto da floresta que ficava atrás de casa.

Joguei meu carro para a esquerda ouvindo os pneus cantarem, troquei a marcha sem tirar o pé do acelerador e acelerei seguindo Malu. Olhei pra trás preocupada com Clara, mas ela tinha feito a curva perfeita.

Os policiais estavam mais longe mas ainda estavam na nossa cola. Eu não entendia como ainda não conseguimos despistar eles. Pareciam quase que treinados para perseguir corredores.

Estávamos chegando no alto da floresta quando olhei para Clara pelo retrovisor.
Ela estava com os olhos arregalados olhando para mim, me fazendo estranhar.

Voltei a olhar pra frente e meu queixo quase caiu em descrença. Malu havia jogado seu carro pra dentro da floresta.

Mas que merda de plano era esse?! Não tive tempo de pensar e joguei meu carro para o lado seguindo a idiota da minha irmã.

Eu nunca tinha feito isso antes. Meu coração estava disparado enquanto tentava desviar das milhares de árvores na minha frente.

Essa estranhamente era a melhor sensação da minha vida, e a melhor parte era que os policiais haviam ficado lá em cima.

(...)

- Essa foi nossa última corrida de madrugada. Nunca mais quero fazer isso!
- Clara disse ofegante assim que entramos na cozinha.

- Fala sério, Clara. Fugir de policiais é a melhor parte. - Malu disse despreocupada, abrindo a geladeira e pegando leite.

- Melhor parte?! Eu estava com o cu na mão! Que ideia estúpida foi aquela? - Ela disse para Malu.

- Era isso ou ser pega, o que você queria?

- Já chega! - Eu disse extasiada.

- Eu sei que você gostou. - Malu disse provocando, me fazendo rir. Era óbvio que eu tinha gostado.

- Vocês são loucas! - Clara bufou alto.

- Relaxa Clara, Simon prometeu que vai cuidar disso da próxima vez. Agora vamos dormir e nada de falar sobre isso pra ninguém. - avisei subindo para o meu quarto.

(...)

Duas semanas, Simon arranjou corridas para mais três dias que nos meses passados. Malu e Clara estavam ganhando praticamente todas, o que não era pra menos já que eram Borges.

O ciclo tinha agora um patrocinador ânimo que só Simon conhecia. Isso gerou mais dinheiro para os ganhadores, e mais gente querendo correr. Estava cada vez mais difícil esconder das Caliari nossa "vida dupla" desde que Priscila começou a fazer perguntas muito estranhas. Mesmo assim decidimos que não era hora de contar.

Desde o dia da aula de química, eu e Priscila não nos falamos diretamente, mas quando estávamos em grupo ela fazia algumas perguntas esquisitas, e eu não entendia nada. Fora isso, ela parecia querer me evitar completamente. Quando estávamos na aula ela fingia que estava prestando atenção ou fazendo outra coisa.

Mas desde que ela assumiu namoro com Maya há uns dias atrás, ela não sentava mais com a gente no intervalo.

O namoro das duas me assustava, mas não era como se eu pudesse fazer alguma coisa. Eu não poderia simplesmente mandar ela terminar com Maya, Priscila jamais faria isso. Ela nem me levaria a sério.

Que Priscila não gostava de mim eu já sabia, desde Maya, ela parece me odiar intensamente, e eu nem sabia o porquê.

Cheguei a conclusão que isso era tudo culpa de Maya, mas resolvi que não deixaria Priscila ser a nova Marina e comecei vigiar as suas secretamente.

O fato era que eu me importava suficientemente com Priscila para querer ela bem, mas às vezes eu tinha vontade de simplesmente deixá-la se foder. Ela era tão cabeça dura e escrota que me irritava.
Harry sumiu da escola desde a briga com Clara, o que eu agradeci já que não precisaria me preocupar com Vanessa, mas ela parecia nem se importar com o sumiço do garoto já que tinha um namorado em LA.

Eu não sabia o que faria à respeito sobre
Priscila, talvez eu devesse me aproximar aos poucos e tentar, sei lá, uma amizade.
Mas primeiro eu precisaria descobrir o que fiz de tão ruim pra ela me odiar tanto.

Street Racer-CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora