Capítulo 03
Ava Lincoln
O dia estava agitado, com as movimentações de funções que fizemos, precisei dar uma força na recepção para cobrir os horários de almoço das funcionárias e acabou que, eu mesma, não consegui parar para me alimentar. O que não era muito inteligente, pois tinha a pressão baixa e, quando ficava muito tempo sem comer, passava mal. Já cheguei até a desmaiar.
No meio da tarde, a porta de entrada se abriu e Ellie, uma amiga de infância e que trabalhava perto da Elite, entrou segurando uma embalagem de papelão.
Antes mesmo que ela me mostrasse o seu conteúdo, meu estômago roncou.
— É sempre um sacrifício enorme vir aqui. — A safada nem percebeu que os meus olhos brilhavam em direção ao pacote e ainda girou ao redor do próprio corpo, dando uma olhada indiscreta para três rapazes que circulavam ali por perto.
— Posso imaginar.
Ela sorriu, ignorando a minha revirada de olhos, e acabei rindo também.
— Para você.
— Estou faminta! — Mais do que depressa, abri a embalagem, tirando um lanche de dentro dela. — Hum, como sempre, delicioso — elogiei, com a boca cheia e já dando outra mordida no sanduíche de rosbife com molho pesto.
— Aqui está corrido, né? — Confirmei, agora sem condições de falar algo. — Lá na lanchonete também. — Sua família era dona da Griff's, o lugar que vendia os melhores lanches da cidade. Sério, eu era completamente viciada em todos os sanduíches que eles produziam. E Ellie trabalhava lá ao lado dos pais. — Papai está querendo acampar no final de semana. Pensei em ir também.
Tomei um gole do chá gelado e franzi o cenho.
— Você não gosta de dormir em barracas.
— Mas ele e mamãe andam reclamando que nunca tenho tempo para a família, mesmo que agora eu quase não esteja saindo de casa. Acho que pode ser bom.
Minha amiga havia terminado um longo namoro há pouco tempo. Seu ex até era um cara legal, o problema é que os dois viviam um para o outro e mal ficavam com os amigos e família.
— Eu iria amar... Ficar um tempo na natureza, sem barulho de carros e buzinas, curtindo umas trilhas sem me preocupar com horários. Saudades de tudo isso, inclusive, faz tempo que não acampo.
Sonhei alto, até ser despertada pelo som da sua risada.
— Como foi que nos tornamos amigas?
Nós éramos mesmo muito diferentes. Ellie gostava de shoppings, maquiagens, festas, estava sempre bem arrumada, já eu, além de ser muito básica, gostava de praticar esportes e de programas tranquilos.
No entanto, eu amava aquela maluquinha.
— Quando você percebeu que eu era a garota mais maneira da escola. Ah, e depois que eu te defendi quando tentaram quebrar os seus óculos.
Ela deu de ombros e novamente tentou enxergar longe dentro da área de musculação e, obviamente, não conseguiu, pois, o salão era delimitado por paredes de vidro escuro e a porta estava sempre fechada em razão do ar condicionado.
— Hoje faz mais sentido querer ser sua amiga — implicou e nem me dei ao trabalho de retrucar. Até porque, ela não era a única a me encher por trabalhar na academia do meu pai, todas as minhas amigas davam um jeito de me visitarem periodicamente em meu local de trabalho. — Vai, admita! Você oferece entretenimento mesmo sem prometer nada! Será que terei a sorte de ver um gatinho sem camisa? — Ellie seguiu tagarelando e só parou por um instante quando chegaram dois alunos e precisei entregar-lhes os novos crachás.
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Sobre as Nossas Mentiras e Vitórias - Livro 1 da Série Elite Fight
RomanceLucas Gualtieri não era apenas um lutador profissional de MMA e campeão do UFC, ele era especialista do caos. A mídia o chamava de badboy do MMA, seus fãs de The King e Ava, o enxergava como um inconsequente que não se preocupava com nada ao seu red...