Capítulo 05

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Capítulo 05

Lucas Gualtieri

Minutos antes do instante em que meu sangue passou a fervilhar em minhas veias, havia buscado outra água no bar e calmamente me posicionado diante do vidro, aquilo ali eu pagaria com gosto para ver. Pagaria até mesmo com o sono que já havia chegado e me pedia para ir logo para casa.

A pessoa mais insuportável que já tive o desprazer de conhecer estava sentada diante do bar principal da boate. Tinha aquele olhar julgador de sempre, mas agora também parecia entediada, podia apostar que internamente fazia suposições sobre a vida de cada um que passava em sua frente.

Era sua cara gastar seu tempo em uma balada analisando os reles mortais ao seu redor.

Por outro lado, ela chamava a atenção.

Nunca disse que Ava Lincoln era feia. Nem que não era gostosa. Pois bem, além da beleza que despontava, ela se diferenciava e muito da maioria das mulheres que estavam ali. Usava um vestido frente única e de tecido delicado, que combinava com o clima quente da cidade, mas não tinha nada a ver com o público dali. O cabelo longo estava com as ondas largas de sempre e escorriam por suas costas e ombros, a maquiagem era quase inexistente. Não havia qualquer exagero, era só a Ava. Ela claramente não se arrumou para impressionar uma só pessoa que fosse e o que conseguia era, justamente, o contrário.

Dali de cima, eu conseguia ver os olhares em sua direção.

A chata segurava um copo com drink, estava sozinha, as pernas torneadas à mostra e eu devia estar com alguma merda na cabeça por ter permitido que os meus olhos rolassem por todo o seu corpo.

Era tão insuportável quanto gostosa, tinha que admitir.

Tomei um longo gole da água. Ava também era entediante e se fiquei ali a olhando foi pela total surpresa de vê-la em uma balada e ainda por estarmos no meio da semana.

Queria seguir meu plano de ir para casa... Mas algo me prendia.

Nos longos minutos seguintes, ela conversou algo com um dos barmans e dispensou dois caras que se aproximaram puxando assunto. Enquanto isso, eu acompanhava a entojada de longe.

Afinal, o que ela fazia ali se, claramente, não estava curtindo?

Não achava que ela fosse uma pessoa reclusa, não éramos próximos, mas passávamos grande parte dos nossos dias no mesmo lugar, era inevitável ter notícias suas. Fora que alguns dos meus amigos a amavam e a tratavam como se fosse a pessoa mais incrível do mundo.

Aquela mulher devia ter dupla personalidade, pois comigo era sempre um grande porre.

Às vezes, ela também saía com a minha irmã, as duas tinham um grupinho de amigas, mas duvidava que fossem para boates, o que, definitivamente não fazia o seu estilo.

Eu realmente não tinha mais que estar ali.

Tomei em um gole o que restava da água e quando ia me virando em direção a saída do camarote, uma movimentação lá embaixo chamou minha atenção.

Mas que porra era aquela?

Um cara se aproximou de Ava e sentou ao seu lado, o marmanjo abriu as pernas ao redor da banqueta dela. De longe vi quando a garota tentou se desvencilhar da sua tentativa de contato. Uma... Duas... Três vezes.

E o filho da puta seguiu insistindo.

Respirei fundo e saí do reservado, não para ir para minha casa, que era o que eu já devia ter feito, mas em direção ao bar.

Aprendi cedo sobre respeitar o não de uma mulher, o que aquele imbecil estava pensando?

Tente não quebrar a cara dele... repeti o mantra por infinitas vezes enquanto atravessava aquele mar de gente.

Sobre as Nossas Mentiras e Vitórias - Livro 1 da Série Elite FightOnde histórias criam vida. Descubra agora