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Eu ainda não acreditava no que estava acontecendo, tipo aquilo tudo parecia um grande sonho, e se for sonho pelo amor de Deus ninguém ouse me acordar. Eu finalmente estava assistindo uma Batalha da Aldeia, e não era qualquer batalha, eu havia ganhado dois ingressos pra BDA 7 anos. Eu tava vendo os MCs que eu era muito fã rimarem pessoalmente, aquilo parecia até um sonho mesmo. Discretamente até me dei um tapão forte pra ver se era real mesmo.

—Tá doida de vez Roberta?— Helena perguntou no meu ouvido.

—Aí, amiga, é que a emoção tá tão grande que tô achando que isso é um grande delírio de um coma.— falei com os olhos vidrados na batalha de trio que acontecia a minha frente.— Cara, tipo, olha só isso.

Apontei pra frente, no octógono estava o trio do Apollo rimando contra o trio do Jotapê na final. Meus olhos brilhavam de emoção vendo o Apollo rimando, e ele tava mandando muito bem, puta que pariu.

—Nossa amiga, eu sei que você tá emocionada mas vai com calma ou daqui a pouco vai tá chorando e querendo desmaiar.— Helena riu.

Eu revirei olhos sabendo que ela tava lembrando da vez que o Yudi, sim o do Bom Dia e Companhia, foi fazer um show lá na minha cidade e minha mãe levou eu e Helena pra assistir o show dele, foi tipo um show improvisado no ginásio da cidade. Eu era muito fã dele, sabia a coreografia e a letra da música "Dominar Você" todinha, então quando vi ele cantando e dançando não aguentei e desmaiei de emoção. Foi um vexame mas pelo menos eu ganhei uma foto com ele depois.

—Cara, eu tinha 7 anos para de me zuar pelo passado.— resmunguei de cara fechada.

—Yudi Tamashiro e agora Rogerio Caui, seu gosto não mudou só evoluiu.— zuou e eu mostrei o dedo do meio.

—Se fuder arrombada, na próxima vez vou trazer o Lucas no teu lugar.—ameacei e ela levantou as mãos em rendição.—Mas sério, meu primo foi muito foda arrumando esses ingressos pra gente, vou até começar a defender ele quando a vó chamar ele de maconheiro.

—Verdade, ele foi muito gente boa e ainda deu carona.— concordou comigo e olhou pros lados.— Mas e a gente vai voltar como pra casa da tua tia doida? Quando ele chegou aqui deu o maior perdido na gente.

—Sei lá, Lena. Isso a gente vê depois, vamo até de pé se for preciso. Agora foca na batalha. — dei de ombros voltando a prestar atenção na batalha.

Meu primo sempre foi envolvido com as batalhas de rima e colava nelas sempre até que começou a rimar também, quando ele me mostrou algumas acabei gostando e virando muito fã, infelizmente as batalhas que ele colava eram na capital ou Guarulhos e eu morava no cu do mundo mas sempre via no YouTube ou acompanhava as lives quando podia.

Quando começou a ter a batalha da Matriz na praça da minha cidade eu sempre que podia colava e as vezes até rimava, os moleques ficavam me aloprando depois na escola mas eu nem ligava tava ali fazendo o que gostava, mas admito que não era tão boa em rimar e preferia assistir mesmo.

Minha vó e minha mãe só faltavam arrancar meu couro sempre que iam dizer pra elas que me viram numa roda de rima com os moleques, segundo minha vó lá só tinha maconheiro mas eu nem ligava, sempre que podia fugia mesmo de casa, nem ligando se ia levar chinelada quando chegasse. As vezes eu arrastava Heleninha comigo já que a mãe dela era muito de boa com tudo e não ligava pra onde ela ia.

—Caralho, foi muito foda.— murmurei sem fôlego vendo aquela final épica e sim, eu já estava chorando.

—Pena que o Apollo não ganhou.— Lena falou igualmente impressionada e me abraçou de lado.—Quer tentar ver se consegue tirar uma foto com ele?

—Claro!— abri um sorriso limpando as lágrimas e nos aventuramos naquele mar de gente tentando concluir nossa missão.

Eu sabia que se falasse com meu primo talvez ele conseguisse fazer a ponte entre mim e Apollo mas o desgraçado ia me zuar pra sempre e ia começar a jogar muito na minha cara, então sem chances. Vou provar que sozinha consigo atingir meus objetivos.

The Hater -Apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora