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Sabe aquela semana sufocante onde tudo tá dando errado? Então, eu tava vivendo uma dessas. Tinha brigado com a mulher do meu chefe lá na padaria, na matéria de Técnicas de Cozinha eu tinha um teste prático sobre cortes e eu sou muito ruim nessa merda, os inquilinos que estão na minha casa me ligaram pra falar sobre goteiras na casa e o imprestável do meu genitor não tá querendo resolver o problema. Estou em um estado de estresse puro.

—Inferno de faca cega. — resmunguei olhando pro corte horrível que fiz no pepino.

Eu tinha comprado uns vegetais pra ir treinando mas os cortes nunca ficavam perfeitos iguais aqueles que os professores faziam. Quem iria querer comer em um restaurante onde os vegetais são cortados de um jeito todo feio e desconexo? Eu desisto, talvez gastronomia não seja minha praia, e se não for o que será? Nunca pensei em fazer outra graduação.

—Tá fazendo o quê ai?— escutei uma voz atrás de mim e acabei me assustando e me cortando. A faca não era tão cega assim na real.

—Porra, era só o quê faltava.— choraminguei olhando pra minha mão.

— Se machucou? Deixa eu dar uma olhada.— disse em um tom de preocupação.

Apollo era o dono da voz e se aproximou tentando ver o corte que fiz em meu dedo mas eu escondi a mão atrás do corpo e torci o nariz orgulhosa.

—Não precisa, não é nada que seja da sua conta.— resmunguei e abri a torneira lavando o corte que tinha sido bem pequeno, ainda bem.

—Caralho, tu sempre é bruta comigo atoa. Nunca te fiz nada.— disse se fazendo de coitado e eu olhei bem pra cara de pau dele.—Cheguei até a achar que cê era minha fã no começo e tava sem jeito.

—Sua fã? Meu querido se tem uma coisa que eu não sou é fã tua.— esbravejei lembrando do meu tempo desperdiçado apoiando ele. Agora eu tava mais pra hater.

—Então qual teu problema comigo? Eu tô aqui tentando conviver numa boa mas você não facilita. — resmungou. E de novo me botou como a vilã da história.

Sabe aquela hora quando você simplesmente cansa de fingir que tá tudo numa boa? Pois então.

—Nunca fez nada pra mim? Tem certeza?— arqueei a sobrancelha.—Não lembra de mim, Apollo? Sério mesmo?

Ele me olhou fixamente de cima a baixo e piscou confuso.

—A gente já ficou?— perguntou seriamente.

—Você tá brincando? Ai meu Deus, não mesmo. Cruzes. — fiz cara de nojo e larguei a faca colocando as mãos na cintura. — Você esqueceu da bda7?

—O quê tem?— perguntou confuso.

É, eu as vezes desconfiava que ele lembrava de mim mas pagava de desentendido pra não rolar uma treta mas aparentemente ele era só mais um babaca que agia injustamente com as pessoas e não tinha um pingo de remorso. Que ódio desse homem.

—Serio mesmo, como tu é escroto com alguém, faz tweet xingando e os caralho a quatro e esquece tão rápido?— perguntei descrente. —Ah, vai se fuder.

—Qual foi? Mina mo surtada, fica me xingando gratuitamente parça.— franziu o cenho confuso e olhou bem pra mim.—Espera... você era a stalker maluca?

Perguntou depois de uns bons segundos me analisando de perto. Fiquei mais puta ainda com o apelido.

—STALKER MALUCA?— gritei apontando pra mim mesma ofendida. —Eu não era stalker nenhuma.

A parte do maluca infelizmente não dá pra negar, mas essa é uma das minhas melhores qualidades ele que não sabe aproveitar.

—Então tava fazendo o quê no meu camarim tirando foto minha?— questionou mais uma vez e igual da primeira vez eu senti uma vontade enorme de jogar querosene nele e tacar fogo mas sou bonita demais pra ser presa.

The Hater -Apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora