Capítulo Quatro: Entre o Medo e a Bravura

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*

Vocês devem estar se perguntando: " o que caralhos eu acabei de ler no capítulo anterior?"

Pois bem, eu vos digo.

Primeiramente, Francis é um homem solteiro de Trinta e Sete Anos, divorciado e que vive sozinho em sua casa no final da rua.

Francis paga as próprias contas e cuida da própria vida como ele acha melhor, isso também o dá direito de sair com quem ele quiser independente de gênero, sexualidade e outros. Desde que, sempre, o respeito prevaleça em primeiro lugar. E não é ignorância da parte de ninguém, é apenas fatos.

Apesar de ser uma pessoa quieta e reservada na comunicação, Francis é curioso e experimentar coisas nas horas vagas, é seu passatempo preferido. Isso inclui explorar sua sexualidade, seus gostos e aversões, aprender uma habilidade nova, aperfeiçoar a fluência dos idiomas que sabe falar e muito mais. Um homem maravilhosamente independente e inteligente.

Ele é livre pra fazer o que quiser e ficar com quem quiser, não é como se fosse um crime ou que ele tivesse de viver como uma pessoa à parte gostaria que ele vivesse. A vida era dele e com quase quarenta anos, ele amava colecionar experiências. Então não se preocupem, as coisas voltarão ao normal. Desde que respeitem as decisões dele. E será maravilhoso.

(Alerta Vergonha Alheia, mas quem se importa de fato?)

Enquanto Afton e Abertsky Peachman terminavam suas bebidas no balcão do bar, Angus e Francis levantavam as calças do lado de fora, ajeitando seus trajes e ficando impecáveis novamente.

- Você não vai se limpar?

Angus abotoava seu paletó roxo, enquanto se virava para encontrar Francis já pronto, com as mãos nos bolso e cigarro entre os lábios. Observando o céu, com os pensamentos distantes.

- Limpar o que?

O empresário riu e revirou os olhos e antes de sair, dera um tapa certeiro no traseiro de Francis, que agora sabia do que Angus estava falando. E provavelmente, passaria no banheiro sem falta.

*

Depois de algum tempo, por mais que tivesse saído com Angus mais duas vezes, nada tirava aquela mulher negligenciada pelo marido da cabeça do Leiteiro.

Muitas noites, ele fazia planos e os revisava mentalmente, ensaiando algumas vezes como se aproximar da dona de casa sem ser visto ou massacrado. E por já ter um sono leve, misturado com uma insônia das bravas, Francis saía de casa às quatro da manhã virado e com olheiras maiores do que o dia anterior.

Ele se surpreendia em saber que ainda conseguia carregar o baú do caminhão com os barris de leite sem problemas. E mesmo trabalhando de baixo de sol e chuva, estava ficando cada vez mais pálido. Ele precisava de uma rotina mais saudável.

E não vai ser o sol do dia que o fará melhorar, pelo contrário. Se não fosse por sua filha Anastacha num dia quente tempos atrás, Francis teria desmaiado no meio da rua por falta de hidratação e descanso. O estresse estava o matando lentamente.

- Querido, você tem tomado aquela vitamina que eu te dei?

Uma mulher baixinha, rechonchuda e fofa seguia Francis, enquanto ele adentrava a fábrica da fazenda. Ele já sabia quem ela era.

- Não, dona Rose. Desculpe desapontá-la, mas ultimamente, eu não tenho nem tempo de preparar minhas refeições.

Os ombros do leiteiro caem, enquanto ele passava seu crachá no visor da máquina de pontos, para registrar o início de mais um longo expediente. O dia ainda estava muito escuro, e pela previsão do tempo que viera ouvindo no rádio do caminhão, talvez o sol nem apareceria hoje. Como quase sempre.

MilkmanOnde histórias criam vida. Descubra agora