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Meridien Dia 225: 20:40:22 PM

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Meridien
Dia 225: 20:40:22 PM

É real e oficial, eu só faço merda.

Mal posso acreditar no que fiz, sequer consigo colocar em palavras o tamanho da cagada que se tornou o meu cabelo. Dormir foi difícil depois de cair em uma espiral tortuosa de desespero, contudo, meia hora de sono foi tudo que ganhei após a inquietação.

Assim que acordei tentei me convencer de que foi um sonho e tinha de ser um pesadelo no mínimo.
Estava terrivelmente enganada. Deslizo as mãos pelos fios irregulares tentando manter-me calma.

Estás desagradável de ver, totalmente em frangalhos.

Merda, eu sei.

Assustaria facilmente uma animal se tentasse — caçoa irritadiça. — Já não estávamos muito bonitas, agora dispensarei comentários.

Posso facilmente me ver indiferente olhando-me em reprovação. Por Deus, eu já entendi!.

Não vou nem comentar a parte em que você mora com eles Hyen e que possivelmente todas as empregadas da casa serão mais atraentes que você, principalmente aquela vadia ardilosa.

Merda, cale a maldita boca, eu já me odeio o suficiente. Se fosse possível me imaginar, usando saltos afiados, um vestido provocativo, elegante, sentada sob o divã com os cabelos caidos feito véu em uma postura elegante — as garras vermelhas descansando nos joelhos —, lábios pintados de vermelho, vinho e uma expressão de reprovação,  imaginaria exatamente a minha besta que faz questão de esfregar na minha cara a burrada que fiz.

Céus, eu quero rir de nervoso tipo aquelas loucas que precisam ser urgentemente internadas. Nada dá certo para mim. O que Zac dirá quando descobrir, ele sempre gostou de meu cabelo longo. Merda, o que todos eles dirão?

Encaro os fios espalhados pelo chão e o estômago se agita, embrulhado. Ninguém me ajudaria com isso, sequer resolveria meu problema, eu estava ferrada, largada no meu próprio azar. Precisarei bem mais que um bom corte para ajeitar as escadas irregulares do “chanel”.

Talvez se eu pudesse sair a tempo, sem ser pega, resolveria o problema, contudo não serei ingênua ao ponto de cogitar ser fácil, não será.

São por volta da seis da manhã, suponho, pela forma que a claridade transborda pelas frespas da cortina.

Frio costumeiro atinge o meu corpo despido, envolvo-me em meus braços tentando dissipar o frio. Durante o trajeto em direção as vidraças temperadas de preto, avistei meu reflexo, desnudo.

A poupa da bunda transbordando sob a fina calcinha rosa, turquesa, de renda. Essa foi a peça menos indecente que encontrei ontem a noite para vestir, além do blusão cinza, abandonado no fundo do closet, tão escondido que parecia irrealista a existência.

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