Capítulo 2: O dia.

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Nessa noite, sonhei que estava numa floresta incendiada... tentei fugir, mas não consegui, porque uma árvore caiu sobre mim. Então não foi um sonho, porém um pesadelo. Acordei tarde e mesmo assim devo trabalhar para esse império que não para de crescer. A cidade é nobre, porém não consigo ver isso com tanta vantagem. É algum vazio que eu não consigo preencher.

Troco o almoço pelo café da manhã e perto do portão da cidade falo com o "Guardião das tarefas" a fim de adquirir uma missão:

- Deixe-me ver aqui... todas as missões curtas e médias já foram concluídas por outros que vieram mais cedo. Agora só tem missões longas. Você quer ir mesmo?

E agora? Eu deveria ter escolhido arrumar a bagunça de ontem para hoje após a minha missão, mas me lembro do Tarrake dizendo "Como você poderá entrar na minha equipe sem se esforçar?".

- Já se decidiu? - perguntou um qualquer que estava atrás de mim esperando a sua vez.

- Sim, eu irei, mas não sei se volto vivo.

- Você é o companheiro do Tarrake, o futuro imperador, creio que irá se dar bem - disse o Guardião.

Ele não sabe, porém eu realmente não sou tão bom quanto ele pensa.

Já que passei pelo portão gigante, estou fora do império e junto com o lugar mais calmo que se pode existir, a natureza. Pelo menos, sem o Tarrake nas missões, posso demorar um pouco apreciando esse lugar! De onde veio essa tamanha paixão?

Irei acampar aqui, pois tenho a tarde e a noite inteira para terminar a missão. Então fui para a o lugar bem arborizado, com pequenos animais e cachoeiras. Fiquei horas apreciando, porém dessa vez não vi nenhuma coisa nova, pois acho que ainda estou perto do império, mas como é bom sair! É como se não existisse mais obrigações na vida!

Fiquei até o pôr do Sol. Agora estou na trilha indo para a missão de conquistar uma vila pequena e roubar tudo... eu não me sinto bem ao fazer isso, mas é uma obrigação.

- Aquele guardião me mandou para uma missão dessas? Oh, que vila pequena, bem pequena. - falo com ironia.

Começo a criar planos, pois a estratégia é sempre melhor que a força, mas descubro que eu sou péssimo nisso. Apesar de toda aquela pressão, algo me atrai... removendo toda a minha atenção... é uma coisa ruim... que vem sendo resgatada do pesadelo. Sim, é uma floresta de pinheiro incendiada, mas aquilo não acontecerá novamente, porque, dessa vez, eu irei deter a floresta corrompida por fogo. Ao chegar no "pesadelo", percebo que as coisas que causaram os incêndios não foram raios... não foram híbridos... não eram os ninhos inflamáveis dos pássaros... as coisas, meu Deus, eram homens caçadores encurralando raposas inocentes com suas espadas sem misericórdia! Então aponto a minha espada para eles e com coragem digo:

- DIGNOS DE MORTE! Não matam por sobrevivência! Vejo de longe seus rostos orgulhosos em pôr sangue justo em suas mãos!

- Quem você pensa que é? A mãe da natureza? Você cairá sobre os nossos pés e clamará para que paremos de atormentar os animais! - Disse um dos caçadores com muita bravura.

Onde eu me meti? Essas pessoas são muito piores do que imaginei. Não tem mais como voltar atrás, mas é o certo!

É uma luta de três contra um. Depois que aquele falou, atiraram lanças de fogo contra mim, mas desviei subindo nas árvores sem que me vissem.

- Sumiu, mas não foi tão longe! Procurem-no!

- O covarde quer salvar as raposas! Vamos matá-las para que ele fracasse, mas não baixem a guarda!

Eles tiveram até que uma ideia boa para me atrair, mas as raposas já se distanciaram o suficiente para que eu consiga deter os caçadores antes que eles cheguem nos animais! Então me locomovo pulando entre as árvores para não ficar exposto.

O primeiro é o que estava mais perto de uma raposa. Antes que ele a alcançasse, derrubei uma árvore nele, porém ele desviou.

- Mas que droga! Ele tá por aqui - disse o caçador.

Pareceu que ele estava desorientado. Então subi e pulei de uma árvore em chamas para acertá-lo com um chute. O chute no pescoço foi tão forte que o fez voar até num tronco batendo as suas costas. Acho que não chamou a atenção dos outros, pois se separaram bastante.

Começo a ouvir explosões em outro lugar... com certeza, é um dos outros!

Fui imediatamente ao local, porém não pude ter o mínimo de cautela. O
caçador, estava prestes a atirar na raposa. Ao me aproximar correndo, virou a sua mira para mim, mas não morri, pois coloquei a minha mão no cajado e o elevei para cima fazendo com que o caçador acertasse numa árvore. Logo ele se distanciou e começamos a lutar bravamente com as nossas armas até que a árvore a qual ele havia acertado cai entre nós e nos separa. Para ser rápido, chutei o tronco da árvore que o fez o caçador voar largando seu cajado. Então pulei, peguei o cajado no ar e o acertei com uma grande explosão! A raposa que ali estava, provavelmente fugiu.

O terceiro e último era o mais novo entre eles e estava desesperado gritando em alta voz pelo dos seus conhecidos...

- George! Luis! Onde estão!? Vocês prometeram que iriamos voltar sem que a nossa mãe nos visse! Por favor, me respondam!

Naquele momento, ele já não era mais um caçador, mas sim uma presa de um predador o qual sou eu.

- Uma trilha! Acho que é o caminho para casa. - disse o rapaz com esperança.

Mas há um porém, pois eu estava na trilha. Corria abalado e chorando pela própria sobrevivência até que eu apareço de repente no seu caminho. Perto dele veio uma raposa desorientada. Ele me olhava com seus olhos cheios de lágrimas sabendo que seus irmãos estavam mortos, mas queria se vingar de qualquer jeito. Então começou a perseguir a raposa, fora da trilha, a fim de matá-la. Não sei o porque de deixar de viver para se vingar.

A raposa, fugindo dele, escala rapidamente numa árvore comprometida. O rapaz viu que foi uma péssima escolha ter escolhido a vingança. Então, por pena, eu o deixei fugir.

Porém, a árvore a qual a raposa está, começa a cair. Não sei como, mas eu consegui pular muito alto e assim resgatei o animal. Não aterrissei bem, mas pelo menos eu a salvei.

Ela desmaiou, mas por que ela não tem medo de mim sendo que sou um humano? Será que é por eu ter salvado ela? A resposta talvez eu nunca saiba, mas valeu a pena. Infelizmente a sua manada já foi embora e eu não posso deixá-la aqui. Por fim a minha paixão pela natureza foi tão grande que ali eu estava disposto a violar uma das leis mais sérias do império... ter um animal doméstico em casa.

Era de madrugada e tive muita sorte de chegar em casa, pois parece que todos do império estavam dormindo num caminho especial que fui escondido.

A raposa está bem e agora está dormindo...

Já que eu tenho um animal doméstico, devo dar um nome a ela. Que tipo de nome se dá para uma raposa? Fernanda? Nem pensar!

Fiquei pensando em vários nomes, mas optei por criar. Que tal o meu nome feminino? Sorrama? Não, muito forçado, mas eu quero que nossos nomes tenham uma gota de semelhança. Se nossos somes começam com "Sorr". Agora sim! Então seu nome será Sorrel! Esse é o seu nome, Sorrel!

History Of Crafts - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora