Notas da autora: Esse capítulo aborda o passado de um dos personagens e, embora ele não seja mais assim e nem perto disso, é importante para entender a ligação e a relação que os dois possuem.
Aviso gatilho: Contém apologia a depressão e tentativa de suicídio. Caso seja gatilho para você, por favor, não leia as partes em itálico.
Caso precise de ajuda ligue para 188 ou acesse as plataformas sociais do Centro de Valorização da Vida (CVV).
Ou então me mande uma dm. Eu tenho alguns problemas psicológicos, não sou de grande ajuda, mas posso te ouvir com todo o meu carinho e minha atenção.
Você não está sozinha (o) ❤️.
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— E então, como foi a missão? — Satoru questiona, balançando o corpo levemente de um lado para o outro. — Com detalhes, dessa vez.
Este encontra-se sentado no chão frio, apoiando suas costas contra a porta entreaberta de madeira do banheiro de Suguru — que, no momento, está imerso em um banho quente e demorado, buscando relaxar após a missão extenuante. Enquanto aguarda impacientemente por uma resposta, seus olhos, ocultos pelo óculos escuros, observam minuciosamente o quarto do melhor amigo, avaliando a extrema organização e limpeza que sempre caracteriza o cômodo. Sua expressão denuncia um misto de descontentamento e frustração, provenientes do incômodo que queima seu estômago. A fonte dessa frustração reside no fato de Suguru ter partido numa missão na manhã de sábado e só ter retornado há dez minutos atrás, às onze da noite do domingo. O que o incomoda profundamente é a ausência completa de qualquer mensagem, mesmo que curta, durante todo esse período. Quem diabos passa tanto tempo fora em uma missão que sequer envolve deixar cidade e não dá, ao menos, um sinal de vida? Afinal, ele quem costuma ser rotulado como o "irresponsável" e ''cabeça de vento'', não Suguru.
É impossível não remoer certa insatisfação.
— Você perguntou a mesma coisa três vezes, Satoru. — A voz abafada pelo ruído da água caindo alcança os ouvidos atentos do albino. — Eu já entendi que você está chateado comigo.
O homem de cabelos esbranquiçados suspira profundamente, sentindo a tensão aumentar em seus músculos retesados. Não está contente com a resposta evasiva que recebe. Não esperava um retorno caloroso, todavia a falta de comunicação o deixa ansioso e ainda mais inquieto.
— E com razão, não acha? — Satoru esfrega as mãos no rosto, buscando acalmar-se da maneira que consegue. — Da última vez que você desapareceu por quase dois dias sem dar sinal de vida, eu te encontrei em estado de overdose... Justamente quase sem vida!
Suguru se sente momentaneamente angustiado com a lembrança do incidente citado, mas sua expressão permanece imutável sob o chuveiro. Ele fecha os olhos e sente a água quente escorrendo por cada centímetro de seu corpo retesado.
Satoru franze a testa, suas sobrancelhas erguendo-se, enquanto ele contempla seus próprios pés descalços. Se lembra vividamente do incidente traumático que ocorreu anos atrás, quando após uma missão encontrou Suguru espumando no chão do apartamento dele, à beira da morte por ingestão excessiva de medicamentos. Um dos momentos mais assustadores de sua existência. Ele, que sempre acreditou ser o mais forte e o mais capacitado a salvar a vida de alguém, viu-se completamente impotente diante da situação. Assistir às suas convicções sobre si mesmo desmoronarem diante de seus olhos foi intimidador; amedrontador. Sequer soube identificar quando tudo começou a dar errado dentro da mente de Suguru e o momento em que houve a real piora, levando-o a querer tirar a própria vida. Descobriu da forma mais dolorosa possível que só pode-se salvar aqueles que já estão preparados para ser salvos.
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Fanfic"Eu estava tropeçando, procurando no escuro, com um coração vazio. Mas você diz que sente o mesmo, nós poderíamos ser o suficiente? Amor, nós podemos ser o suficiente." Onde Satoru e Suguru são melhores amigos e gradualmente começam a notar que são...