Chapter Five - Training

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Segunda-feira.

O final de semana passou voando.

A ideia inicial era que Itadori e Kugisaki passassem apenas a noite de sexta para sábado na casa de Fushiguro, todavia tudo acabou saindo um pouco diferente do esperado. Isso porque, inesperadamente, se divertiram muito mais do que imaginaram — inclusive o usuário de shikigami — e, por essa razão, foram convidados por Suguru a permanecer até a manhã de segunda feira. Satoru não se opôs à ideia, estava gostando da presença de seus alunos, embora tenha sofrido bastante nas mãos maléficas deles nas últimas três noites.

Na primeira noite, Satoru foi obrigado a arrumar toda a bagunça que sequer participou. Depois disso, os outros quatro jogaram vídeo games e o entregaram um controle que nem mesmo estava conectado no console — apenas para fingir que ele estava participando, tal qual irmãos mais velhos fazem com crianças pequenas. Para finalizar a sexta com chave de ouro, o quarteto disse a Satoru que esperariam que ele tomasse banho antes de começar a assistir ao filme Minhoca Humana 4. No entanto, quando Satoru retornou à sala de estar, descobriu que o filme já estava sendo exibido na televisão há vinte e dois minutos.

No segundo dia, ao despertar no sábado, encontrou sua face adornada por desenhos aleatórios feitos com caneta preta permanente, exigindo mais de uma hora para removê-los por completo. Já a noite, viu-se praticamente compelido a bancar as quatro caixas de pizza extra grande solicitadas por delivery em uma pizzaria de alto padrão da região. Cada um dos presentes, exceto Satoru, fez sua escolha de sabor, e ele estava pronto para se lamentar no quarto por horas, até perceber que o sabor escolhido por Suguru era, na verdade, seu favorito, não o dele próprio.

Na terceira noite, Satoru se lembrou dos presentes que havia comprado em Yokohama para Megumi e Suguru, e sua atenção aos detalhes ao escolher cada um deles foi notável. Mimou o adolescente com quatro chaveiros personalizados. O primeiro tinha o rostinho de Nue, o segundo e o terceiro apresentavam os rostinhos dos dois cães divinos, e o quarto mostrava o rostinho de Orochi, todos desenhados pelo próprio albino em formato de chibi. Além disso, também o mimou com livros de não-ficção, jogos e roupas. Em seguida, presenteou o melhor amigo com três pijamas novos, o tipo de vestimenta preferida dele, e também incluiu guloseimas salgadas. Por fim, o presente mais cuidadoso foi um livro antigo que Suguru vinha procurando há meses sem sucesso nas lojas modernas de Tokyo. Pôde assistir os olhos hazel dele ganharem uma cintilação encantadora — Satoru desejou guardar aquele brilho tão genuíno. Suguru retornou à sua usual personalidade depois disso e, por essa razão, Satoru sequer se importou de ser azucrinado pelo restante da noite por seus alunos caóticos e barulhentos.

— Geto-sensei, pode correr, o primeirão não tem medo de morrer! — Satoru cantarola no banco do passageiro, sendo animadamente acompanhado por seus estudantes, que estão no banco traseiro.

Suguru ergue uma das sobrancelhas de maneira sutil, apertando os dedos com força contra o volante para controlar o ímpeto de socar o melhor amigo, cuja ousadia beira a infantilidade. E em contradição a vontade inicial que teve, o moreno inclina o canto dos lábios em um sorriso contido de divertimento enquanto acelera o carro e escuta gritos de excitação e gargalhadas ecoarem pelo interior do veículo. Embora, em certos momentos, o homem de fios brancos possa parecer irresponsável, Suguru compreende a motivação por trás de suas ações. Entende que ele faz esse tipo de coisa, aparentemente imprudente, apenas para a diversão de seus alunos e não pode julga-lo por isso. Se tem algo que admira em Satoru é sua convicção de que é imperdoável roubar a juventude dos jovens.

— Geto-sensei é um bom companheiro, Geto-sensei é um bom companheiro. — Satoru praticamente grita, ao invés de apenas cantarolar. — Geto-sensei é um bom companheiro...

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