43

611 33 2
                                    

23 de dezembro, 2022

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

23 de dezembro, 2022

Depois sentir a liberdade tocar o rosto na mesma intensidade em que a brisa do vento o toca, é difícil retornar ao ponto de partida, voltar para onde um dia doeu, mas Clarissa sentia que era necessário, que era preciso "ler o texto pontuando todas as virgulas para chegar ao ponto final do melhor modo". E era por isso que ela agora dirigia seu carro em direção a Sorocaba, por uma hora e quarenta e cinco minutos de incertezas e medo.

Seu corpo sentia-se preparado, mas o coração temia o encontro e o turbilhão de sentimentos que a cidade traria, as memórias de um passado dolorido, cheio de feridas ainda não cicatrizadas. Ela não esperava ser recebida de braços abertos, pois não seria, a parte que ainda restava dela havia morrido para sua mãe ainda no Uruguai, quando ela atirou pela janela todos os planos idealizados pela mais velha. Ainda assim, Catarina não havia sido esquecida pela filha, ainda que merecesse.

Após os longos minutos de viagem, Fontanna estacionou o carro em frente ao prédio do velho estúdio de dança da família, de modo incomum a portas estavam abertas, o que lhe causou estranheza, em tese o lugar deveria estar fechado desde que sua mãe decidiu fechar o negocio, mas ele parecia em perfeitas condições, pelo menos a fachada estava quase intacta. E para sua surpresa, a grande porta abriu-se revelando um velho conhecido, seu primo Arthur, um jovem seis anos mais novo que ela, tinha os cabelos castanhos claros como os de sua mãe e corpo magro e alto de seu pai.

O garoto logo a notou também, abrindo um sorriso alegre, e um tanto desacreditado, Clarissa aproximou-se em passos largos.

 Não acredito que você veio mesmo — ele soltou um riso, largando no chão algumas coisas que carregava consigo para abraçar a prima — Achei que era a mesma mentira de todos os anos — riu, passando os braços pelo tronco de Clarissa.

— Eu resolvi deixar de mentir esse ano - brincou, apertando o mais novo no abraço — Meu Deus, como você cresceu Arthur, que saudade do meu bebê — ela suspirou, pensando brevemente em tudo que havia perdido nos últimos anos.

— Eu já sou um homem, Lissa. 21 anos não é pouca coisa — ele diz, arrancando uma gargalhada da prima.

— Você diz como se tivesse 50 anos, garoto — ela o solta, dando um leve empurrão em seu ombro — O que você faz aqui? Esse estúdio não está fechado há anos? — ela questiona.

— Ainda está fechado, mas recebo para vir aqui uma vez por semana, limpar e ver se precisa de algum reparo — ele informou, vendo a confusão invadir a face de Clarissa — Tia Catarina pediu, ela fechou, mas não queria que ficasse caindo aos pedaços — sem que ele precise dizer muito, ela entende tudo.

— É a única coisa que ainda resta da vida perfeita que ela imaginou ter um dia — ela suspirou pesado, sentido os olhos marejarem levemente — Ela não quer que fique destruído como todo o resto das coisas.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 29 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

SUPERFICIAL | RAPHAEL VEIGAOnde histórias criam vida. Descubra agora