CAPÍTULO 4

82 13 27
                                    

SEBASTIAN LATARGE

Quando Jason teve a brilhante ideia dessa festa para me inteirar dos clientes, tinha achado ótima, desde que alguém experiente me acompanhasse.
Ordenei que enviasse AnneLiz porque é nítida a implicância que aquele fodido tem com relação a ela. Coloquei meu funcionário no lugar dele, por que o chefe sou eu, por isso mando e exijo ser obedecido sempre de prontidão e não aceito reclamação de subordinados quanto a isso. E ele fez exatamente o que mandei.
O problema foi que a festa foi organizada antes de saber sobre os fatos entre AnneLiz e minha irmã. E o pior foi Lili atrapalhar tudo trazendo o arrombado do atual namorado para a festa. Porra! O cara é um merda!
Ontem compreendi o rosto inchado após o choro de AnneLiz, tudo culpa do escroto e da desmiolada da minha irmã. E pelo que descobri é uma funcionária exemplar, dedicada, sempre focada nas tarefas que fazem a empresa crescer, além de linda e durona, como percebi em nossos encontros. Tem uma filha como dependente no cadastro, uma garotinha de cinco anos. Uma filha! Caralho! E o bosta faz uma coisa dessas com a família?
Olho a bela mulher ao meu lado se fazendo de forte, mas está no limite do seu controle vendo os dois se esfregando propositalmente exibindo a paixão na pista de dança. AnneLiz tenta disfarçar, mas os copos de bebida eliminados no momento que chegam à nossa mesa, me preocupam.
— Bem, todos os clientes foram apresentados, é hora de ir para casa, meu trabalho terminou — fala próxima ao meu ouvido pela música alta.
O hálito com aroma da bebida é gostoso.
O perfume é doce, não enjoativo, doce como morangos frescos que instiga a querer morder para ver se o gosto é igual ao cheiro.
— Ainda não está liberada, AnneLiz. Você fica! — sei o motivo que a faz querer ir, mas não deixo brecha para que proteste minha ordem.
O biquinho feito nos lábios pintados de vermelho é fascinante, quase deixo escapar uma risada. Seria desrespeitoso rir pela situação desastrosa. Mas não quero me despedir dela ainda, quero sua companhia, fora que ela precisa se divertir e esquecer aquele escroto.
— Quero que vá para a pista de dança e aproveite, AnneLiz.
— Não creio que conseguiria essa proeza, senhor Sebastian.
— Acho que dançar vai liberar essa tensão que vejo em seu rosto desde que te conheci.
Ela balança a cabeça descrente do que ouviu.
— Você jamais entenderia o que estou sentindo. Nenhuma mulher trairia um homem como você! — a voz toma um tom melancólico.
Deixo um riso amargo brotar em meu rosto. Somos muito mais parecidos do que ela imagina.
Mas a situação dela é ainda pior. Como não ficar tensa ao flagrar um chifre na própria cama? Outro garçom se aproxima e ela vira um novo shot de tequila.
— Quer saber? Vou mesmo. Todo mundo está me dando o mesmo conselho desde ontem. Talvez seja melhor aceitar.

Seu rápido olhar para onde o ex-marido está aos beijos com Lili, me deixa desconfortável. Por que ela se importa tanto com aquele idiota? Ele nem é tão homem assim, um moleque branquelo de meia pataca, que age dessa forma com a família não é homem que se preze, além disso ele não merece um mulherão como AnneLiz.
Em um brusco movimento, ela se afasta do camarote no vestido justo que realça seu corpo, indo em direção a multidão que dança na pista.
Não sou chegado a esse tipo de música pop, e muito menos correr atrás de mulher, mas percebi que ela bebeu algumas boas doses de tequila, acho melhor dar uma olhada se está tudo bem com ela.
Se estiver com alguém, supernormal já que descobri nas investigações, que deu entrada ontem nos papéis do divórcio, talvez queira uma diversão.  Apenas estou preocupado com essa estranha que me pareceu uma mulher decente e é minha funcionária. Apenas isso!
Termino o último gole do drink que pedi e vou à sua procura na pista. Desvio de grupos e pares dançando. As luzes neon incomodam meus olhos, pisco ao procurá-la, até a encontrar dançando próxima a um rapaz ruivo, já o vi nas dependências da empresa, só não lembro em que setor.
Ao me aproximar, somente ele percebe minha presença e se afasta. Ela continua a rebolar ao som de Sam Smith. Os cabelos ondulados selvagens caem sobre os ombros a deixando tão sexy de um modo selvagem. Chama minha atenção a forma como se entrega à música, movendo-se com graciosidade, como se cada nota fosse um convite para dançar com ela.
Quando percebe que estou parado olhando, sorri aberto com um brilho no olhar esverdeado. O batom vermelho é tão convidativo que preciso de todo o meu controle para não a prensar na parede aqui mesmo e provar o gosto que a boca dela têm. A quem eu quero enganar? Essa mulher mexe comigo como nenhuma outra.
— Ei! Por que não está dançando? — pega minha mão e faz com que me movimente como ela.
A canção “Greedy” começa a tocar e AnneLiz canta junto com a cantora, visivelmente desinibida pelo álcool, e puta merda, ela e a música tem razão, “essa merda não vai acabar bem”, porque o jeito que dança alisando o comportado vestido preto é provocante demais para o meu juízo.
Me chama para dançar mais perto, e nossos corpos se encostam. Ela faz com que eu queira acompanhar seus movimentos só para senti-la próxima a mim. Quando gira de costas agarra meus braços para abraçar sua cintura, tenho a nítida certeza que vou acabar perdendo o juízo. Unidos dançamos sentindo o calor um do outro. O perfume de morango está por toda parte e é delicioso. Meu rosto escova sua orelha e pescoço delgado, tendo consciência que minha respiração está acelerando aos poucos sobre sua pele. Ao pé do ouvido pergunto:
— Tive a impressão errada de que era tímida, AnneLiz.
— Sei que pareço tímida, mas essa noite exige que eu aproveite a minha liberdade.
A música constrói seu ritmo sensual enquanto nos movemos colados. Ela segura meus braços enlaçados e provoca, roçando o corpo no meu. A bunda de encontro a minha virilha não é obra divina, é tentação. Não quero ficar de pau duro correndo o risco de alguém ver uma cena dessas.
— Suas curvas vão me fazer chorar se não parar de dançar assim.
Ela solta meus braços e afrouxa o enlace. Então AnneLiz muda a posição e fica de frente, continuando a dançar.
— Dance comigo, assuma o controle! — diz com um olhar intenso.
É um desafio? Gosto de desafios. Sem hesitar agarro de volta a cintura explorando cada pedacinho ao apertar firme.
— Qual conselho deram a você hoje?
A música “Diamonds” de Rihanna começa, envolvido pelos movimentos provocantes, a conduzo para um canto mais discreto. Ela não responde, enlaça meu pescoço e sorri.
— Vamos diga, pimentinha?
— Para dar o troco pelo chifre que levei.
Nessa hora puxo seu corpo, moendo meu quadril no dela para que sinta o efeito que tem sobre mim. Com os rostos tão próximos, consigo sentir seu hálito quente.
— Não pergunte, você sabe que tem permissão — murmura com um sorrisinho travesso.
— Foda-se! — Devoro seus lábios como se fosse um manjar.
Tem gosto de morango e álcool, viciante e isso é muito perigoso, mas não pretendo me afastar, não agora. Mesmo urgente o beijo encaixa como nenhum outro e a maciez dos lábios entre as lambidas dá vontade de morder, o que ela faz primeiro me fazendo rir.
Um pensamento rápido passa pela minha cabeça. Não podemos ficar aqui, nos agarrando dessa maneira.
Afasto-me do beijo, e encaro seu rosto confuso, mas antes que pergunte algo dou um selinho pegando sua mão a fim de sair rapidamente.
— Vem comigo, pimentinha!
Desviamos do movimento, saindo da danceteria em direção ao meu carro.
Em segundos estamos nos beijando e amassando pelo caminho do estacionamento.
Encontro meu Land Rover em meio a risadas, entramos nele.
— Você está bem? — AnneLiz para de rir se acomodando no banco do carona.
— Claro que sim, não estou bêbada se é o que teme. Vou lembrar de tudo amanhã, e na segunda-feira também.
Pego seu rosto entre as mãos e a encaro firme.
— O que acontecer fora do trabalho, fica fora da empresa Latarge.
— Entendi, é agora que você me ajuda na minha vingança?
Meu olhar suaviza vendo o dela endurecer com a expressão de pimenta ardida. Não! Não vou permitir esfriar o que estava incendiando há segundos.
Beijo-a ainda mais voraz do que dentro daquela danceteria. Suas mãos afagam meus cabelos, puxando e guiando para ela. O amasso toma proporções escaldantes e a temperatura dentro do veículo aumenta, embaçando os vidros. Nossas respirações lutam para manter o fôlego, minha camisa é aberta e me livro dela como se fosse um incômodo.
— Adorei você de vestido!
Abaixo o banco em que ela está e a vejo subir a peça, revelando as coxas sedosas e perfeitas.
Por que ela não me deixa tirar o vestido? Mesmo sem sexo há meses, não é desse jeito ansioso que costumo fazer as coisas. Tento ir devagar, acariciar e beijar seu pescoço, mas AnneLiz atrapalhada tira a calcinha e me puxa para cima dela.
— Calma, pimentinha! Me deixa cuidar de você como merece.
O sorriso dengoso confirma que entregou o controle para mim. Me inclino e desço beijando suas coxas, lambendo a parte interna. Deslizo o rosto cheirando e acariciando para então encontrar a boceta depilada, beijo o volume dos lábios para provar seu gosto. Ao afastar as carnes, desfiro uma lambida lenta e ouço um som baixo diferente. Continuo, mas alerta, e quando ouço uma segunda vez identifico e me afasto atordoado. Um ronco?
— Puta merda! AnneLiz roncando?
Não é possível que perdi o jeito com as mulheres, ela dormiu enquanto era chupada? Sou muito azarado, não é possível!
Observo a mulher ferrada no sono, a boca borrada entreaberta.
— AnneLiz? Ei, AnneLiz! — tento despertá-la, mas ela se encolhe e ajeita o corpo no banco para dormir.
— Sai fora... Daniel, seu traidor! — murmura ela em meio ao sono me confundindo com o ex.
Suspiro conformado, ajeito o vestido cobrindo seu corpo e visto minha camisa.
É melhor levá-la para casa, talvez a bebida e o cansaço a derrubou, não era pra ser. Foi melhor assim, como seria nossa relação profissional depois de uma foda sem compromisso? Um desastre.
Ligo o carro e o GPS, aí me dou conta que não lembro onde AnneLiz mora. Porra! Que caralho faço agora?

🤭🤭🤭😂😂😂 A MULHER DORMIU!

Meu CEO Protetor Onde histórias criam vida. Descubra agora