A ti, Mundo.

A volta

A ti mundo,

A ti mundo, que não te escrevi durante todo este tempo, não te devo uma satisfação verídica para o meu desaparecimento.
É uma volta, triste, ou não tão triste assim, daquela que te condena de forma vil e insensível.
Mas, ao contrário de ti, não sou mais a mesma. Agora eu sinto, mundo.
Não me posso rever em ti, continuas aquilo que sempre odiei: corrompido, enraivecido e destruído.
Continuo no dilema incompreendido sobre uma necessidade inata de te salvar, mesmo pensando que as minhas palavras serão vagas, mais uma vez.
Não é uma despedida, desta vez não há um motivo plausível para que te escreva, um desabafo ou uma escolha ? Não sei. Deixo que penses da forma que mais te agrada.
As tuas chaminés continuam cinzentas, as estradas sujas, as cidades feias. Em ti, nada mudou.
Mas para mim, que agora sinto, há uma vaga esperança que se apodera da minha pessoa.
Como vês, tornei-me fraca.
Tornei-me aquilo que mais criticava, uma emotiva, conheci o amor, e mais uma vez a decepção. Conheci a inveja, a falsidade, a alegria e a tristeza e mais uma ou outra coisa que não pretendo desvendar.
Conheci a tua faceta bonita, se é que existiu algum dia verdadeiramente. A emoção torna-nos pouco sãos. Como te digo, estarei eu a alucinar quando digo que vi a tua faceta pura e simples?
Mundo, estou aqui, porém perdida. Não da mesma forma que me perdi nos textos anteriores, desolada, sem forma de alimento da alma.
Estou perdida em ti, e na bifurcação entre o belo e o não belo que há no teu interior.
Voltei à escrita, Mundo, e isso não é aquilo pelo que ansiavas. As verdades cruas e despidas voltam ao de cima.
Tenho a intenção de te salvar, mesmo que me custe os resquícios de sanidade incutidos no meu ventre. Se em algum mísero segundo, a beldade da pureza mundana existiu, ei de procurá-la.
Nada mais tenho a dizer por hoje, já muito disse e pouco pensei.

Contigo, de alguma forma

-BlastedMoon