epílogo.

71 9 7
                                    

Onze meses depois.

Não é incrível como as coisas acontecem?

Como em um dia a sua vida pode estar indo do jeito que você planejava e no segundo seguinte a coisa mais inesperada pode acontecer resultando numa enorme catástrofe e te deixando sem entender o motivo por trás disso já que aparentemente tudo estava certo anteriormente e não, você não esperava por isso.

Esse era um sentimento comum para Louis, antes mesmo dele nascer a única vida que ele conhecia já havia sido virada de cabeça para baixo quando seu genitor o rejeitou antes mesmo de ver seu rosto ou ouvir as batidas do seu coração. Isso aconteceu de novo quando teve que dar adeus para sua mãe enquanto via o caixão dela descendo até ficar á sete palmos do chão, quando seu melhor amigo o abraçou com força antes de embarcar para suas séries de viagens ao redor da Europa e a última vez... É. A vida tem dessas. Sua eterna inconstância é exatamente o que faz as coisas ficarem mais afloradas, não tem garantia com a vida, não mesmo. E assim que acordou, Louis teve que continuar enfrentando várias lutas. Físicas e mentais. 

Ele teve que lidar com as sequelas do ocorrido, sentia dor ao respirar devido as suas costelas quebradas, ele convulsionou duas vezes, teve um leve atraso na fala que rapidamente voltou ao normal, sentiu fortes dores de cabeça como consequência do trauma, teve seu nariz fraturado e sentiu a dor infernal que era, se sentiu exposto ao depor para polícia o que tinha acontecido e sentiu mais ainda quando permitiu que tirassem fotos de seus ferimentos para levar como prova, se sentiu sozinho e humilhado, se sentiu mal e culpado ao ver Noah com o braço fraturado, se sentiu um peso na vida das pessoas que amava, ele sentia tudo e ao mesmo tempo não sentia nada.

Após duas longas semanas ele teve alta e rapidamente começou seu tratamento psicólogo, foi mais do que necessário. Três vezes por semana ele tinha sessões virtuais com a psicóloga e isso fez com que ele entendesse tanta coisa e tentasse se perdoar. Passou a morar com Lottie já que não tinha para onde ir e só de pensar no apartamento seu corpo inteiro se arrepiava. Recebeu todo o apoio, amor e carinho que poderia imaginar e isso foi o começo para uma boa recuperação física e mental.

Inclusive quando os episódios começaram.

Duas semanas após ter tido alta no hospital sempre que ele fechava os olhos, não importava o momento, sentia as mãos firmes de Harry ao redor de seu pescoço e isso era o suficiente para ele acordar gritando e ofegante, ele chorava de soluçar até pegar no sono e sonhar novamente com a mesma coisa, fazendo tudo voltar de novo. Parecia um ciclo que não terminava, ninguém sabia como contornar a situação e Louis já não queria mais dormir para evitar os pesadelos, o que piorava tudo já que era exatamente de descanso que o seu corpo precisava para se curar. Após alguns dias daquele jeito, Zayn se voluntariou para dormir com ele no quarto de hóspedes da casa de sua irmã, ele colocava um colchão no chão e cantava para ele até que ele pegasse no sono. Isso se repetiu por semanas e fez os episódios diminuírem em cerca de noventa por cento.

Dois meses após o ocorrido Louis já conseguia andar na rua, sem medo, mas também sempre acompanhado ou acompanhando alguém, aos poucos ele foi voltando em sua rotina, fazendo fisioterapia e indo presencialmente ao psicólogo. Ele ainda tinha um medo estranho de que a qualquer momento algo horrível aconteceria com ele, mas era um dia de cada vez. Três meses após o ocorrido ele já dormia perfeitamente bem e a noite inteira, fazendo com que seu amigo não precisasse mais dormir ao seu lado. Noah passava para visitá-lo também, mas Louis ainda não conseguia olhá-lo sem sentir vergonha e culpa e então Noah passou a diminuir a frequência com que via Louis, até chegar um ponto em que ele não o via mais.

Quatro meses após o ocorrido ele recebeu uma notificação de quitação de dívidas do financeiro do hospital, o que foi uma surpresa já que eles ainda estavam tentando entender como pagariam por aquilo, mas ao ler a assinatura que ele tanto viu de perto durante dois anos e meio e que Nova York havia sido o local de onde o dinheiro havia sido depositado, ele entendeu. Louis teve um ataque de pânico e teve sua mão segurada pela sua irmã durante todo o tempo. Louis conseguiu uma medida protetiva contra o seu agressor. Ele tentou processá-lo por todos os abusos que sofreu, mas toda vez que ele dizia o nome do seu agressor para a autoridade recolhendo seu depoimento, ele percebia que não daria em nada.

prisoners • l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora