Prólogo

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A morte do meu querido pai

Muito se pergunta sobre o que aconteceu com os fundadores de Hogwarts e a verdade é que eles viveram muito mais do que a maioria imagina graças a uma pedrinha mágica de muito valor. O fato é que a vida e a juventude dos quatro fundadores foram longas o suficiente para que seus descendentes diretos vivessem quase um milênio depois que a escola foi construída e trouxessem consequências devastadoras as gerações que viriam depois deles.

E tudo começou quando eles decidiram se destruir.

Hoje é 20 de julho de 1978 e, apesar dos raios de sol iluminando a janela da cozinha, o chão ainda está coberto de neve. O cheiro do café chama minha atenção e eu consigo levantar a cabeça e o olhar que antes estavam nos livros. Apesar do grande hábito em leitura, compras e café, a companhia do meu pai era de longe a que eu mais amava.

- Aqui está. - Disse meu pai animado, colocando a xícara de café na minha frente. - Para minha querida herdeira, o café mais saboroso do mundo.

- Obrigada, papai. Você é o melhor pai do mundo. - Falei com um sorriso enorme no rosto, enquanto levava a xícara de café até a boca.

Nos encaramos um pouco com sorrisos nos lábios e carinho no olhar, e nos sentamos na varanda da nossa casa para tomar nosso café. Há 5 anos que esse é o nosso local favorito pois, desde que eu falei que amava florestas, aos 6 anos de idade, meu querido pai me presenteou com uma casa que tinha uma floresta com 20m de distância da nossa varanda.

Esse ano eu estava bem animada pois era o primeiro ano que eu iria para Hogwarts. Meu pai fundou aquela escola junto com mais 3 amigos. Amigos esses que, há um certo tempo, se afastaram do meu pai por não concordar que apenas bruxos de sangue puro estudassem lá. Apesar de uma briga sem vencedores, apenas a tia Rowena concordava com meu pai.

Todos estavam animados e um pouco preocupados pois, como falei, esse era meu primeiro ano na escola. Não só o meu, mas também da minha querida prima Luna. A tia Rowena é casada com o tio Snape, único irmão do meu pai. Eles são as únicas famílias que eu tenho. A minha mãe, Blair, da qual herdei o nome, morreu fazendo experimentos de poções que ela mesmo criava quando eu tinha apenas 2 anos de idade.

- Amanhã vamos receber a visita dos seus tios e da Luna - falou meu pai, me tirando dos meus pensamentos.

- Eu sei, papai. Estava conversando com a Luna hoje mais cedo, quando mandei para ela as fotos dos livros que comprei e ela me contou - completei sorridente.

Eu amava quando a família se juntava. O que eu não esperava, era que seria o último dia da família toda reunida e meu último dia ao lado da pessoa que eu mais amava: meu pai.

21 de julho de 1978

O dia amanheceu com uma leve chuva, mas que logo viraria uma longa tempestade. O que nunca foi problema para nossa família. Ao contrário do que muitos gostam, nossa família se sentia em paz com a tempestade. Combinava com a gente. A chuva, café, chocolate quente, marshmallows na lareira da sala, livros, biscoitos com gotas de chocolate, bolo de laranja quentinho saindo do forno, torta de limão e a especialidade das primas: qualquer bebida quente e livros.

Porém, naquele mesmo dia, não contávamos com visitas. Aliás, jamais passaria pela minha cabeça que, alguém em sã consciência, visitaria outra pessoa no meio daquela tempestade. Mas lá estavam eles, Sr. Godric Grynffindor e Sra. Helga Hufflepuff, na porta principal da minha casa, às quatro da tarde, no meio de uma das maiores tempestades já vista na Irlanda. Assim que eles entraram, o tio Snape pediu que fossemos para o quarto para que os adultos pudessem conversar, mas não deu muito tempo até escutarmos um barulho de discussão vindo da sala de estar. Eu, juntamente com minha prima e quase irmã Luna, corremos para a escadaria central, tentando ver o que estava acontecendo, mas, mesmo com toda aquela chuva, eles foram para o lado de fora da casa, sentido a floresta.

Na minha cabeça surgiram vários pensamentos com muita velocidade que, se estivessem em uma corrida, sairiam atropelando uns aos outros. Rapidamente eu corri para meu quarto e peguei a varinha da minha mãe que estava guardada na segunda gaveta do meu criado mudo e desci correndo, juntamente com a Luna para onde estavam os adultos. Ao chegar na porta de entrada, vimos jatos de luzes que nos cegaram por alguns segundos e, ao olhar de novo, na mesma direção, vimos o tio Snape sangrando, a tia Rowena estava deitada no chão, juntamente com meu pai, imóvel.

Sem pensar duas vezes, a Luna pegou a varinha da minha mão e saiu correndo na direção onde eles estavam. Acompanhei ela, mas parei ao lado do meu pai. Aquela expressão vazia no olhar, nenhum movimento ao me ouvir falar, seu corpo estava pálido e toda vida que existia ali, se foi junto com a minha voz enquanto gritava pelo meu pai.

Com todo ódio que consumiu meu peito, eu poderia facilmente explodir. Sem prestar muita atenção ao que estava acontecendo ao meu redor e nem perceber que a Luna havia curado o tio Snape, eu peguei a varinha do meu pai e gritei:

- AVADA KEDAVRA - sem nem saber o tipo de maldição que havia citado, eu matei Godric Grynffindor, olhei de canto, possuída pelo ódio, mirei a varinha para a Helga e gritei mais uma vez - AVADA KEDAVRA.

E lá estavam, diante dos nossos olhos, os quatro fundadores da escola que eu ia estudar, mortos. O tio Snape tirou a varinha do meu pai da minha mão, a varinha da minha mãe da mão da Luna e nos abraçou, olhando aquela cena absurda diante dos seus olhos, consolando a filha chorando pela perda da mãe, a esposa que ele tanto amou a vida inteira e minhas expressões vazias.

24 de julho de 1978

Embora a história da morte dos quatro maiores bruxos e fundadores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts tenha acabado dessa maneira, não foi como contamos ou nos defendemos no Ministério da Magia. O tio Snape foi chamado para depor por estar no local, mas, Luna e eu contamos que ele não estava envolvido na briga, que se tratava dos princípios da escola e que resultou na morte dos fundadores. Após tio Snape confirmar toda a situação, fomos liberados pelo Ministério da Magia como pessoas inocentes.

O tio Snape cuida da gente agora, mas aquela família alegre, tinha morrido. Não que não éramos felizes, mas sim, como se sempre faltasse algo. E faltava, porém nunca mais teríamos novamente.

Todo esse acontecimento mudou totalmente minha maneira de pensar, de agir e de como eu seria a partir daquele momento. Alguém tinha que continuar a história que meu pai começou. Alguém tinha que mostrar que a morte dele não foi em vão. Posso até concordar que meu coração é ruim, mas pelo menos meu sangue é puro.

A HERDEIRA DE SALAZAROnde histórias criam vida. Descubra agora