Capítulo 1: Foi só um beijo, Blair

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Apesar de todo esforço para me enturmar e fazer amizade, um sorriso bonito enganava mais pessoas do que eu poderia imaginar. Aqui, sentada no salão principal, comendo minha torrada com geleia de menta às 7 em ponto, eu observava a mesa dos grifanos. Eles sorriam e comentavam o quanto foi fácil ganhar da lufa-lufa no quadribol. Até que senti a presença de alguém se aproximando de mim, mas eu estava tão vidrada observando aquelas pessoas que só saí do transe quando ouvi:

- O que está olhando? Não vai me dizer que você está apaixonada no Potter? - Era a voz do Malfoy, quase sussurrando no meu ouvido.

- Você enlouqueceu? Estava ouvindo a fofoca deles falando mal da lufa-lufa. - Falei e dei um sorriso para completar a mentira que eu tinha acabado de contar.

Eu não estava prestando atenção na conversa. A única coisa que passava pela minha cabeça era qual sangue ruim eu iria me desfazer primeiro.

-Que fofoca? - Perguntou Pansy enquanto sentava à minha direita.

- A Blair está caidinha no Potter e o Malfoy está com ciúmes. - Rebateu Goyle, sem ao menos engolir o bolinho de chocolate que havia enfiado na boca.

- A Blair não está caidinha pelo Potter e nem o Malfoy está com ciúmes. Goyle está gastando os dois. - Completou Zabini e todos caímos na risada com a cara de medo do Goyle ao sentir que recebeu um tapa na cabeça do Zabini.

Todo esse clima descontraído me fez lembrar do meu amado pai. A pessoa que eu mais amei no mundo. A pessoa que eu mais confiei. E embora eu tenha feito "amigos" por aqui, é como se ainda não pudesse confiar em ninguém. A única pessoa no mundo que ainda confio e divido tudo que se passa nessa cabecinha é a minha querida prima Luna. Eu também confio e conto muitas coisas para o tio Snape, mas por ele ser professor e nem sempre estar presente, a Luna é quem mais tenho contato. Sem falar que não revelamos que somos família aqui, embora algumas pessoas tenham conhecimento, não é algo que deixamos claro para que não haja entendimento errado como "benefício familiar".

- Blair, aqui está o trabalho que a professora Aurora Sinistra passou. Eu demorei um pouco para concluir, mas como a entrega ainda é para o período da tarde de amanhã, estamos no limite do prazo. - Hermione falou sorridente enquanto interrompia meus pensamentos. - Come logo ou vai se atrasar para aula. - Completou.

- Já acabei aqui. Vou deixar isso no meu dormitório e sigo para aula. Obrigada, Mione. - falei com um sorriso enorme no rosto. Maior até do que gostaria.

Hermione Granger, grifana, intrometida, sangue ruim e... uma das minhas amigas aqui na escola. Isso mesmo, minha amiga. Bom... eu preciso de algumas pessoas que eu não suporto por perto para manter as aparências, não é? Já fui julgada precocemente por ser filha de Salazar e espalharam boatos que eu só vim para essa escola por meu pai ter ajudado a fundar e não por realmente merecer.

Pobres coitados, não sabem 1/3 do plano que eu tenho para essa escola. E que os boatos são extremamente fracos para o que realmente vou fazer por aqui. Mas não me importo com os olhares que me subestimam, aprendi com a vida que é por trás dos rostos mais dóceis que vivem as mentes mais cruéis.

Cada dia que passava, eu me empenhava cada vez mais para aprender poções, feitiços e tudo que me fosse útil. Cheguei ao ponto de me tornar a melhor aluna em poções e feitiços da escola. Além da aluna mais nova a entrar para o time de quadribol como apanhadora pelo talento em voo.

Tudo isso por não poder espalhar o meu talento em ler as pessoas e conseguir decifrar o medo, alegria, nervosismo ou qualquer outro sentimento que ela esteja escondendo apenas olhando para elas.

Assim como estou percebendo a ansiedade da Pansy ao meu lado, na aula de poções, por se perder nas contas das gotas de urina de duende e tendo que reiniciar toda a receita.

A HERDEIRA DE SALAZAROnde histórias criam vida. Descubra agora