Cartas para Jade

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Jade Picon

Se passaram quase um mês depois da despedida deles e as sensações daquela noite ainda estavam vivas na Jade. Ela não esquecia um minuto sequer, foi intenso, foi apavorante. Sim, porque descobrir o que ela ainda sentia por ele a assustou. Saber que ele iria embora no dia seguinte não ajudou. Jade se sentia a mesma garota de dezessete anos, amando aquele garoto profundamente e tendo que lidar com a sua partida. A única diferença era que ela sabia que ele iria embora, mas mesmo assim isso não a preparou para nada e nem a fez sentir menos mal no dia seguinte ao acordar e lidar com a realidade. Ela foi rude, ela sabia, mas ela não poderia agir de outra forma. Ela não queria que Paulo André a visse quebrar ao vê-lo partir outra vez.


As palavras dele antes de ir embora não a deixou menos triste, mas ela pode confessar que foi necessário ouvi-las para poder fechar aquele ciclo. Finalmente acabar com qualquer raiva e mal entendido que ainda existisse. E embora tivesse doído, agora ela não o julgava mais. Ela estava realmente feliz por ele ter seguido seu sonho. Tudo o que Paulo tinha hoje era porque ele merecia. Se pra isso tiveram que se separarem, paciência. Talvez não fosse pra ser e ela acha que em seu lugar teria feito o mesmo.


Jade encara o pacote em cima da sua escrivaninha. Ela ainda não havia tido coragem de abri-lo. A incerteza do que encontrar ali a amedrontava um pouco. "É algo que deveria estar com você há bastante tempo, isso não me pertence" ela pensou no que ele disse. Ela já tinha tentado imaginar o que poderia ser, mas não chegava a nenhuma ideia, muito menos tinha coragem de abrir.


Seus pensamentos são interrompidos ao ouvir o interfone tocar. O porteiro diz que tem uma correspondência endereçada para ela. Jade desce em busca dela, curiosa, porque não estava esperando por nada. Quando vê o nome do remetente, quase cai pra trás. "Que loucura é essa?" pensa alto e sai correndo de volta para o seu apartamento, com suas mãos tremendo, suando frio.


Jade: O que você fez Nina? 


Ela perguntou assim que a amiga atendeu. Algo a dizia que só ela poderia lhe explicar o que uma carta da universidade onde ela almejava fazer uma pós-graduação estava fazendo neste exato momento em suas mãos.


Nina: Você recebeu?


Foi somente isso que ela lhe perguntou e ela sabia que a amiga já tinha entendido sobre o que ela falava.


Jade: Recebi e não estou entendendo nada. Você pode me explicar? – pediu, completamente nervosa e ansiosa.


Nina: Calma, eu estou indo pra sua casa. Estou pertinho, me espera aí.


Os poucos minutos que Nina levou para chegar até lá foram uma eternidade para ela, mas finalmente sua campainha tocou. Jade correu para abrir a porta, encarando sua amiga que sorria como uma louca para ela.


Nina: Você abriu?


Jade: Claro que não. Nem sei do que se trata! O que você fez pra que eu recebesse isso aqui?


Nina: Bom ... – ela começou, hesitante. – A ideia foi do Paulo André.


Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora