Destinos Cruzados

Te amarei por toda minha vida

Paulo André

"Meus lábios tocavam velhos conhecidos meus. Meu beijo foi correspondido rapidamente e meus braços a envolviam numa teia impossível de escapar. Aquele corpo, aquela pele, aquele cheiro, era ela! Ela estava ali comigo, não estava? Não queria abrir os olhos, tinha medo, medo de que estivesse beijando qualquer pessoa que não fosse ela. Medo de sequer estar beijando alguém realmente. Mas parecia tão real. Abra Paulo André! Só um pouco ... apenas para dar uma olhada naqueles belos olhos azul esverdeado."

- Droga, Paulo André! – ele disse a si mesmo quando abriu os olhos e encarou apenas a escuridão. – Burro, burro, burro!

Paulo começou a pensar no que acabou de acontecer. Era assim que estava sendo desde que ele voltou ao país onde mora. Era sempre o mesmo sonho, ele acordava sempre no mesmo momento e se frustrava toda vez, porque é claro que ela não estaria ali diante dele. "Não consigo tê-la nem em meus sonhos, isso é o cúmulo do ridículo. Não sou capaz de mantê-la comigo nem dessa forma". Suspirou tentando acalmar seu coração e mais ainda, tentando controlar a excitação que se fazia presente sempre que ele acordava. Jade estava o enlouquecendo.

Em pouco mais de um mês ele estava sentindo mais a sua falta do que havia sentido durante os últimos dez anos. Quando resolveu viajar para o Brasil, ele tinha quase certeza de que não voltaria ileso. Ele não poderia estar mais certo. PA estava acabado.

Ele levanta e vai em direção ao banheiro, em busca de um banho gelado. O André estava evitando ao máximo ter que recorrer a sua própria mão para encontrar alívio. Tinha certeza que não conseguiria dormir depois disso, mas tudo bem. De toda forma, em poucas horas ele teria que acordar para gravar. Usaria as horas perdidas de sono para repassar as cenas.

Logo quando amanheceu começou a se preparar para o dia que seria longo. O filme estava sendo rodado a todo vapor e o papel principal exigia muito dele, o que ele agradecia. Porque enquanto ele estava em frente as câmeras, ele conseguia esquecer o quão desastroso estava o restante da sua vida. Só ali ele conseguia tirar a Jade da sua mente e focar em outra coisa que não fosse ela.

Paulo passou todo o dia envolvido com as gravações, pegando em seu celular apenas para conferir as suas mensagens, na esperança de que sua cunhada Nina tivesse uma novidade para lhe contar, mas nada até então, ou, na esperança de que Jade tivesse falado algo com ele, mas isso estava mais difícil ainda. Pois a última vez que haviam se falado, tinha sido no apartamento dela, quando ele lhe entregou as cartas e PA sequer sabia se ela já havia lido elas.

Já era noite quando a última cena do dia foi gravada. Paulo pegou a sua mochila, mas ainda permanecia um tempo na locação. Sentou num dos bancos do pequeno parque que havia dentro dos estúdios e encarou o céu completamente estrelado. Fechou seus olhos, deixando que sua mente vagasse por qualquer lugar. Sentou mais abertamente, tentando relaxar. Ele sentia a brisa em seu rosto e respirou calmamente, se livrando do cansaço daquele dia. Respirou fundo e foi então que sentiu um perfume no ar. O perfume dela.

"Ah que ótimo Paulo André, agora você está sonhando até acordado! Bom então permaneça de olhos fechados, quem sabe assim completamente ciente de que isto é um sonho, você consiga chegar ao fim dele sem interrupções." Ele falou pensando alto.