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— A última volta começa

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— A última volta começa.. agora!

Assim que ouvi as palavras de Mike, todo o meu corpo começou a formigar. Meu pé não poderia ter afundado mais rápido no pedal. Cada vez que estou na pista, todo o meu mental muda. Nada é capaz de tirar o meu foco. Eu não posso deixar isso acontecer.

Depois da sequência de treinos horríveis de ontem, fiquei no simulador por cerca de 3 horas. Não parece muito. Eu teria aceitado fazer mais horas, se Mike não tivesse me arrastado de lá para me forçar a comer alguma coisa. Valeu a pena. Gravei o circuito na minha mente e agora só precisava dar o fora.

Só volto a mim mesma quando estou passando pela curva 9 e depois pela 10. Foi perfeito.

Mas, falei cedo demais. A curva 11 foi uma bagunça, e a saída foi péssima.

— Não se preocupe, Ascari. Continue forçando. — meu engenheiro, Matt, falou.

Passei pelas curvas e segui pela reta, rezando para ser o suficiente, mas foi como pedir por um milagre. Eu sabia que a saída na curva 11 me custou um tempo precioso. O formigamento em meu corpo desapareceu. As curvas 14 e 15 passaram voando enquanto eu cruzava a linha de chegada, esperando que Matt anunciasse minha posição.

— P7, Anna. P7. A ordem é Norris, Ricciardo, Lecrerc, Hamilton, Sainz, Verstappen e você.

Ele estava tentando parecer neutro, eu poderia estar em outro planeta e saberia que esse não era o resultado que esperávamos. Após voltar para a garagem e sair do carro, a maioria dos engenheiros e mecânicos me deram tapinhas nas costas em solidariedade. Tirei meu capacete e me encostei na parede, até que meu olhar encontrou os olhos castanhos escuros de Mike com um suspiro, tanto de decepção, quanto de cansaço. Eu estava suando pra caralho.

— Hora de falar com a imprensa. — Gianna entrou na minha frente enquanto eu caminhava em direção ao Mike. Abaixei a cabeça e suspirei novamente. Ela me puxou para perto e me abraçou — não vai demorar nem 10 minutos, eu prometo! Depois disso, vou comprar donuts pra nós! — levantei minhas sobrancelhas. Afinal, falar com a imprensa não parecia tão ruim assim.

Gianna tinha 27 anos e trabalhava como Gerente de Comunicações na Scuderia Ferrari F1. Ela era uma italiana mais ou menos da minha altura, tinha cabelos castanhos lisos e era a cúmplice perfeita para Charles e eu. Nos dias bons, nos sentíamos como um grupo de amigos, rindo loucamente ou desfrutando de um silêncio confortável. Porém, nos dias ruins, Gianna Bianchi era uma força da natureza. A F1 muitas vezes parecia um círculo extravagante, quando o drama é o showman e o dinheiro é a estrela principal. Mesmo assim, ninguém nunca navegou nesses mares como a equipe Ferrari, e tudo se resumiu ao talento de Gianna para lidar com crises, polêmicas e até mesmo tirar vantagem disso.

Minha primeira temporada na F1 foi repleta de eventos interessantes. Metade do mundo ficou animado ao ver uma mulher no grid, enquanto a outra metade só odiou a ideia. Tinha que haver um equilíbrio, tínhamos que aproveitar o hype que a minha presença estava ganhando, mas, também, ter cuidado para não exagerar e acabar aumentando o ódio que metade do mundo já tinha contra mim, apenas por ser uma mulher em um carro.

STARBOY - Lando NorrisOnde histórias criam vida. Descubra agora