Capítulo três

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Após deixar os outros dois garotos confusos para trás, Suguru corre até o banheiro do colégio, ele entra e se tranca em uma das cabines. Botou as mãos na cabeça, suspirou pesado e sentiu seu coração acelerar quando ouviu alguém - um alguém que ele conhecia muito bem -, chamando por si.

- Ei, Suguru, você tá aí? - era Mei Mei, que também recebeu uma carta de amor.

- Não.

Uma das mãos da garota empurrou a carta por debaixo da cabine, o que fez Geto encarar o envelope de papel e suspirar novamente, se perdendo em seus pensamentos.

Ele conheceu a platinada no fundamental e, após dançar com ela na formatura do nono ano, um sentimento inexplicável nasceu e o levou a escrever uma carta de amor para ela.

- Eu não queria entrar sem pedir licença, mas eu vi você correndo e queria saber se você tá bem. E eu pensei que ia querer isso de volta - falou se referindo a carta -, parece bastante pessoal.

- Mei, eu escrevi isso há anos. - tentou explicar-se.

- O baile de formatura, né? - ela deu um risadinha lembrando daquela noite.

Geto finalmente tomou coragem para sair da cabine, ele encarou a garota e esperou ela falar algo.

- Eu me diverti muito naquele noite também mas, acho que eu devia te falar... você sabe que sou lésbica, né? - indagou receosa.

Ele não sabia.

- Sim, eu sabia! É claro que sabia. - um sorriso amarelo se formou em sua boca.

- Mas não conta pra ninguém... eu já me abri, eu não tenho vergonha. Minha mãe sabe... o meu pai meio que sabe. - pediu timidamente enquanto arrumava sua trança.

- Fica tranquila!

[...]

O resto do dia tinha sido normal - na medida do possível. Agora Suguru voltava para casa junto do seu irmãozinho; Megumi percebeu o nervosismo e a inquietação do mais velho, e sabia que era por causa das cartas, mas ele não ousaria contar a verdade para Geto, caso contrário, morreria - não literalmente.

Geto estacionou o carro de qualquer jeito em frente a sua casa e ao menos esperou Fushiguro, ele entrou na residência e subiu rapidamente as escadas, nem falou com Toji, que preparava o almoço. Ansioso, foi direto para seu closet, já sabendo que não ia encontrar o que procurava.

- Oi, meu bem. - o Fushiguro mais velho cumprimentou o mais novo. - Chega aí.

- Oi, pai. - sorriu como quem não fez nada.

- Você viu uma caixa verde? Tem um pano em cima e é redonda! - de volta ao andar de baixo, Geto pergunta para o pai.

- Uau. Nada de "Oi, Pai"? Ou "Por que chegou tão cedo em casa?" - Toji falou de forma divertida, mas Suguru não estava bem para se divertir.

- Eu preciso muito saber onde está a caixa! A mamãe me deu e ela é muito importante pra mim.

- Eu não sei, filho. Talvez tenha ido com as caixas para doação. - ele deu de ombros, voltando a se concentrar na comida.

- As caixas de doação? - sua voz saiu trêmula.

- Ei, você recebeu uma carta. - Fushiguro apontou para a mesinha ao lado da porta; Geto caminhou até ela e viu que era a quarta das cinco cartas que escrevera, ele a pegou e ficou incrédulo com o que viu.

- A culpa é de vocês. Eu odeio todo mundo! - gritou irritado enquanto voltava para seu quarto com o envelope em mãos.

- O que deu nele? - Toji perguntou ao filho mais novo, que estava sentado no sofá observando tudo.

Cartas de amor (SatoSugu)Onde histórias criam vida. Descubra agora