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Merda...— resmungo enquanto coloco mais uma vez o saco de gelo em meu tornozelo.


Ontem foi o puro caos. Eu tive que sair arrastando o Riddle por toda a comunal por causa do bendito diretor, que para piorar, ainda estava acompanhado por cinco professores, e não tendo motivos suficientes para desgraçar a minha vida, eu tive que arrebatar alguém que não conseguia ao menos se manter de pé. Por mim, eu teria deixado aquele encosto jogado em uma vala e ainda ajudaria o diretor a achar o corpo, mas não tive como utilizar desta opção porque agora eu preciso desse desgraçado.

Sem nenhuma boa ideia aparente, optei por deslizar para debaixo de uma grande mesa que tinha por lá e fiquei até a poeira abaixar, tendo que aguentar um Riddle energético. Além disso, a queda repentina ocasionou uma pequena inflamação em meu tornozelo.

Suspiro irritada mais uma vez só de pensar em enfrentar as pessoas depois do caos de ontem. Acabei faltando o café da manhã para evitar me estressar tão cedo, mas agora não possuo a opção de pular as aulas. Infelizmente o pacote de bolsistas não inclui as vontades humanas.

Desisto de contorcer de raiva na cama e finalmente decidi calçar o meu tênis para poder resolver essa confusão decadente antes da primeira aula.

Quanto mais eu ando, mais sussurros eu ouço. Eu poderia simplesmente desistir de continuar o meu caminho e se trancar no banheiro, mas o meu orgulho não gosta dessa opção. Com a minha cabeça erguida, ando com passos firmes enquanto procuro pelo Riddle.


Quase solto um gemido de satisfação após avistar o Riddle fechando o seu armário. Corro até ele, chamando a sua atenção. Ele termina de trancar o armário e me olha sem interesse nenhum, mas ao menos parecia esperar para me escutar.

Abro a boca, mas não reproduzo nenhum som, tento de novo e nada. Puta merda, eu não planejei porcaria nenhuma! Muito bem, Amélie, para alguém inteligente, você consegue ser extremamente burra!

Porém, não deixo de me surpreender diante do seu jeito tão presunçoso. Ele realmente parece bem alheio com a situação ou apenas não prestou atenção nos boatos.

Estou quase aceitando a derrota e indo embora, mas acabei avistando o Simon se aproximando com uns dois amigos. Minha cabeça entrou em um completo pane, fazendo com que eu dê uma pequena meia volta e ficar de frente pro Riddle novamente, não deixando de observar a sua sobrancelha arqueada, evidenciando a sua confusão.

Respiro fundo e resolvi deixar toda a minha a dignidade para lá mais uma vez, em seguida, olho para o Riddle novamente, aproximando-me ainda mais e direcionando as minhas duas mãos em seu peitoral, respirando o mais fundo que eu consegui.

Certo, ele não me afastou, ou seja, não estou fazendo nada de errado...eu acho.

Não pensei em mais nada, apenas o puxei pela sua gravata e pressionei os nossos lábios. Consigo sentir a sua respiração travando por alguns segundos, imploro mentalmente para ele não reagir de modo grosseiro e me tratar como uma tarada qualquer. Mas, de repente, sinto as suas mãos descendo e parando na minha cintura, colando mais ainda o meu corpo no dele.

Minha cabeça entra em combustão, lembrando-me constantemente de que eu estou fazendo algo irracional novamente, tento me afastar de seu toque antes que eu pare de pensar com o meu lado racional, mas desisto quando sinto a sua língua invadir a minha boca, conseguindo fazer calar todo o tipo de pensamento que eu tive até agora. Tiro a minha mão de sua gravata e a coloco em seus cabelos enrolados, puxando alguns fios.

Volto para a realidade após escutar uma exagerada tosse atrás de mim, afasto-me rapidamente do Riddle e olho para o Simon. O garoto está me olhando com fúria nos olhos, deixando claro que não está nem um pouco satisfeito com a visão que teve agora pouco.

𝐇𝐨𝐨𝐤𝐞𝐝 | 𝐌𝐚𝐭𝐭𝐡𝐞𝐨 𝐑𝐢𝐝𝐝𝐥𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora