Horas mais tarde Helô foi convocada para uma ocorrência no Galeão, Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Passou o dia incomunicável, porque não podia e ao menos havia tempo para olhar o celular.
Por fim, passou a semana inteira trabalhando diretamente do aeroporto em conjunto com a esquipe da polícia federal. Não teve muito tempo para explicar para Stenio que não poderia voltar pra casa na terça e quarta-feira.
Ele, por sua vez, estava surtado. Era assim que se sentia sem a presença de Heloísa.
Odiava dormir sozinho. Odiava ficar longe dela, do cheiro dela. Odiava o trabalho dela, porque era a única coisa capaz de afastá-la dele.
Drika, para variar, não colaborava. Quando não estava com amigas em casa em alguma espécie de pool party, estava procurando problemas. Aproveitando a ausência da mãe para viver da forma que bem entendia, saindo de casa antes de Stenio chegar do escritório e voltando só no outro dia.
Tinha o privilégio de poder se desligar parcialmente do escritório em vista de ter muita gente trabalhando pra fazer acontecer, mas isso não o deixava menos estressado.
Na quinta-feira quando acordou sem ela novamente, sentiu sua cabeça fritar. Levantou irritado em busca de um café sem açúcar para descarregar as energias no treino.
Havia sido assim na noite passada, quando se exercitou até o corpo entrar em exaustão e ele não pensar em mais nada.
Tomou um banho gelado e foi para a sala de estar, onde Creusa e Drika tagarelavam sobre alguma coisa.
- Bom dia. - ele praticamente resmungou.
- Pai! - Drika se empolgou ao vê-lo, mas mudou a expressão - Meu Deus, você tá péssimo! Que cara é essa?! - questionou largando o celular na mesa.
- Bom dia, doutor Stenio. Não fique assim não que ela já tá voltando, visse? - Creusa o consolou, conhecia muito bem a peça.
- Poxa, pai! Podemos fazer tantas coisas juntos, você só quer saber da minha mãe! - ela resmungou - Inclusive, ela pediu pra te falar que ainda essa semana volta. Não pode falar com você, mas ficamos dez minutos no facetime. Ela tá ótima, não precisamos nos preocupar.
Aquilo só serviu para deixá-lo mais puto.
- Como "não pode falar comigo"?
- Ah, pai. Provavelmente pela sua profissão, né?! Ela me falou que só tinha autorização pra falar comigo que sou filha. Mal pôde interagir com Creusita também. - explicou.
- Ela te falou onde está hospedada? - questionou emburrado.
- Claro que não, né! Olha só, o que você acha de irmos no happy hour de hoje, ein? Só pra distrair! Laís disse que se a gente for, ela pode ir com a Isa.
- Ihh, Donelô não vai gostar nada disso. Deixe o homem em casa. - Creusa opinou e Stenio suspirou. Foi para a cozinha buscar um café sem açúcar pensando na fala de Creusa.
- E aí, pai?! Posso confirmar? - Drika gritou.
- Pode ir com Laís, peço pra alguém te trazer depois. - ele autorizou indo para o quarto e a filha foi atrás, infelizmente havia puxado a sua insistência. Era tão incansável quanto ele conseguia ser com Helô.
- Não! Você vai!
- O que é isso? Invertemos papéis aqui?
- Não, pai. Mas fala sério?! Você tem algum compromisso? - ele não teve nem dois segundos para pensar - Eu sei que não! Laís me falou que você está fora hoje.