A primeira transformação

55 9 8
                                    

(Tala Swiftwater, mãe da família de lobisomens de Red Illinor)

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

(Tala Swiftwater, mãe da família de lobisomens de Red Illinor)

* * *

Com ninguém em volta como testemunha do ocorrido, Aric pôde aprontar uma perfeita encenação de um ataque de lobo a um casal de coelhos. Dessa forma, o sangue de Kato espalhado pela quadra externa seria disfarçado aos olhos mundanos. A cena não era bonita de se ver, precisou desmembrar os animais para que visualizassem o carnívoro selvagem que vagou por lá. Certamente, isso traria alarme aos funcionários e alunos. No entanto, o vampiro apenas vira a vantagem que teria assim que fossem distribuídos os avisos para que se afastassem das áreas de intensa arborização. Suas caçadas por alimento e até mesmo pelo próprio inimigo seria efetuada com menos preocupação.

Ele se apressou em limpar as vísceras de sua mão e carregou com pressa o corpo do vampiro que, há segundos, os atacou sem justificativa prévia. Adentrando a floresta, tentou guiar-se pelos sinais de Kato. Os passos desorientados ainda se faziam presentes em partes da terra úmida do local, a menos que pedras atrapalhasse a rota. Mesmo com os passos rápidos, o foco em qualquer detalhe era minucioso. Cada minuto contava para evitar que Kato se machucasse com a primeira grande transformação.

Aric tentou encontrá-lo pelo odor, mas o que predominou fora sangue negro que gotejava pela boca do cadáver em seu ombro. O recém estrago que fizera nos coelhos apenas o relembrou que estava a aproximadamente um mês sem se alimentar. Chegava a invejar o olfato dos lobos, incomparavelmente mais precisos. Mas como um tilintar de sino, Kato dominou seus sentidos, o sangue do lobo percorreu seu corpo como calafrios, o fazendo sentir a inconfundível sensação de satisfação. Mesmo assim, de forma alguma perderia a compostura, já que anos daquela vida o trouxeram um autocontrole consideravelmente adequado. Não obstante, Aric reconheceu a confusão que aquilo causava em sua cabeça.

Quanto mais adentrava a floresta, mais as folhas das árvores se entrelaçavam, recusando o sol a entrar. Nessas regiões, era comum encontrar caçadores, porém, com o inverno que passava, muitos se recusavam de sair de suas residências para sorte do lobo, que naquele instante teve novamente seus gritos ecoados dentre os arvoredos que esbanjavam a tamanha dor que sentia, tão quanto a força que aquela fera viria a ter. Aric alarmou-se com o estrondoso som e, por um segundo, o desespero tomou conta de seus passos que tomaram mais pressa. Quanto mais se apressava em segui-lo mais o sangue do outro dominava seus sentidos, partes das roupas rasgadas e pedaços de pele mostravam o sinal que estava perto de encontrá-lo.

De tantas transformações que já vira, nenhuma era tão paralisante quanto a primeira. Depois de toda a adrenalina ter passado após o confronto, ele viu com cuidado; uma nova criatura da Lua tentado ter sua vida externalizada. Era cruelmente admirável. Longe de ser abominável, mas, agressivo e intenso como um tinir de uma faísca cáustica que supre a carência do breu, quase uma arte onde o grotesco surrealista era fascinante, no qual a criatura viria a ter um potencial de matança que era maior do que o próprio portador imaginava.

Os Filhos da Lua: O pacto (Livro 1) | BLOnde histórias criam vida. Descubra agora