dismofilia corporal

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Itália, Florença

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Itália, Florença

Mais um dia acordanda com o som horrível do despertador. A rotina matinal se desenrola como de costume: uniforme arrumado na cama e passos arrastados até o banheiro. Enquanto me livro das minhas roupas, meu olhar se fixa na imagem refletida no espelho, especialmente em minha barriga.

As palavras cruéis de Susana ecoam em minha mente, a sinceridade e a crueldade que eu vi em seus olhos, a forma como me olhava com ódio e alguma coisa diferente que eu arrisco ser nojo. Como uma pessoa que se diz ser uma das minhas melhores amigas fala esse tipo de coisa? Qual o motivo de me desmoralizar e me humilhar daquela forma na frente de vários estudantes propensos a fazer bullying com qualquer um? Enquanto esses pensamentos massacram minha mente, as lágrimas começam a descer e eu me pergunto o que eu fiz pra merecer tudo isso. Por que na verdade o que eu mais faço, é me preocupar com as pessoas e mesmo assim elas têm essa capacidade de serem egoístas comigo.

Deixo de olhar meu reflexo e ainda com lágrimas nos olhos, vou ao encontro do chuveiro, talvez eu relaxe um pouco. Abro e deixo que a água gelada leve para longe tudo que me aflige e maltrata minha mente.
Meu banho dura uns 5 minutos. Quando saio, pego meu uniforme em cima da cama e começo a vestir; corro novamente pra frente do espelho e vejo que tá marcando muito, minha barriga realmente tá grande e minhas coxas estão enormes.
Susana tem razão, eu preciso me controlar, preciso comer menos.
Enquanto analiso meu corpo, mais uma memória vem à tona, a lembrança da noite passada.

Minha vontade é ficar trancada no meu quarto, mas infelizmente se eu faltar, as matérias se acumularão mais ainda e eu não vou dar conta.
Termino de me vestir, faço uma trança em meu cabelo e desço.

O aroma tentador do café fresco paira no ar enquanto minha madrasta, Madalena, está sentada à mesa comendo.
As filhas dela, Isadora e Layane, estão na sala. Isadora tem os cabelos loiros da mãe e olhos verdes penetrantes, enquanto Layane possui uma aparência distinta, com cabelos castanhos escuros e algumas sardas. As duas são belas, embora tenham pais diferentes.

–Bom dia! - eu digo, porém elas não respondem. Sento-me à mesa olhando tudo aquilo de comida, minha barriga grita mas não vou comer. Depois de alguns minutos Madalena finalmente quebra o silêncio.

−Vai comer ou vai ficar só olhando a comida? −Pergunta minha madrasta, um pouco ríspida.

– Não estou com fome − Minto, enquanto meu estômago se revira.
Fico observando em silêncio elas comerem.

–Cadê meu pai? −Pergunto casualmente. Não me importo muito com o paradeiro dele.

–Foi para o trabalho mais cedo. Talvez ele te busque depois. −Ela diz.

– Ah! - é tudo o que digo. Quase dei um salto de alegria, por me livrar daquela situação constrangedora com  ele.

Isadora lança um olhar debochado na minha direção.

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