Ao despertar, imerso em pensamentos permeados pelo enigma que é Henry, mergulho em um banho gelado, um ritual despertador para a mente e o corpo, após uma noite permeada por devaneios. Reflito sobre suas insistências e as palavras intrigantes de Lívia, cujo desejo de testá-lo me parece, francamente, uma tolice. Contudo, se tal atitude garantir a paz entre nós, estou disposta a considerá-la.
Desço as escadas, já trajado, sendo recebida com um olhar indiferente de meu pai e minha madrasta, e os sorrisos artificiais de suas filhas. Juntando-me à mesa, alimento-me com parcimônia, limitando-me a um modesto pedaço de pão.
- Resolveu voltar a comer pestinha? Só vê se regula um pouco, para não ficar nem tão gorda - ela faz uma pausa e me olha com desdém - E nem tão magra.
Diante de suas palavras mordazes, não posso mais suportar permanecer ali para tolerar tal toxicidade. Por que a crueldade parece ser o modus operandi de todos ao meu redor? Levanto-me da mesa, abandonando para trás o eco das risadas das filhas de minha madrasta e os chamados indignados de meu pai para que eu retorne. No entanto, permaneço surda a suas exortações e me encaminho decididamente em direção às escadas.
Ao chegar ao meu quarto, recolhi minha bolsa, mergulhando em um breve momento de reflexão antes de me forçar a retornar ao andar inferior. Afinal, sei que qualquer atraso adicional resultaria em uma repreensão severa de meu pai. Descendo novamente, avisto-o encostado ao carro, aguardando impacientemente minha chegada.
- Por que saiu da mesa daquele jeito? - ele vem em minha direção segurando os meu ombro com força, me fazendo ir para trás e sentir uma leve dor na clavícula pela força colocada no local - Eu já estou perdendo a paciência com você Lauren, respeite ela, é sua madrasta caralho.
- Primeiro ela não merece o meu respeito. Segundo , quando foi que você teve o mínimo de paciência comigo? - falo, sem um pingo de medo, passo meus braços por dentro dos seus e os movimentos pro lado com força, na intenção de afastar suas mãos de mim.
- Você é uma mal agradecida, por isso nem sua mãe lhe quis, você e esse seu sangue sujo que carrega dela - ouço isso como uma facada no peito, ao ouvir ele falar da minha mãe, não penso nem duas vezes antes de lhe dar um tapa na cara.
Isso foi bem corajoso da minha parte, confesso, todas as nossas conversas quase sempre terminam em brigas, isso é fato, afinal depois da morte dela, nós dois mal tocamos no assunto. O jeito que ele falou dela, totalmente enojado, como se fosse um peso me ter em sua vida, o que eu não me surpreendo muito , mas eu realmente achava que ele tinha amado minha mãe.
Ele coloca a mão em sua bochecha, onde está totalmente marcada pela minha mão, olha pra mim como se eu fosse uma grande presa, um leão em que anseia matar, uma bela refeição para o fim da tarde.
Antes que ele possa falar algo, corro para fora da garagem, sinto as lágrimas se inundarem em meus olhos, e cai uma, duas, três lágrimas e assim por diante. Corto a esquina de casa ouvindo a voz de meu pai gritando para que eu volte, e me xingando alto o suficiente para que toda a vizinhança escutasse.
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Rosas Negras
FanficEm meio às paisagens pitorescas da Itália, a jovem Lauren se vê envolvida em um mundo de segredos e mistérios ao cruzar o caminho do enigmático Hades. Contudo, sua jornada a leva para além das fronteiras italianas, desembarcando em terras russas, on...