05

16 1 0
                                    

Sinto um arrepio percorrer minha espinha. Engoli um seco e respondi com a voz trêmula.

— Eu só precisava de um tempo — forço um sorriso.
Ele hesitou por um momento mas logo abriu um sorriso, encostou suas mãos em meus ombros me direcionando a bancada de bebidas.

— Vem, vou te pagar uma bebida, como nos velhos tempos.

A música pulsante preenchia o ambiente,misturando se com as luzes coloridas de dançavam pelas paredes.
A batida ensurdecedora da música reverberava em minha mente, criando uma sensação opressiva. A multidão agitada parecia sufocante, me fazendo sentir como um peixe fora d' água em meio a tanta euforia.

— A propósito, você parece diferente hoje — disse me olhando dos pés a cabeça. Sua palavras ecoaram trazendo de volta meu nervosismo. Penso rápido em uma resposta convincente.

— É, mudei um pouco o visual — falo, em seguida dando um gole em minha bebida.

Poucos segundos depois uma cara alto,moreno,com a aparência de um segurança chega ao lado do suposto conhecido de Teisa, ele fala algo no seu ouvido, em uma altura que ninguém pudesse compreender o que ele falava.
Seu rosto se fechou, e a alegria que aparentava em seu rosto se tornou ódio, pude perceber seus punhos se fecharem com força.
Ele olhou pra mim e deu um sorriso forçado, se levantando.

— Desculpe, mas surgiu um emprevisto— ele se despediu com um  beijo em minha bochecha e saiu.

Enquanto observava as pessoas dançando e rindo, sinto um crescente desconforto, cada risada alta parecia perfurar meus ouvidos e a pressão do ambiente parecia me esmagar.

Bebo mais um drink, na esperança de que me ajudasse a suportar aquela tortura.
Na mesma hora que viro o copo percebo a silhueta de um homem vindo em minha direção.
Ele era alto,quase tanto quanto o de alguns minutos atrás,seu olhar era profundo e penetrante, como se quisesse tentar dessifrar cada emoção que eu escondia.

Sinto a intensidade do seu olhar, como se eu tivesse sob um holofote, minha espressão se tornou tensa, revelando a ansiedade que eu tentava disfarçar.

Pudi sentir a pressão do seu olhar sobre mim, como se estivesse tentando ler meus pensamentos.

Os segundos parecem se arrastar enquanto enquanto o silêncio pairava no ar, carregando a expectativa e a tensão.

A troca de olhares era quase palpável, me fazendo sentir um extremo desconforto, diante da intensidade que ele me observava.

Luto pra manter minha compostura, mas por dentro minhas emoções estavam em tumulto. A ansiedade me consome, criando um nó em meu estômago e fazendo com que minha mãos fique levemente trêmulas.

Finalmente, o homem quebra o silêncio e os olhares extremamente desagradáveis.

— Teisa, proponho que recomeçamos e deixemos o assunto da última vez ser encerrado de uma vez por todas, está de acordo?
Assunto da última vez?

Claro, mas não vejo razão — digo, na esperança de descobrir alguma informação sobre o suposto assunto.

— Pode ter certeza que será melhor assim —Assenti com a cabeça. Logo seus olhos percorreram meu corpo, seu olhar era perspectivo.

A tensão no ar era sufocante, tento disfarçar minha ansiedade diante do olhar perturbador do misterioso.
Depois de alguns segundos o mistério sai em direção oposta.

Resolvo tomar mais um drink,  cuidando  para não exagerar e conprometer meus planos.

Enquanto observo o público, percebo que o cara misterioso me encara de longe, tento evitar o contato visual, mas depois de alguns segundos, acabo olhando na sua direção, e o encontro ainda me encarando.

Antes que eu conseguisse desviar o olhar, duas garotas se aproximam de mim com entusiasmo.

— Teisa! — ambas falam em uma só voz, fazendo-me tomar um leve susto.
Uma garota ruiva,dos olhos verdes corre me dando um abraço forte.
Logo a morena faz o mesmo.

— Que saudade, achamos que nunca mais a veríamos

— sua louca,nos matou de medo — a morena fala me dando um leve tapa no ombro.
Forço um sorriso.

— Me desculpem garotas — falo ainda com o sorriso estampado no rosto.

— Seu cliente vip está com saudades — elas dão risadinhas.
Cliente vip?

AH — a ruiva da um grito em seguida troca olhares com a morena que logo sorri entendendo o que a outra pensava no momento.

— Vamos fazer uma apresentação hoje — ela dá uma pausa para a outra continuar a frase.

— Daquela coreografia de nos três criamos. Por favor dance com a gente — as duas fazem um biquinho com a boca.

Embora eu soubesse dançar, pois quando eu e Teisa éramos criança, nossa mãe nos colocou no balé, e na adolescência eu e Teisa começamos a participar de aulas de poledance e dance stile.
Não conseguiria dançar em frente de uma multidão de homens e mulheres, e também não fazia ideia de como era a coreografia.

— Foi mal, mas não vai rolar, tô um pouco cansada — falo, tentando soar o máximo convincente.

— Não, não garota, a Teisa que eu conheço nunca iria dispensar essa oportunidade — a ruiva fala cruzando o braços.
Droga.

— Vem, vamos nos divertir! — a morena fala pegando meu braço me puxando.

— Não, não, eu não vou dançar — tento me soltar, em vão. A duas continuaram a me impurrar para uma sala, ignorando minhas tentativas de explicação.

A pressão do momento começa a me deixar nervosa, sinto meu coração acelerar.

Justo quando pensei que não conseguiria mais escapar daquela confusão, o homem misterioso surge em nosso lado.

— Teisa! — ele olha diretamente nos meus olhos e prossegue — me acompanhe, agora — ele fala, me dando uma oportunidade de sair daquela situação constrangedora.
Enseguida  se vira.
As duas garotas trocam olhares e me soltam dando passos e entrando na sala.

Uma sensação opressiva me ataca apressadamente. Sem pensar duas vezes sigo na direção do homem misterioso.
Segundos depois o homem para se virando em minha direção. Em seguida ele abre a porta de uma sala e escancara a porta.
— Entre — diz. Logo faço o que o mesmo pediu.

A sala era grande,as luzes que a iluminavam eram fracas, propositadamente.
Ele anda até um mesa e senta, logo faço o mesmo sentando do outro lado.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, antes dele quebrar novamente o silêncio.

— A partir de hoje está proibida de ter qualquer cliente vip que não seje eu.

Aviso: A teisa não era prostituta ou algo do tipo, só dançava poledance.
E a história de "cliente vip" é só por que alguns dos frequentadores da boate queriam que ela dançasse só pra eles.

ENIGMAS DAS SOMBRAS Onde histórias criam vida. Descubra agora