Bela Maldição | ROMANOGERS

CAP. 1

Na encruzilhada da vida, somos confrontados com escolhas que são como portas para destinos divergentes. É nesse momento de incerteza e reflexão que me encontro agora, ponderando sobre o caminho que escolhi caminhar.  Aceitar a oportunidade de estudar em uma renomada academia, distante do controle e da ambição do meu padrasto, parece ser o passo certo para um futuro libertador. No entanto, a sombra do passado que se acende ao retornar a um lugar que tanto me perturbou me faz questionar a certeza dessa decisão.

Cada quilômetro percorrido na estrada, com o ar gelado penetrando pela janela entreaberta do carro, é como um mergulho profundo em meus próprios pensamentos, um esforço para manter minha mente focada no presente antes que seja arrastada para as chamas ardentes da melancolia do passado. Preciso manter minha atenção fora desses pensamentos antes que eu me afogue neles.

A paisagem ao redor, repleta de árvores majestosas e imponentes, contrasta vividamente com o cenário urbano que deixei para trás há alguns minutos, ajudando-me a emergir dos pensamentos indesejáveis da minha mente e a manter minha atenção no meu novo destino.

A Elysium Academy, erguida nas alturas de Sokovia após os resquícios da Guerra do Poder, tornou-se um farol de grande marco e excelência educacional, conhecida e reverenciada em todo o mundo, embora poucos tivessem chances de ingressar nela.

O convite para ingressar nesta prestigiada instituição, fruto do meu excepcional desempenho na antiga escola em Moscou, é um testemunho do meu potencial e uma oportunidade que não posso ignorar. No entanto, a perspectiva de compartilhar uma casa com dois irmãos desconhecidos e, principalmente, o desafio de me adaptar a uma realidade que traz à tona inseguranças do passado, me instigam.

À medida que me aproximo da parte alta de Sokovia, a atmosfera mais gélida da floresta envolve meus sentidos. O balançar suave das folhas ao sabor do vento em um quase aroma metálico, junto com o murmúrio reconfortante dos rios e cachoeiras, são como uma sinfonia da natureza, acalmando minhas inquietações interiores.

Quanto mais me aproximo, as poucas casas começam a aparecer à minha vista. Observo algumas pessoas mais jovens na rua, algo que eu imagino ser pelo fato de ser mais próximo da Academia.

Um tempo depois o GPS indica a chegada ao destino. Avisto a casa onde passarei um ano, e quem sabe futuramente mais tempo, aqui em Sokovia.

Uma residência de madeira com um charme rústico e acolhedor, com uma varanda ampla e uma fachada pintada em tons neutros. Grandes janelas proporcionam muita luz natural, e o telhado inclinado adiciona um toque de elegância.

Desço do carro com uma mala de mão, contendo alguns itens pessoais, já que a maioria dos meus pertences foi enviada há uma semana. Com passos lentos e firmes, me aproximo da porta e toco a campainha. Pouco tempo depois, a porta se abre, revelando um homem com uma postura confiante e atlética.

Seus cabelos prateados estão levemente desalinhados, mas ainda assim estilosos, e seus olhos azuis brilham com vivacidade. Ele tem uma expressão séria, mas seus lábios se curvam levemente em um sorriso malicioso, revelando seu lado travesso. Seu físico esguio e ágil me lembra o de um corredor.

— Natasha Romanoff? — ele pergunta, me olhando profundamente.

— Sim, sou eu — confirmo, apertando os lábios e assenti com a cabeça.

Ele abre espaço para eu passar e assim o faço. Ao entrar na casa, sou imediatamente envolvida por uma atmosfera calorosa e acolhedora, como um abraço de mãe.  A sala de estar é espaçosa e bem iluminada, com um sofá generoso e aparentemente confortável no centro, convidando-me a relaxar.  Almofadas macias decoram o sofá, proporcionando um toque extra de conforto. Uma mesa de centro de madeira escura complementa o ambiente, enquanto uma lareira acesa, com uma TV mediana na parede acima dela, adiciona uma sensação de calor e intimidade.