A dor de cabeça pulsava, resquício das bebidas da festa. A água gelada do chuveiro era um choque bem-vindo contra minha pele quente, trazendo uma clareza que eu sabia ser passageira. Não queria acreditar nos motivos que minha mente insistia em me lembrar. Talvez fosse o toque de Steve, suas mãos grandes e ásperas que me levantaram do banco do carro sem esforço, ou o seu cheiro amadeirado que me entorpeceu no momento em que atingiu minhas narinas. Seu calor próximo ao meu, a respiração dele tão perto, o batimento firme de seu coração sob a camisa fina que ele usava, tudo isso ainda estava vívido em minha mente.Apoiei a mão na cerâmica branca do box, usando-a como suporte para não desabar. Minhas pernas tremiam, ameaçando ceder a qualquer momento. Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha cinza. Vesti meu sutiã preto junto com a cueca negra, e a enorme camisa branca que ele havia me dado. A cada movimento, a dor de cabeça latejava mais intensamente. Esfreguei a toalha contra o cabelo o mais leve possível, tentando secá-lo o máximo que dava, enquanto uma leve careta surgia em meu rosto devido ao atrito do pano contra meu couro cabeludo causando dor.
Pendurei a toalha no gancho ao lado do box e saí do banheiro, com passos cuidadosos, adentrando o quarto de Steve. O ambiente era uma mistura intrigante de austeridade e aconchego. A mobília escura contrastava com a luz suave da lua que entrava pela janela grande, criando um jogo de sombras com as cortinas cinzas que parecia dançar ao ritmo dos meus pensamentos inquietos.
O ar estava impregnado do cheiro dele, uma fragrância que parecia feita para acalmar e provocar ao mesmo tempo. Cada detalhe do quarto parecia conter um pedaço de sua essência, livros organizados meticulosamente na estante, quadros mostrado florestas, e uma foto junto a um homem de cabelos negros e olhos azuis sobre a cômoda. Tudo ali tinha a marca de Steve, e isso me fazia sentir um misto de curiosidade e receio.
Meus pensamentos corriam livres, ecoando com a intensidade de um vendaval. Quem era Steve, realmente? Além de meu professor. Por que ele sempre me intimida só pelo olhar? E por que meu corpo reagia a ele de uma forma tão inexplicável? Eu deveria estar agradecida por ele ter me tirado daquela situação, mas tudo parecia confuso e cheio de nuances que minha mente, ainda embotada pela ressaca, não conseguia decifrar.
Sentei na beirada da cama, sentindo o tecido macio contra minha pele ainda quente do banho. Minha respiração estava pesada, não apenas pelo efeito das bebidas, mas pelo turbilhão de emoções que Steve parecia despertar em mim. Era um mistério, uma presença forte e imponente, mas também havia algo de protetor e gentil em seus gestos, em seu olhar. Algo que me fazia querer entender mais, me aproximar mais.
Olhei ao redor, absorvendo cada detalhe do quarto, tentando encontrar pistas que me ajudassem a decifrar aquele enigma que era Steve. Mas o que mais me intrigava não estava nos objetos ou na decoração. Estava nas minhas próprias reações, na forma como meu coração acelerava só de pensar nele, no calor que subia pelo meu corpo ao lembrar de seu toque.
Querendo saber onde ele estaria agora, saí do quarto e encontrei um pequeno corredor com pouca iluminação pelas lâmpada amarelas, que mostrava o início da escada. Desci os degraus devagar, ouvindo o som suave dos meus passos no piso de madeira negra. A casa parecia estar envolta em um silêncio quase reverente, quebrado apenas pelo ranger ocasional das tábuas sob meus pés descalços e um mero barulho que não consegui identificar.
Passei pela sala espaçosa, decorada com móveis robustos e confortáveis. Uma lareira de pedra dominava um dos cantos, acrescentando um toque rústico ao ambiente. Meus olhos percorreram os detalhes, desde os quadros nas paredes até o tapete macio que cobria parte do chão, tudo contribuindo para a atmosfera acolhedora e misteriosa do lugar.
Aproximando-me da entrada da cozinha, avistei Steve. Ele levantou o olhar ao notar minha presença, ainda lavando algo na pia. Percebi que ele havia mudado de roupa, agora usava uma camisa branca simples e uma calça de moletom preta. Com um gesto silencioso, ele indicou para eu sentar na cadeira do balcão. Mexi nas mãos, tentando aliviar a ansiedade que surgiu rapidamente com a proximidade, mesmo que houvesse um balcão entre nós.
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Bela Maldição | ROMANOGERS
FanfictionROMANOGERS Numa busca por um novo começo mergulhando nas chama do passado, Natasha Romanoff anseia por uma vida simples e sem complicações, uma vida comum. No entanto, tudo muda quando ela se depara com os olhos azuis intensos e misteriosos de Stev...