Leaving My Love Behind | RYEJI

19 | Love Someone

Esse capítulo tem quase dezesseis mil palavras e eu escrevi ele todinho em uma tarde pq a yejilih me deixou feliz, então aproveitem pq não sei quando sai o próximo pois estou em semana de provas! boa leitura!

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As circunstâncias estavam me partindo ao meio.

Não que eu já não tivesse passado a maior parte dos meus vinte e dois anos me sentindo prestes a quebrar. Aliás, o sentimento era familiar. Morou em meu peito por muito tempo, e eu não estava surpresa por ele. Longe disso.

Eu estava com medo.

Tudo bem que as coisas tinham começado a dar certo. Tudo bem que Yeji foi uma luz na minha vida e aquilo era completamente inegável, um fato absoluto. Mas aquela fossa negra, pegajosa e desgraçada sempre esteve à espreita, esperando meu primeiro deslize pra me sugar pra dentro de si e me afundar dentro da minha própria cabeça caótica outra vez.

Não pensava naquilo na maior parte do tempo. Aliás, tais pensamentos haviam se tornado bem raros. A fossa arranhava em mim às vezes, normalmente quando eu, por reflexo, acabava quase fazendo algo que meu antigo eu faria. Era um esboço de um medo profundo, um certo pânico.

Eu tinha vergonha de quem eu fui, das coisas que eu fiz e de todas as vezes em que eu me autoafundei tentando me afogar em mim mesma, tentando parar de me sentir tão vazia e tão perdida. Tão quebrada.

Eu me sentia emocionalmente mais forte nos dias atuais, embora houvessem altos e baixos, obstáculos e buracos. Não era de um dia para o outro que as coisas se resolveriam completamente. Minha terapeuta estava trabalhando aquilo comigo.

Mas era desesperador sentir como se eu estivesse fadada à errar sempre. Fadada à nunca conseguir fazer o certo, fadada à fazer bobagens e decepcionar as pessoas que eu amava. Parecia um ciclo interminável. Um ciclo terrível e sufocante de muitos erros e poucos acertos. Quase mínimos.

Eu me via desesperada pra concertar tudo, pra fazer tudo ficar bem; mas ao mesmo tempo me encontrava travada, presa num meio-termo que não ia pra frente e nem pra trás, fadada à permanecer no mesmo lugar.

Pretendia fazer o certo ajudando Malia, mas ferrei tudo com Yeji. Será que pra fazer algumas coisas direito era necessário estragar outras? Ou será que eu era problema? Eu era incapaz de fazer do jeito certo?

Toda aquela situação estava me quebrando, me matando. Ver a decepção no olhar de Yeji, a mágoa... Aquilo me matava por dentro, me rasgava. Fazia
com que eu me sentisse perdida, como se fosse incapaz de fazer o certo pra compensar todas as bobagens que fiz no passado. Yeji não merecia nada daquilo. Ela não merecia que meus problemas a afetassem, e não somente porque ela já tinha os dela pra lidar. Ela não merecia porque era injusto. Era injusto arrastá-la para o meio de uma tempestade poderosa, arrasadora e cheia de ventos destruídores quando ela estava de olhos completamente fechados para os afiados golpes de ar. Eu nem sequer podia colocar um escudo pra protegê-la, ou ferraria tudo ainda mais.

Tudo o que eu queria era recuperar o tempo que perdi com ela, mas aparentemente ele só ficava mais instável e desgastado, mais distante. E o pior de tudo era que ela permanecia. Aquilo a machucava e ela tinha total razão de se sentir machucada, mas ela continuava perto de mim. Ao meu lado.

Às vezes ser amada por ela era doloroso. Doloroso de uma forma que eu nunca pude antecipar. O nosso amor tinha tantas cicatrizes, tantas feridas cravadas na superfície sólida, que eu realmente não fazia ideia de como ele continuava existindo. Mas lá estava. E era forte e cheio de luz, mesmo com tanta escuridão ao redor, mesmo com tantos desafios.