17 | Can't Take My Eyes Off You

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YEJI

Algo que eu aprendi na minha primeira sessão de terapia foi o seguinte: ser forte sozinha e o tempo todo era impossível, portanto o primeiro passo pra resolver minhas dores internas seria aceitando que eu não era de ferro. E nem que eu precisava ser.

Um dia após minha recaida no apartamento, o que restava da Yeji forte juntou seus caquinhos o melhor que pôde e seguiu a sugestão de Ryujin: visitou uma terapeuta. Meu desconforto foi extremamente enorme no início, pois mesmo fodida como eu estava, meu emocional se recusava a aceitar ajuda externa. Ele continuava acreditando que poderia se reconstruir sozinho, portanto tudo o que a Dra. Collins dizia simplesmente entrava por um ouvido e saía pelo outro.

Mas aquela mulher tinha olhos de raio x, pois ela viu através de mim e compreendeu qual era o meu problema. Ou pelo menos um deles. Segundo ela, eu tinha um vício tóxico em não fraquejar. E mesmo quando eu tentei rebater aquela acusação infame, ela deixou bem claro que fraquejar era humano, chorar era necessário, e sentir era extremamente importante. Não se podia simplesmente passar por cima daquelas três coisinhas básicas, ou haveriam consequências depois. Consequências bem grandes.

Ela explicou que eu estava lidando com elas naquele momento, e que ela me ajudaria a superar cada uma, mas que pra isso eu precisava entrar em um consenso comigo mesma pra finalmente ser capaz de compreender que aceitar ajuda não era uma fraqueza. Precisei de duas sessões corridas — quase desistindo na primeira pra finalmente concordar em dividir meus problemas com a Dra. Collins. Ela me prometeu que tudo daria certo no fim; e eu tenho certeza que foi ali, com aquelas palavras, que ela me ganhou e me fez ceder. Eu estava profundamente cansada, e tudo o que eu mais queria era um final feliz. A mera promessa de um, mesmo pequena, já era o bastante pra me seduzir.

Ryujin e Mia também estavam indo pra terapia, cada uma cuidando de seus próprios dilemas internos. Ryujin não tocava no assunto da festa de sua avó e eu também evitava. Não me sentia emocionalmente estável pra entrar naquilo naquele momento. Pelo menos não ainda. Então seguíamos dando uma trégua no nosso relacionamento, tentando encontrar um equilíbrio emocional individual primeiro, antes de sentar, conversar, e buscar por um equilíbrio plural, um que abrangeria nós duas.

O dia chegaria. Até que não chegasse, porém, continuaríamos nos reconstruindo e nos curando, lidando do jeito mais saudável possível com nossos próprios psicológicos.

Eu, naquele momento, estava perto de dar um passo extremamente importante rumo à minha cura. A Dra. Collins sugeriu que eu visitasse o túmulo de Sunghoon na nossa terceira sessão, alegando que seria uma boa ideia, um bom primeiro avanço. Segundo ela, eu vinha reprimindo principalmente a saudade que a falta dele me fazia, e que tentar achar um balanço e aceitar que ele se foi de forma humana, física e direta, seria um passo importante rumo ao reencontro do meu próprio equilíbrio emocional com ele mesmo.

Eu passei três dias corridos depois daquilo ponderando seriamente se eu seria ou não capaz. Estive diante do túmulo dele uma vez, somente quando Sunghoon foi enterrado. Depois daquilo, nunca mais pisei os pés no cemitério porque eu sabia que doeria. Doía ver fotos nossas, e doeria ainda mais ter aquela certeza cada vez mais real de que ele se foi pra sempre.

Durante três dias, eu procrastinei. Mas aí, no final do terceiro, eu decidi que a melhor forma de resolver meus problemas seria enfrentando eles. A Dra. Collins dizia em nossas sessões que só dava pra resolver situações incômodas com determinação, com desejo, então eu desejei. Eu desejei intensamente acabar com aquela dor, mas sem passar diretamente por ela como eu sempre fazia. E visitar o túmulo de Sunghoon seria o total oposto de passar por cima. Seria encarar de frente.

Leaving My Love Behind | RYEJIOnde histórias criam vida. Descubra agora